Chega ao fim nossa cobertura do FIC19 – Festival de Interatividade e Comunicação -, evento que ocorreu no fim do mês de outubro. As palestras foram divididas em três tracks, sendo elas: conteúdo e engajamento; experiência e consumo; tecnologia e convergência. O festival reuniu diversos profissionais em torno de um tema central: a “Nova Ordem Digital”.
Os repórteres do Mescla estiveram presentes nos dois dias de evento e separaram mais alguns cases, que fecham este especial. Ficou interessado no assunto e não conseguiu ir no FIC? Confere as reportagens que preparamos: a primeira e a segunda podem ser encontradas aqui.
Painel: Para onde vai a comunicação no mundo pós-digital?
O impacto da era pós-digital na comunicação
Por Lisandra Steffen
Qual o futuro da comunicação na era pós-digital? Essa foi a pergunta que a FIC19 tentou responder. Com um painel composto de profissionais de diversos sindicatos e associações, o debate focou, principalmente, no mercado publicitário. A Era Pós-Digital é a realidade na qual a tecnologia está presente em todos os aspectos da sociedade e os convidados debateram sobre isso com base nas experiências que tiveram ao longo dos anos.
Os convidados para fazer parte do painel foram: Fernando Silveira, presidente da Sinapro-RS; Liana Bazanela, presidente da Associação Riograndense de Propaganda e co-fundadora da Do it; Alexandre Skowronsky, Presidente da Associação Brasileira de Agências de Publicidade; e Moyses Costa, Presidente da ABRADI-RS.
Diversos tópicos surgiram durante a conversa, mas o principal foi a conexão e a interação entre conteúdo, propagandas e público. Para Liana, o público quer interagir com uma propaganda que não pareça uma propaganda de fato. A publicitária acredita que a publicidade deve ser feita de forma que não atrapalhe o consumidor. Logo, a pergunta a ser respondida, na opinião da profissional, é: “como entrar em um diálogo de forma natural e sem ditar regras?”. Os palestrantes concordaram que existe uma necessidade de evoluir as estratégias de marketing para além da simples aquisição de um produto. Não se pode esquecer que comunicação é emoção.
Mais uma vez a convergência de plataformas se fez presente. Segundo os palestrantes, é essencial lembrar, ao fazer uma campanha, o contexto e o momento em que os públicos estão inseridos, uma vez que estão todos no mundo digital. Mesmo assim, o online e o offline ainda andam juntos e a importância de uma marca é feita através da experiência do usuário.
Patrícia Sant’anna
Como analisar o perfil das novas gerações para entender o presente e o futuro do consumo
Por Bruna Lago
A fundadora da Tendere — Pesquisa de Tendências e Soluções em Negócios Criativos, Patrícia Sant’anna, trouxe para debate o impacto das gerações que já estão transformando a forma como nos relacionamos com as marcas e o mundo online. O mercado, diz ela, precisou acompanhar a exigência de experiências que a geração Z demanda, e agora, a geração Alpha (nascidos a partir de 2010). Para este último grupo, salvar o mundo é mais importante do que alcançar status social, então compreender este novo consumidor é tarefa tão sensível quanto lógica. O conflito de gerações pode ser ideológico, mas também é de como cada uma delas se relaciona com a tecnologia.
Patrícia Sant’anna lidera na Tendere o time de pesquisadores que trabalham na construção de soluções criativas e personalizadas. Um dos diferenciais da empresa é envolver a antropologia para compreender tendências de segmentação. Além da sua experiência como geradora de inovação para marcas como Itaú, Renner e Samsung, Patrícia é coordenadora na pós-graduação em Pesquisa de Tendências e Comportamento do Consumidor na Faculdade Santa Marcelina, em São Paulo, onde também leciona.
“Atualmente temos cinco gerações ativas, e há conflitos. Isso é inevitável, mas também não é ruim. Só depende da maneira como você leva dentro do ambiente de trabalho. A Z é a geração que vai para a briga. Não é uma geração de consumo, eles consomem o mínimo e preferem gastar com experiência, buscam o custo benefício e formas de ajudar o mundo de alguma forma. E isso é mais forte ainda na Alpha. A Alpha é uma geração onde 67% das crianças quer descobrir uma maneira de salvar o mundo.”, explica Patrícia. Nativos da tecnologia e de olho no futuro do planeta, as crianças que hoje ensaiam sua participação no mercado e já exigem dele sensibilidade.
Renata Borges
Não basta pensar no cliente de hoje, é preciso planejar quem mais pode vir a se tornar um. E o novo cliente deve se apropriar dos valores da marca
Por Bruna Lago
A inovação nem sempre vem de onde esperamos. Layout inclusivo, embalagem mais prática e interface interativa são exigências do mercado. O melhor produto também precisa gerar a melhor experiência de uso, e é pensando nesses elementos que negócios como Airbnb, empresa que só tem 11 anos no mercado, apostam hoje. Os valores emocionais conquistam tanto quanto um preço acessível.
Esse foi o destaque da fala da gerente de marca e design da Samsung, Renata Borges. Ela tem mais de vinte anos de experiência com criação e gerenciamento de experiência e informação do usuário, mesclando comunicação comercial, design de interface e sistemas interativos para produzir a melhor relação entre marca e consumidor.
“É preciso trabalhar com soluções de alto valor e baixo risco para chegar a um engajamento efetivo. O design hoje precisa pensar no futuro. O que as pessoas vão fazer com o meu produto amanhã? Porque o ideal é que elas queiram usar ele para sempre”, instiga Renata. Ainda usando o Airbnb como exemplo, ela lembra que a ideia da empresa surgiu a partir de uma troca de e-mails de conhecidos que gostariam de se hospedar por temporada em ambientes mais confortáveis do que hotéis. Desde então, a interface mudou, a maneira de se relacionar mudou, mas o propósito do serviço se manteve, como um valor intrínseco do negócio.
POA Inquieta
Em busca de uma nova Porto Alegre através de trabalhos voluntários e da fomentação da economia criativa
Por Pedro Hameister
Diversos integrantes do coletivo POA Inquieta estiveram presentes na FIC19 para mostrar que a diferença pode ser feita quando todos se unem com um objetivo em comum. Cada palestrante representava um projeto organizado no grupo. Porém, apesar de seus trabalhos serem diferentes uns dos outros, todos eles possuem um objetivo em comum: transformação.
POA Inquieta é formado por um coletivo de pessoas que acredita na produção de mudanças na capital através do incentivo à economia criativa. O grupo promove encontros para trocar ideias, realiza projetos, organiza eventos culturais e explora todas as possibilidades de trazer inquietação para a capital gaúcha. Todas as atividades são abertas ao público e organizadas voluntariamente.
O grupo atua nas mais variadas áreas, como educação, sustentabilidade, turismo, mobilidade, entre outros. Dentro de cada um desses segmentos, diversos projetos e iniciativas são criados para promover uma nova visão sobre Porto Alegre e trazer mudanças para a cidade. Sempre priorizando os espaços culturais da capital e tudo o que ela tem a oferecer para fomentar sua economia criativa. “A ideia é realmente atrair pessoas pela nossa variedade de projetos. Basta escolher aquele com que você mais se identifica e se juntar aos trabalhos”, explicou Márcia Martins, uma das representantes do POA Inquieta presentes no FIC19.
Projetos que trabalham com jovens em situação de vulnerabilidade, orientações pedagógicas para pais e crianças, inclusão e economia local foram trazidos para o festival. Apesar de o trabalho feito pelo coletivo ser apenas em Porto Alegre, nem todos na plateia moravam na capital gaúcha. Ao saberem que ao menos dois deles eram do Vale dos Sinos eles provocaram: “Vocês podem se juntar e criar o Novo Hamburgo Inquieta”. Fica a dica.
Thiago Esser
O crescimento do designer de experiência de usuário através de sua atuação no mercado
Por Pedro Hameister
O designer digital Thiago Esser trouxe para o FIC19, na track de Experiência e Consumo, a forma como se encontra atualmente o mercado de trabalho para designers de experiência de usuário no Brasil, e como ele ainda pode evoluir. Fornecer espaço para o profissional trabalhar e criar, e incentivá-lo a colocar mais ideias em prática, foram algumas sugestões que o palestrante apontou. “E se, além do espaço acadêmico, as empresas também fossem responsáveis pela formação dos profissionais?”, questionou Esser .
Esser é formado em Artes Visuais pela UFRGS e em Publicidade e Propaganda pela PUC-RS. Já trabalhou na área de design para o Grupo RBS, para a empresa de tecnologia de informação e serviços Intelly e para a plataforma uMov.me. Atualmente, é professor da Uniritter e organizador da UX Conference, fundada em 2015, que reúne profissionais de design de experiência de usuário para uma série de palestras e troca de informações.
O design de experiência de usuário, chamado também de UX Design, é um ramo da profissão que atua na relação do consumidor com o produto. O objetivo desse profissional é garantir que o cliente fique satisfeito em todas as etapas que há no consumo de um determinado serviço. Desde o preenchimento facilitado de um formulário, até na configuração simplificada de um produto e no recebimento dele em uma embalagem fácil de abrir.
Em sua palestra, Esser afirmou que o UX Design no Brasil ainda precisa amadurecer para se consolidar de vez. Um desafio, por exemplo, é trazer visibilidade para profissionais mulheres, visto que esse ramo é predominantemente masculino. “A diversidade no UX Design ainda está começando a surgir. Mesmo quando o trabalho é feito em cima de um produto destinado para mulheres, frequentemente a parte da experiência de usuário é realizada por homens”, afirmou o palestrante.
Luísa Fedrizzi
Para serem lembradas, as marcas precisam ter coragem
Por Rodrigo B. Westphalen
“77% das marcas poderia desaparecer e ninguém se importaria”, afirmou a palestrante ao apresentar os dez passos para marcas corajosas. Entre as dicas e provocações sobre posicionamento de marca e publicidade, a falta de coragem das empresas e das agências de agirem com propósito foi um dos principais problemas destacados por Fedrizzi.
Luísa Fedrizzi é formada em Comunicação Social e atua como Head da Contagious no Brasil, fornecendo serviços de inteligência e consultoria para excelência criativa e estratégica junto a clientes como Nubank, Rede Globo, Coca-Cola, Google, Publicis e F/Nazca. O conselho para impactar as pessoas enquanto agência é ser “útil, relevante e divertido”, e não fazer marketing apenas para vender, “mas para servir às pessoas”, disse.
“A melhor propaganda nem sempre é propaganda”, provocou. Para ter resultados relevantes, é necessário gerar um impacto real na vida das pessoas, com ações que vão além da mídia. Luísa recomendou que as marcas se inspirem em cases de sucesso que transformaram clientes em fãs. Com a constante participação das pessoas nas redes produzindo conteúdo e compartilhando informações, a palestrante recomenda que as marcas devem “armar” a audiência, de forma com que os clientes tenham recursos para influenciar outras pessoas. Criar campanhas que engajem, não só comuniquem de forma unilateral com o público, disse.
Fedrizzi afirmou que as agências devem sempre lembrar de priorizar a experiência sobre a inovação. É o uso que a marca faz das novas tecnologias que a torna memorável. “A tecnologia tem que servir à criatividade, e não o contrário. Uma tecnologia nova não justifica uma ideia ruim”, alertou. Em busca de uma agilidade, ela convidou marcas a participarem do “clube dos 5%”, que possuem uma fração do orçamento exclusiva para experimentar e errar rápido (ou acertar, claro). Luísa concluiu em síntese: “sejam mais corajosos”.
Pedro Damasio
De revista à loja, bar e espaço cultural
Por Josi Skieresinski
Void começou em Porto Alegre como uma revista impressa, há 15 anos, época em que o digital era novidade. E nasceu se posicionando de forma crítica à cultura vigente, se mantendo assim até hoje. A prioridade era temas tabus, assuntos que não eram tão abordados, mas comuns à sociedade. Um dos exemplos comentados por Pedro era contar histórias de pessoas que não se encaixavam em determinações de gênero. “A idéia era muito sobre protagonizar os “lokis” (pessoas alternativas), tudo que a gente faz é identificar essas pessoas e essas cenas culturais. Trazendo elementos inovadores, transgredindo de alguma forma, se aproximando deles, produzindo junto com eles, além de retratar essa galera”, comenta Pedro sobre o objetivo da revista.
Pedro Damasio foi sócio da Parafuso e da Lava, editor, repórter, fotógrafo e planejador criativo na Revista Void. Foi também redator na Paim, Competence e Global. Colaborador na Vista Skateboard Art, consultor criativo na Indiada e Yerbah Mate Decks. Participou de projetos de comunicação e produção de conteúdo para grandes marcas como a Converse, Melissa, Santander Cultural, entre outros. Atualmente é gestor de conteúdo e comunicação na Void, integrante do Nodal, produtor/curador do Mimpi Film Festival e faz parte da Lipstick Skateboards.
Hoje em dia, a revista fica em segundo plano e é custeada pelos outros projetos desenvolvidos que recebem o mesmo nome. A Void foi se transformando em um lifestyle (estilo de vida) e foi ganhando espaços físicos também pensando em seus leitores. Atualmente, esses espaços viram lojas de conveniências, mas não como as dos postos de gasolina, a ideia é ir além.
Algumas são lojas, bares, espaços culturais e o ponto de encontro da galera. Além de colocar à venda artigos de utilidade, esses locais vendem desde cerveja a camisetas, artigos de surf e skate. Damasio acredita que essa identificação seja justificada pela opção do público de procurar coisas novas que fujam do padrão que já está estabelecido. “A gente acaba se divulgando muito mais pelas ações, do que pelos discursos”, conta.
A Void hoje está muito ligada ao cenário cultural e à produção desses novos artistas. A maioria das coleções de roupa das lojas é feita por estilistas independentes, e o único ponto de distribuição acaba sendo as lojas da marca espalhadas pelo país.
Tobias Chanan
Empresa de Porto Alegre repensa a alimentação do futuro com auxílio de fazendeiros urbanos
Por Rodrigo B. Westphalen
Os dados sobre pressão alta, diabetes e obesidade no Brasil são alarmantes. Devido a isso, Tobias Chanan decidiu agir para mudar o futuro da alimentação. Chanan é o empreendedor por trás da Urban Farmcy, empresa que atua no desenvolvimento de uma rede de consumo consciente e sustentável, da produção até o restaurante. O empresário levantou críticas ao atual modelo de alimentação, que apresenta uma ingestão de grandes quantidades de calorias vazias — ou seja, comida sem valor nutritivo.
Muito sal, açúcar e gordura geram um “blisspoint”, prazer no cérebro, e a busca por essa sensação leva ao vício na chamada “junk food”, explicou. “28 milhões de mortes no mundo inteiro podem ser associadas a má alimentação”, disse. Desde a produção agrícola, baseada na monocultura, passando pelo trabalho precário, chegando nos restaurantes Fast Food, Tobias argumenta que a solução deve vir, também, da oferta. Assim, a Urban Farmcy estruturou um restaurante que oferece receitas formuladas tendo em vista desde a origem dos ingredientes até a reciclagem de resíduos.
Tobias defendeu que a alimentação do futuro contará com fazendeiros urbanos, por questões de estrutura da sociedade. Para isso, a Urban Farmcy instala equipamentos verticais automatizadas para criação de “microgreens” pelos colaboradores. Microgreens são plantas de 7 a 14 dias após a germinação e estudos apontam que nesse estágio algumas plantas possuem de 4 a 40 vezes mais nutrientes e mais sabor que a versão adulta. Outra ação da Urban Farmcy é estabelecer metas de impacto anual. A partir dos objetivos, são registrados a quantidade de comida produzida, a quantidade de resíduo gerado e reciclado e a quantidade de colaboradores envolvidos. Para ajudar a desenvolver o conhecimento sobre o assunto, a empresa possui um braço educacional, além de pesquisadores buscando constante melhoria nos sistemas aplicados para a produção e conservação dos alimentos. Tobias contou que quer incentivar uma mudança de cultura dentro das empresas e com profissionais do meio. “Antes de ser um empresário da alimentação, se é um empreendedor da saúde”, disse.
Diego Fabris
O que gente vai comer e beber amanhã? O aplicativo que te dá essa resposta em 30 segundos
Por Guilherme Machado
“Eu sei o que você comeu no jantar passado” é uma frase para provocar, e lembra um clássico do terror “Eu sei o que vocês fizeram no verão passado” de Jim Gillespie. Foi esse o trocadilho que Diego Fabris escolheu para nomear sua palestra e apresentar o aplicativo de comida Share Eat, a rede social de gastronomia em que você encontra dicas personalizadas, com consultoria de quem entende do assunto, como uma curadoria.
Para quem não o conhece, Diego é publicitário e cofundador do Destemperados, uma multiplataforma de conteúdo gastronômico, mas saiu do projeto no ano passado. Agora com a Share Eat ele pretende alcançar ao menos 30 cidade brasileiras, além de outras no exterior até o final de 2019 .
Diego afirma: “O que a gente quer fazer é democratizar a curadoria”. Para isso, através do aplicativo eles buscam diminuir a oferta, assim, o cliente tem 10 vezes mais chance de comprar. Nessa nova era digital, temos pouco tempo, então: “Eu não quero ir no restaurante e ficar lendo (menu), eu quero comer”, conta o empreendedor.
Vinícius Dambros
Foi comendo pelas beiradas que o Delivery Much se tornou um dos serviços de entrega de comida mais utilizados por cidades do interior do Brasil
Por Guilherme Machado
Na “Nova Ordem Digital” tudo ficou mais rápido e prático, com inúmeras inovações como aplicativos de celular que otimizam o tempo das pessoas. Um exemplo é o Delivery Much, sistema marketplace de pedidos de refeições online. O app nasceu na cidade gaúcha de Santa Maria e bombou em outras partes do interior do Brasil, lugares onde iFood e o Uber Eats não chegam.
Uma das figuras por trás do projeto é o Vinícius Dambros, gerente de marketing da empresa. Vinícius fundou a Pandorga e o Hookit – negócios envolvendo moda e design – e se declara um empreendedor guiado por inovação. O designer acredita que a missão do Delivery Much é democratizar o delivery no interior do Brasil.
“A gente está modificando uma realidade de muitas cidades que não tem apps para pedir comida. Então, estamos levando a nova ordem digital para essas cidades pela primeira vez. Em outras cidades, o objetivo é ampliar, porque já existem aplicativos de comida”, conta o empresário.
O Delivery Much nasceu em 2011 e já alcançou a marca de 500 mil pedidos ao mês. São mais de 200 cidades contempladas com este serviço e a ideia é expandir o sistema de entregas para além da comida. Quando tudo começou, lá em Santa Maria, Vinícius pensou: “Se funciona aqui, de repente funciona em Santo Ângelo”, e aos poucos, comendo pelas beiradas, eles conquistaram um novo público de delivery.