Desde criança, Fabrício Barili era apaixonado por informática. Antes de chegar à faculdade, já trabalhava como programador. Na Unisinos, cursou Ciência da Computação por um semestre e meio. Também passou por Análise e Desenvolvimento de Sistemas e até Administração. Foi quando sua irmã apresentou a ele o curso de Comunicação Digital. Na ComDig, Fabrício achou o encontro perfeito entre os seus gostos. “Eu não queria programar por programar, eu queria programar para comunicar”, revela.
Como um bom “ComDiger”, o egresso gosta de explicar as áreas da comunicação que uma pessoa que se forma no curso pode atuar. “Vai de programador até editor de vídeo, mas sempre com um olhar voltado para a comunicação e o entendimento do usuário”, detalha Fabrício. Segundo ele, o profissional deve conseguir enxergar como as plataformas digitais atuam na sociedade, e como a sociedade atua nas plataformas. “Olhamos criticamente os movimentos que acontecem na comunicação por meios digitais”, pontua.
Liberdade para criar
Fabrício é um “ex-agexconiano”, como se costuma chamar quem já trabalhou na Agexcom da Unisinos. Ele conta que a Agex teve um papel fundamental na sua carreira, pois quando começou a estagiar, estava fora do mercado há um tempo. Fabrício lembra que a agência foi um local acolhedor, que lhe dava liberdade experimental para criar. “Foi o ambiente que me fez ter o tempo necessário para poder desenvolver atividades que me levaram além”, comenta.
Explorar além das plataformas
Atualmente, Fabrício enxerga o mercado de comunicação digital como abstrato, em que as pessoas são classificadas com códigos em função dos seus gostos, tornando mais fácil fazer anúncios, vídeos e postagens. “Ao mesmo tempo que fica mais democrático, a gente se torna mais refém dessas plataformas”, avalia. Para Fabrício, o desafio agora é subverter essa abstração e facilidade para explorar além do que as plataformas proporcionam.
Dentro de sua área, Fabrício destaca profissionais que admira. Entre eles, estão Tim Berners-Lee, criador do protocolo http, e os primos Jaydson Gomes e Felipe Nascimento de Moura, criadores do BrazilJS, que defendem uma internet livre, em que todos possam ter acesso, uma ideia de comunicação sem fronteiras. Ele também cita o seu orientador de mestrado, Rafael Grohmann, e gosta de como o jornalista Guilherme Felitti, que produz o podcast Tecnocracia, aborda os novos assuntos tecnológicos.
Pensando no usuário
O primeiro passo de Fabrício depois da graduação foi começar o mestrado em Comunicação. Enquanto isso, ele já estava em atuação na empresa de tecnologia Pmweb, localizada perto da Unisinos de Porto Alegre. Começou no local como analista de campanhas digitais e se tornou coordenador ao longo dos 4 anos em que ele esteve por lá. Como profissional de ComDig e com as habilidades de programação que possuía, conseguia auxiliar outras equipes a montarem projetos e estratégias de marketing, além de aplicá-las.
Fabrício lembra de uma situação que viveu, e como o “olhar crítico” pensando no usuário foi útil. Um dos clientes da Pmweb estava enfrentando problemas com pagamentos em seu aplicativo. Para avisar os usuários, eles estavam enviando notificações, que rapidamente sumiam e não ficavam salvas. A solução que Fabrício encontrou foi substituir a ferramenta pelo uso do SMS. Segundo ele, embora essa tecnologia seja um modo de comunicação digital mais antigo, nesse caso específico era o mais eficiente a ser feito. “O profissional de ComDig tem a habilidade de entender de todas as tecnologias, novas ou mais antigas”, complementou.
Atualmente trabalhando na SAP, uma das líderes mundiais na criação de softwares de gestão de empresas, Fabrício é responsável pelo suporte de um produto de pagamento de comissões da empresa. Apesar de estar exercendo uma função diferente de sua empresa anterior, ele consegue atuar como comunicador digital dentro dessa nova empreitada. “A função permite o olhar a partir do ponto de vista do usuário e do ponto de vista da comunicação dentro da SAP, que é uma empresa muito tecnológica”, explica.
Fabrício também possui publicações nacionais e internacionais na área da comunicação, sempre pautado pelos assuntos que viu no curso de Comunicação Digital, como também pelas pesquisas que fez em seu mestrado.
Sonho de ser professor
Assim como a tecnologia está em constante mudança, a comunicação digital também está. Porém, Fabrício não acredita que no futuro necessariamente teremos mais tecnologia. O grande desafio da área, na opinião do profissional, vai ser diferenciar o “orgânico” do “inorgânico”. “Irão existir coisas produzidas pelos humanos e coisas fabricadas a partir dessas primeiras coisas”, projeta.
Apesar de ter passado pelas áreas do marketing e da programação, Fabrício compartilha um sonho que pretende realizar: trabalhar dentro da área acadêmica como professor. Para isso, ele planeja, dentro de 4 a 6 anos, concluir o doutorado, para, assim, ter espaço nas salas de aula de uma universidade.