Em setembro, a revista digital Capricho, publicação voltada para meninas adolescentes, anunciou que irá atuar em consultorias de comunicação. O conhecimento obtido com as décadas de trabalho com público especializado agora servirá para que esse serviço seja oferecido a outras empresas. O projeto é destinado para quem deseja se comunicar com o público que a revista conhece bem. As consultorias visam a criação de planos de comunicação para que a relação com o público seja mais certeira.
A iniciativa surgiu com a observação de que somente banners no site da revista não satisfaziam mais os anunciantes da Capricho e, além disso, os anúncios não são tão rentáveis quanto as consultorias. Um exemplo é que, em 2015, 60 milhões de pessoas usavam bloqueadores de anúncios online, somente nos Estados Unidos, fazendo com que a propaganda não chegasse aos usuários. O dado é de uma pesquisa da PageFair em parceria com a Adobe.
Essa mudança em uma publicação tão conhecida, com 60 anos de história, é um reflexo das transformações dentro do jornalismo. Diversos profissionais e redações estão prestando serviços para empresas de todos os segmentos (incluindo indústrias, alimentação, roupas e afins), em busca de ter mais rentabilidade, encontrar um nicho de mercado e conversar com o seu público.
De assessor a sócio-diretor
O jornalista Fábio Alberici de Mello é um exemplo desse tipo de mudança. Graduado pela PUC-SP, hoje é sócio-diretor da empresa de consultorias Comunicare, da capital paulista. Mello já atuou com assessoria de imprensa e produção de conteúdo, construindo uma carreira na comunicação desde 1998.
“Quando você está como consultor, você não faz o operacional nem o criativo, você tem como missão conceituar e mostrar como construir um caminho de comunicação”, informa. Segundo Fábio, consertar um planejamento anterior também faz parte do processo de consultoria.
Para quem é da Comunicação e deseja atuar nessa área, o conselho do diretor da Comunicare é desenvolver a empatia. “Você precisa saber se colocar no lugar dos outros, senão sugerirá algo que funciona para você, mas não para o seu cliente”, explica.
Outro conselho é saber elaborar questões pertinentes e abertas, para descobrir os problemas das empresas. Fábio complementa que as conversas pessoais são bem mais eficazes que entrevistas por e-mail ou até mesmo Skype. “Com alguns anos de experiência dentro de agências, corporações ou imprensa, você estará num bom ponto de partida para começar a vida de consultor”, finaliza.
Entregando resultados com a comunicação
CEO da Academia do Jornalista, empresa da capital do Rio de Janeiro, a jornalista Fernanda Felix também decidiu atuar com as consultorias dentro da área da comunicação. Ela acredita que o principal desafio é conhecer o público-alvo do cliente, pois é para ele que a comunicação será pensada.
Fernanda afirma que os resultados surpreendem e fazem as empresas enxergarem as oportunidades de crescimento: “trabalhamos em cima do problema baseado nas soluções tecnológicas atuais, de web”. A empreendedora também conta que existem os clientes “fadados ao fracasso e que vão achar que não precisam de um plano de mídia, para acompanhar o crescimento da empresa”.
O conselho para quem deseja se tornar um consultor é estudar muito. “Tem que aprender mais do que é apresentado na faculdade. Entrem em qualquer plataforma de recrutamento de vagas e vejam o que está sendo exigido”, recomenda.
Consultorias no marketing digital
Uma das áreas em crescimento dentro da comunicação, o trabalho com sites, blogs e redes sociais é muito procurado por empresas. O consultor em marketing digital, por exemplo, elabora a estratégia e monitora como está sendo implementada, sem atuar na criação de conteúdo.
Consultora na área, Camila Renaux atua de forma autônoma em Blumenau, Santa Catarina. Ela conta que, ao buscar um consultor, “as empresas têm como expectativa aprender mais sobre marketing digital, ajustar seus processos, alcançar, medir e entender os resultados alcançados”.
A dica de Camila para os graduandos em comunicação é que coloquem os conhecimentos em prática, seja atuando de forma autônoma ou em agências. Ela acredita a busca contínua por conhecimento é um traço que todo profissional precisa ter. “Procure ser visto e lembrado, participar de grupos e manter rede de contatos, implementar projetos, sejam eles pessoais, profissionais ou voluntários”, finaliza a consultora.