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Mesmo com internet, uso do rádio é constante no Brasil
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No ano de 2015, a empresa que realiza pesquisas sobre o aproveitamento de meios de comunicação, Ibope Media, fez um estudo nas rádios pelo Brasil. O resultado mostra que 89% dos brasileiros são ouvintes constantes do rádio em 13 regiões metropolitanas, sendo 53% mulheres e 47% homens, totalizando 53 milhões de ouvintes, na faixa etária de 30 a 39 anos.

Vitória, no Espírito Santo, é a capital do país com maior número de ouvintes, com o consumo diário de 4 horas e 39 minutos. Em segundo lugar, é Goiânia, com 4h38min e ocupando o terceiro lugar é Recife, com 4h36min. Porto Alegre ocupa o sexto lugar, e o tempo médio de consumo do ouvinte é de 3h46min.

A pesquisa também traz informações quanto ao tipo de programação escutada.  Em  65% dos casos, os ouvintes buscam notícias ou prestação de serviços. Na continuidade de interesse estão as programações de música sem intervalos (47%), programas religiosos (19%), esportes, humor e entretenimento (18%), entrevistas e opiniões (11%) e último lugar, participação de ouvintes e promoções (7%).

O uso do rádio é feito geralmente por aparelhos comuns (65%) e 24% dos entrevistados acompanham no carro e 16% em telefones celulares.

Rádio mantém-se como importante veículo

Para a professora de Radiojornalismo da Unisinos, Patricia Weber, a importância do rádio na sociedade deve-se principalmente devido ao fato de algumas empresas de telefonia  atuarem como receptoras de rádios.

Na opinião dela, os ouvintes não estão buscando somente músicas, mas também jogos de futebol e prestação de serviços. O uso desse serviço é feito enquanto estão em deslocamento, como dentro do carro. “Dificilmente, colocam música para ouvir no celular”, opina.

Patricia afirma que está previsto o fim das rádios AM a partir do ano que vem. Por esse motivo, as emissoras passarão a transmitir maiores assuntos voltados ao esporte nas rádios FM.

De acordo com a professora, a busca pelas rádios em todo o Brasil surge porque não são todas as pessoas que têm acesso a um bom serviço de internet. No interior há uma evolução no uso, mas nem todos têm a capacidade de ouvir via web. “Rádio se mantém muito firme”, declara.

Segundo Patricia, estamos em um momento de transição, no qual ocorreu uma mudança de linguagem entre as emissoras de rádios, pois o público que ouvia músicas está se perdendo. Um exemplo é a rádio Cidade, que saiu do FM para dar lugar à Farroupilha, que é transmitida através da frequência 680 AM.

Mudanças no decorrer da história do rádio

Houve dois momentos de adaptação do rádio. A primeira delas foi quando surgiu a TV e a outra foi no momento em que apareceu a Internet. Estamos em transformação nas rádios e isso dependerá do número de ouvintes no futuro. “O rádio se mantém equilibrado”, explica Patricia.

Conforme a professora de Radiojornalismo da Unisinos, Sabrina Franzoni, a sociedade está vivendo um momento de migração de plataforma, no qual as emissoras de rádio podem ser escutadas através de tabletes e dispositivos móveis. “O que acontece é a transição”, acrescenta.

Na opinião da educadora, na década de 50, surgiu a TV e o rádio não teve fim, mesmo com o televisor tendo maior poder publicitário. As pessoas ainda precisam do rádio para distrair-se no transporte público, que leva horas para percorrer caminhos. Sendo assim, tem programação o dia inteiro. “Blocos de informações no rádio, durante 24 horas, são extremamente atualizados”, comenta.

Para Sabrina, o rádio se adaptou rápido com a nova tecnologia, pois agora os ouvintes podem se comunicar em tempo real com os locutores através do aplicativo Whatsapp e a rede social, Twitter, dando a possibilidade de se atualizar com os outros dispositivos e ter todas essas opções no mesmo espaço. “Está mais presente de forma ao vivo e online”, salienta.

Na opinião do professor de Radiojornalismo da Unisinos, Sergio Endler, o rádio ao longo da história, tem sido protagonista em cenários distintos. Nas suas primeiras décadas, tinha como rivais os jornais impressos e o cinema. “Foi protagonista importante em tempos de paz, na difusão de entretenimento. E foi importantíssimo em tempo de guerra, sobretudo na Segunda Guerra Mundial e no Pós-Guerra”, relata.

Para Endler, atualmente, o momento é de multiplicidade de oferta e cenário multimídia, repleto de tecnologias, o rádio novamente adapta-se e ressurge na telefonia celular, nos suportes móveis em redes se moldando aos novos recursos tecnológicos.

“Sobre o futuro, é difícil falar. No entanto, pode-se apostar que o ato de civilização – a fala humana – deve perdurar, sem dúvida. E será comunicada em diferentes suportes. E também os atos de ouvir, de escutar – tão preciosos para o humano, devem permanecer”, opina Sergio.

De acordo com o professor, no Brasil, o rádio tem muito a contribuir. “O rádio pode ter protagonismo junto à população mais pobre e junto aos cerca de 14 milhões de analfabetos”, explica.

Jornalista, radialista e comentarista na rádio Guaíba, Nando Gross, afirma que o rádio já foi ameaçado várias vezes, e a Internet só amplificou esse meio de comunicação. “Não vejo Internet como concorrente”, diz.

Na opinião do Gross, é um veículo que mais tem troca de informações, pois apresenta maior intimidade e transmite confiança nos ouvintes, um exemplo disso é que a sociedade somente acredita em veículos conhecidos e com credibilidade.

Quando o assunto é sobre o aumento ou diminuição do número de ouvintes no futuro, o radialista esclarece que esse número pode aumentar, pois há serviços ruins de Internet. A consequência será ouvir as emissoras nos locais que estiver presente, possibilitando mais alternativas para esse fenômeno. Portanto, irá depender muito da tecnologia e há a expectativa da rádio web aumentar também.

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