Por dentro

#cinema #festivaldegramado #industriacriativa #publicidadeepropaganda
Os desafios de produzir um longa que levou dois Kikitos em Gramado   
"A cineasta e professora Lisiane Cohen participou da produção executiva do documentário "
Luísa Bell


O longa-metragem Céu Aberto, que teve participação, na produção executiva, da professora Lisiane Cohen, da Escola da Indústria Criativa, foi premiado recentemente em duas categorias na 51ª edição do Festival de Cinema de Gramado. Dirigido por Elisa Pessoa, o documentário recebeu os “Kikitos” de “Melhor desenho de Som”, feito por Chrístian Vaisz, Kiko Ferraz e Ricardo Costa; e “Melhor Trilha Musical”, realizada por Bruno Mad e Rita Zart. Além de Lisiane, a produção executiva ficou a cargo também de Beca Furtado e Priscila Guerra.

Na foto, da esquerda para a direita: Rita Zart, a diretora Elisa Pessoa e Kiko Ferraz (Foto: arquivo pessoal) 


Realizado pela produtora Margem Cinema Brasil, da qual Lisiane é uma das gestoras, Céu Aberto fala sobre a transição entre infância e juventude. Conta a história da Andriele, uma menina nascida e criada na zona rural de Dom Pedrito (distante 440 km de Porto Alegre), no Rio Grande do Sul, que tem o desejo de se mudar para a zona urbana da cidade. A diretora do filme acompanhou a personagem durante cinco anos através de um exercício de encontros, em que Andriele se torna cada vez mais dona de si, refletindo sobre as transformações da paisagem em torno dela, e bem como o preço de suas escolhas.

Os desafios de realizar o longa  

Lisiane conta que participar do filme foi uma experiência interessante e complexa, pois o dinheiro ganho em um edital em 2018 para realizar o projeto foi disponibilizado somente em março de 2020, quando a pandemia de covid-19 e o lockdown já tinham começado. “Já havia protocolos que nos impediam de filmar, e como estávamos acompanhando a Andriele, que tinha o desejo de ir morar na cidade e já estava indo fazer isso, tivemos que tomar decisões e fazer mudanças na nossa produção, pois se a gente não filmasse, não teria documentário”, lembra. Diante disso, toda a estrutura de produção foi alterada, para permitir a filmagem durante a pandemia. Como a equipe não podia ir, os esforços foram direcionados muito mais em consultoria de montagem e de roteiro. “Fizemos isso para que não ficasse tudo tão concentrado só na diretora, e não tivesse tanta perda por conta da função da pandemia”, explica a professora.

Momento de encontros e reencontros 

Participar do festival é sempre muito bacana, revela Lisiane, porque lá se conhece muitas pessoas e reencontra outras. A última vez que participou da premiação foi em 2021, quando ainda estava em formato virtual devido à pandemia. “Voltar agora de forma presencial foi maravilhoso por conta desses momentos de reencontro e novos encontros. Conheci bastante gente e revi ex-alunos”, alegra-se Lisiane. 

“Ano passado, estivemos com o filme no Olhar de Cinema, de Curitiba, mas foi no Festival de Gramado que ele estreou em solo gaúcho, o que dá um gostinho especial né?”, comenta a professora, orgulhosa. A equipe levou ao evento a personagem principal, Andriele, e a mãe dela, Sandra, que também participa do documentário. “Foi fantástico, um momento único e muito lindo”, apontou Lisiane. 

Andriele (ao microfone) e Sandra (vestindo laranja) participaram de uma coletiva de imprensa juntas com a equipe de produção do longa (Foto: arquivo pessoal) 


A professora destaca também a felicidade de estar em um ambiente em que é possível ver muito filmes diferentes e conversar com quem os fez. “A repercussão do nosso documentário foi muito positiva. As pessoas vieram conversar com a gente e revelaram que gostaram dele. Eu sinto que a gente saiu do Festival com o longa muito fortalecido. Claro, os prêmios fortalecem, mas a conversa com as pessoas que o assistiram foi muito rica, o que ajudou muito o projeto”, observa Lisiane.   

Do Interior para o Festival de Gramado 

O Mescla também conversou com a personagem principal do longa. Por aplicativo de mensagem, Andriele Rodrigues Soares avaliou que participar do longa foi uma experiência diferente da sua realidade, já que vive em uma cidade onde não há cinema. “Foi tudo muito novo pra mim. Aprendi bastante e sou grata por tudo que o filme me proporcionou. Foi ótimo poder mostrar para as pessoas e jovens, como eu, que as indecisões, incertezas e obstáculos que a vida faz a gente passar são normais, e que tudo tem seu lado bom e o tempo certo para acontecer”, diz Andriele.   

Ele contou que nunca imaginou que o longa teria toda essa visibilidade, e muito menos que poderiam participar do Festival. “Foi uma experiência incrível e mágica. Todo mundo foi muito receptivo e gentil, e a estrutura do Festival é muito boa. Mas o melhor foi a reação dos jovens e das pessoas que assistiram ao filme. Eles foram muito carinhosos e ficaram admirados”, comenta. 

Andriele e a mãe, Sandra, posam para fotos no Festival de Gramado com a equipe do documentário (Foto: arquivo pessoal) 


Céu Aberto está participando da Mostra dos filmes gaúchos de Gramado, que ocorre entre os dias 5 e 10 de setembro na Casa de Cultura Mario Quintana (Rua dos Andradas, 736, andar térreo, em Porto Alegre). O filme será exibido nesta quinta-feira dia 7/9, às 19h, e contará com um debate após a exibição. A entrada é franca e os ingressos podem ser retirados na bilheteria. 

Mais recentes