A inovação depende da criatividade, e empreendimentos inovadores precisam ser comunicados. Pensando nisso, o portal Mescla.cc lança a editoria Acelera, voltada para a divulgação e discussão das relações entre empreendedorismo, tecnologia e Indústria Criativa. Esta conexão será apresentada a partir histórias, cases, projetos e processos, contados por pessoas que vivenciam essas experiências. O Mescla ouviu professores e profissionais sobre a importância dessa iniciativa e sobre o link existente entre as áreas de comunicação, linguagem e design com o mundo dos negócios e da inovação.
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“Na Indústria Criativa, nós temos uma série de competências interdisciplinares que atravessam diversas vertentes da criatividade e podem ser líderes na elaboração de novos negócios”, afirma o decano da Escola de Indústria Criativa da Unisinos, Carlo Franzato. O professor e pesquisador conta que os gestores já se deram conta disso, e muitos buscam colaborações. “No mundo dos negócios que inova, avança e se transforma, que vive um desenvolvimento sistêmico, orientado também à sociedade e à preservação do ambiente, se necessita necessariamente de competências criativas”, destaca.
A criatividade e a colaboração são competências que estão sendo desenvolvidas em todos os cursos da Unisinos. “Nossas áreas são especialmente importantes na elaboração de processos e da concepção de novas ideias de negócios”, conta Franzato. Para ele, o que é central nessa relação é a criatividade, “não só as competências projetuais, mas as competências criativas, de forma um pouco mais abrangente”, explica. Nessa entrevista para o Referências, o decano amplia o entendimento sobre a Indústria Criativa e quais as potencialidades da área.
Indústria Criativa, Inovação e Tecnologia
A CEO do parque tecnológico Tecnosinos, Susana Kakuta, destaca que o empreendedorismo é uma das principais formas de gerar PIB novo para o Rio Grande do Sul. Ela considera a editoria relevante para os empreendimentos e afirma que “quanto mais se conhece, se estuda e se traz à tona bons cases de empreendedorismo, mais se exerce uma influência positiva na formação de novos negócios”. Segundo ela, é necessário uma conexão entre as áreas de conhecimento para que a inovação possa acontecer. As startups da Tecnosinos, por exemplo, utilizam diversos métodos para solução de problemas, onde muitos são da Indústria Criativa. “Essas ferramentas de inovação, como design thinking, sprint, canvas, são extremamente importantes para a transformação, seleção, ou concepção de uma ideia e para ir da ideia a um modelo de negócio. Nós utilizamos essas ferramentas, inclusive, como forma de fazer uma avaliação continuada para nossas startups”, explica.
Kakuta afirma que não tem como fazer inovação sem usar ferramentas que possam “diminuir incertezas e, por outro lado, aumentar risco de sucesso”. A participação da Indústria Criativa, porém, não é limitada a isso, e as interseções são muitas. A CEO comenta que o dispositivo de interação por voz da Amazon, Alexa, por exemplo, é uma forma inovadora de relacionamento com o cliente e que, apesar de ser um instrumento de comunicação, possui tecnologias, como a inteligência artificial, que vem de outras áreas do conhecimento.
“Os processos do passado não tem mais espaço. O ponto é: como que as organizações podem se desafiar a buscar essas soluções criativas”, apontou a decana da Escola de Gestão e Negócios da Unisinos, Cláudia Bittencourt. Os problemas dos negócios atuais são muito mais complexos do que eram antes, e, por isso, a solução precisa ser criativa.
Os processos da Indústria Criativa são cada vez mais utilizados nas estratégias e na gestão de empresas, assim como no desenvolvimento de tecnologias, mas ainda há pouca integração entre as áreas na universidade. A decana entende que é interessante quebrar as fronteiras para que seja possível encontrar soluções diferentes – soluções que não são vistas sem essa integração. A divulgação e discussão sobre essas relações, como a que propõe a editoria Acelera do Portal Mescla, é “fundamental”, segundo ela.
Empreendedorismo nas Mídias
Outra motivação para a criação da editoria vem da lacuna existente sobre publicações que tratam de empreendedorismo no RS. O caderno GeraçãoE, do Jornal do Comércio, por exemplo, é uma das referências para o trabalho de divulgação de empreendimentos gaúchos. Esse ano, a publicação ganhou o prêmio Top de Marketing ADVB e foi reconhecida pela Câmara de Vereadores de Porto Alegre como incentivadora do desenvolvimento econômico e social da cidade, pelo trabalho que realizaram.
Mauro Belo Schneider, jornalista e editor do caderno, conta do impacto que as publicações têm: “Nós mudamos a vida daquele negócio a partir do momento em que ele aparece no jornal”. Para que o empreendimento seja divulgado, o critério de seleção é a mensagem, o propósito e a relevância da proposta. “A gente acaba desenvolvendo muito a economia local, justamente por despertar o interesse das pessoas. Elas começam a consumir mais daqueles negócios que aparecem no GeraçãoE e, então, se desenvolve toda a cadeia ao redor da região”, explica.
O jornalista entende que existe um papel muito importante a ser desempenhado pelas mídias no desenvolvimento do próprio empreendedorismo. “A demanda está muito grande, por causa do desemprego, por causa desse novos formatos de trabalho, então, quanto mais informações tiver e mais popular for ficando o tema, melhor”, enfatiza. O curso de Jornalismo da Unisinos tem sido parceiro do GeraçãoE. Há três anos que a atividade de BetaEconomia produz um caderno especial para o GeraçãoE por semestre, com histórias empreendedoras da região.
“A divulgação é crescente, mas tem bastante a melhorar”, afirma o professor e coordenador do pós-MBA em Gestão da Inovação, Sandro Cortezia, também fundador e diretor executivo da aceleradora de startups Ventiur, que atua no Tecnosinos. Para o pesquisador, há um aumento gradual no interesse por parte da imprensa nos polos tecnológicos, mas ainda é insuficiente. A iniciativa do portal Mescla em lançar uma editoria sobre empreendedorismo, tecnologia e Indústria Criativa é considerada “louvável” pelo coordenador. Sandro comenta que as startups estão entendendo a importância dos profissionais da Indústria Criativa e que eles já utilizam as lógicas e processos da área, de forma quase natural, sem saber a origem, muitas vezes.