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A ascensão das animações faz Brasil ser destaque em festival internacional
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No festival Annecy deste ano, na França, oito animações brasileiras foram selecionadas para a competição, e o Brasil foi homenageado na mostra “Brazil – Frame by frame – Cem anos de animação brasileira”. Este se tornou um feito histórico para o cinema brasileiro, que teve o maior número de lançamentos de longas-metragens em 22 anos, só em 2017 foram lançados sete longas-metragens. 

Além do crescimento do número de filmes de animação estreados, o Brasil também fez história ao expandir as animações no formato de séries televisivas. Nos último dez anos, a produção brasileira passou de duas para 44 séries, sendo duas delas campeãs de audiência no canal a cabo Discovery Kids: “Peixonauta” e “O Show da Luna”.  

Para o ex-aluno de Realização Audiovisual e atual diretor e roteirista de animação e ficção Pedro Harres, o crescimento da cena do cinema nacional aconteceu por um conjunto de fatores, desde as políticas de incentivo ao reconhecimento dos filmes brasileiros em festivais internacionais. “Em primeiro lugar, as políticas de incentivo foram essenciais para o florescimento não só da animação, mas de todo o audiovisual brasileiro. E em segundo lugar, o reconhecimento que a animação brasileira está tendo em festivais internacionais, isso abre portas e atrai parcerias. Mas vale ressaltar também o talento, criatividade e a garra do animador brasileiro, de perfil extremamente autodidata”, explica Pedro Harres, premiado em festivais estrangeiros. 

Após a extinção da Embrafilme e da Fundação do Cinema Brasileiro no governo do presidente Fernando Collor, o cenário do cinema nacional nos anos 1990, se viu muito precária. Neste período, o Brasil produziu entre dois ou três filmes longas-metragens por ano. Então somente no governo de Itamar Franco, houve a retomada da atividade com novas leis federais de apoio à produção. Em 2001, durante o governo do presidente Fernando Henrique Cardoso, foi criada a Agência Nacional do Cinema (Ancine), órgão com o objetivo de fomentar, regularizar e fiscalizar a indústria cinematográfica nacional. 

Um grande marco para a animação brasileira foi também o anúncio do lançamento da primeira série animada do Brasil na plataforma do Netflix. “Super Drags” conta a história de três jovens que se transformam em drag queens super-heroínas, mas a série que nem foi lançada ainda, já vêm sofrendo boicote pela Sociedade Brasileira de Pediatria, sendo que o seriado é direcionado para o público adulto, segundo seus criadores. 

Segundo Pedro Harres, as séries direcionadas ao público infantil são maioria em indústrias do mundo e falta muito para séries de animação para o público adulto. “As séries adultas são geralmente um produto de maior risco, que surge quando o mercado já está consolidado. O que nós precisamos fazer para mudar essa situação é um ‘carro abre alas’, uma série adulta com qualidade e que faça grande sucesso, para reverter essa resistência dos produtores e canais. Mas para isso, alguém precisa ousar, tanto da parte da produção quanto da difusão”, afirma o roteirista e diretor. 

O professor de Animação do curso de Realização Audiovisual da Unisinos James Zortea Gomes acredita que o atual cenário do cinema é um momento histórico. “Principalmente pela consolidação internacional da animação brasileira, com filmes que venceram grandes festivais – O menino e Mundo de 2014 e também com diversas séries brasileiras veiculadas com sucesso em diversos países, tais como: ‘O Irmão do Jorel’, 2016, e ‘O Show da Luna’, 2014”. 

Para ele, as novas tecnologias são ferramentas essenciais para o jovem estudante de Realização Audiovisual. “Agora as plataformas de vídeo on demand são uma fonte fundamental de aprendizagem, compartilhamento e criação para os estudantes de animação. Logo, acredito que a busca por um curso acadêmico de realização audiovisual, como o CRAV Unisinos, permite compreender com profundidade aspectos fundamentais do roteiro, fotografia, direção de arte, criação sonora, produção e direção, além do próprio ofício de animar, presentes em um filme de animação”, explica o professor. 

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