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Curso de cinema da Unisinos volta de Gramado com vários prêmios
"Estudantes, egressos e professores conquistam 12 prêmios em um dos festivais de cinema mais antigos do país"
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O 50º Festival de Cinema de Gramado, que aconteceu entre 12 e 20 de agosto de 2022, premiou 6 produções realizadas por estudantes e egressos do Curso de Realização Audiovisual da Unisinos (CRAV), sendo 3 curta-metragens e 3 longa-metragens. Ao total, foram 12 prêmios que os Cravianos (aqueles que são egressos do curso) levaram para a casa. 

Na categoria longa-metragem gaúcho, as obras premiadas foram 5 Casas, Casa Vazia e Despedida. O longa 5 Casas levou as estatuetas de Melhor Filme e Melhor Filme pelo Júri Popular. Bruno Gularte Barreto e Vicente Moreno, da turma de 2003 do CRAV, levaram o prêmio de Melhor Direção e Melhor Montagem pelo trabalho na produção do longa. 

Os egressos Tiago Bello, CRAV 2003, e Marco Lopes, CRAV 2006, foram premiados pelo Melhor Desenho de Som no longa Casa Vazia. Já Gabriela Burck, egressa de 2012, foi premiada pela Melhor Direção de Arte no longa-metragem Despedida 

Na categoria de curta-metragem gaúcho, ou seja, aquelas produções com o tempo até 15 minutos, as obras de egressos e estudantes do Curso de Realização Audiovisual foram Apenas para Registro, A Diferença entre Mongóis e Mongoloides e DRAPO A.  O curta Apenas para Registro, da estudante Valentina Ritter Hickmann, conquistou o prêmio de Melhor Filme pelo Júri da Crítica. Pelo trabalho no curta A Diferença entre Mongóis e Mongoloides, Jonatas Rubert, egresso da turma de 2009, levou os prêmios de Melhor Direção e Melhor Roteiro, junto com Gabriela Burck, da turma de 2012, que conquistou a estatueta pela Melhor Direção de Arte. Por último, Henrique Lahude, CRAV 2008, ganhou o prêmio de Melhor Produção Executiva pelo trabalho em Drapo A

“Meu pai tinha essas gravações e ninguém nunca parava para assistir de novo.”

Frame de divulgação do curta “Apenas para Registro” (Imagem: Valentina Ritter Hickmann / Divulgação)

“Foi quase que brincando, assim tipo, nada pretensioso, era só um trabalho.” foi assim que Valentina Ritter Hickmann descreveu o processo de criação do curta. O trabalho, que foi criado para a disciplina de Cinemas Experimentais do Curso de Realização Audiovisual, foi desenvolvido com base em antigos filmes de família em DVD, “Quando eu comecei a mexer nesses arquivos do meu pai, eu nem pedi permissão, era só um trabalho e eu queria usar as imagens de arquivo da minha família. Então fui usando, fui mexendo, fui descobrindo coisas. Tanto que as imagens ali dele divagando foram uma coisa que eu encontrei depois e que eu acho que é o mais vulnerável” contou Valentina. 

Valentina Ritter Hickmann comentou um pouco sobro o processo de produção do curta-metragem “Apenas para Registro”

A ideia para a construção desta obra sempre esteve na mente de Valentina, segundo ela “Eu já sabia que eu ia fazer alguma coisa com esses vídeos do meu pai, mas eu não sei dizer exatamente de onde veio essa ideia. Eu acho que é uma coisa meio da minha família que eu escuto desde que eu sou pequena, tipo aí bem que alguém podia compilar e selecionar os melhores momentos pra gente poder assistir.”   

Para Valentina e seu pai, Sergio Hickmann, é emocionante que tantas pessoas tenham se identificado com a produção. (Imagem: Valentina Ritter Hickmann / Arquivo Pessoa)

O trabalho se destacou na cadeira de cinemas experimentais e o colegiado decidiu submeter o curta ao Festival de Gramado. Para Valentina “Foi muito legal assim, porque desde que o colegiado já tinha me selecionado para eles enviarem meu filme para Gramado. Para mim aquilo já tinha sido tipo uma baita de uma vitória.”  A estudante sente que com essa conquista deixou a sua marca no CRAV algo que não tinha certeza se faria antes da premiação.  “Toda a experiência do festival foi muito incrível. Todas as pessoas que eu conheci e elas vindo falar do meu filme, o quanto tinha impactado elas e tocado elas de alguma forma, isso foi muito legal ouvir, porque tanto para mim quanto para o meu pai principalmente não era nossa intenção, sabe? Aquilo ali de fato é um arquivo de família” complementa Valentina. 

“´É um documentário que parte de uma jornada pessoal do diretor”  

“Acaba sendo um filme sobre coisas bem particulares, que também são universais”(Imagem: Bruno Goulart Barreto / Divulgação)

Dirigido por Bruno Goulart Barreto, egresso da turma de 2003 do CRAV, o longa-metragem revisita as memórias e a cidade natal do diretor, Dom Pedrito, e reencontrando pessoas que, de alguma forma, tiveram um impacto em sua vida. Segundo Vicente Nunes Moreno, responsável pela montagem do longa relatou “Então, acaba sendo um filme sobre Dom Pedrito, mas também acaba sendo um filme sobre coisas bem particulares, que também são universais”. O documentário aborda temas como luto, homofobia, racismo, especulação imobiliária e agrotóxicos.   

O longa é uma junção de professores e egressos do CRAV, contando com a participação de Vicente Moreno, que já foi estudante do CRAV e está na coordenação do   curso, Jessica Luz, produtora executiva, e Bruno Polidoro, um dos responsáveis pela direção de fotografia, todos professores do curso. O diretor Bruno Goulart Barreto é egresso da turma de 2003 e já participou do corpo docente. 

O longa estreitou no Festival Internacional de Documentários de Amsterdã (IDFA), o maior festival de documentários do mundo, e a partir disso foi sendo exibido e premiado em diversos festivais. Já teve exibições na Itália, França, Portugal, Chile e no Ceará. No Festival de Cinema de Gramado, foi a primeira vez que a produção foi exibida em solo gaúcho. 

“O CRAV já é uma presença constante no Festiva de Gramado” 

Não é raro que múltiplos egressos do CRAV estejam concorrendo e sejam premiados no mesmo festival, principalmente quando a premiação envolve obras produzidas no Rio Grande do Sul. Segundo Vicente Moreno, “Quando os primeiros egressos começaram a entrar no mercado de trabalho foi se tornando cada vez mais comum ter cravianos presentes nas mais diversas equipes.  Então hoje em dia é muito difícil no Rio Grande do Sul, um longa-metragem uma série ou um grande projeto audiovisual que não tenha cravianos”.  

De acordo com o coordenador, as pessoas premiadas do curso, sejam alunos, professores ou egressos traz uma sensação do trabalho bem-feito, além de mostrar a excelência do curso dentro do cenário gaúcho e brasileiro de cinema, mostrando que é possível fazer cinema no RS. Para os alunos, saber que colegas e egressos estão marcando presença em peso nas premiações de festivais, tem um efeito muito positivo, pois eles se inspiram nesses colegas e veem que os próximos a estarem em festivais podem ser eles.   

Para os interessados em assistir as produções, haverá uma exibição com debate no Teatro Unisinos, dia 29 de setembro às 19h30. Serão exibidos DRAPO A, A Diferença entre Mongóis e Mongoloides, Apenas para Registro e Nós que Fazemos Girar. A entrada não será cobrada.

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