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Roberta Borsoi
""Me vejo como uma mulher de negócios""
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(Texto:  Karine Dalla Valle)

Ao escolher o curso de Publicidade e Propaganda na Unisinos, Roberta Borsoi, então com 18 anos, teve certeza de uma coisa: não queria criar, mas vender ideias. Parte dessa convicção veio de um curso técnico em vendas realizado na adolescência, e outra parte veio do pai, dono de uma loja de materiais de construção em Carlos Barbosa, cidade onde mora. “O que ele pega, ele vende. Isso é feeling. A pessoa nasce com isso, não aprende em lugar nenhum”, diz Roberta, 25 anos, que considera ter herdado a habilidade de seu progenitor.

As influências a levaram ainda a outra escolha: na metade da graduação, quando precisava decidir entre as ênfases em Criação e Produção de Campanhas ou Planejamento de Comunicação e Marketing, dois caminhos oferecidos pelo curso de PP da Unisinos, Roberta ficou com a segunda alternativa. “Sempre gostei muito da organização, de planejar”, explica. “Sempre fui de sentar e ver o que precisa ser melhorado”.

“Eu quero ser publicitária. Me vejo como uma mulher de negócios”, declara Roberta Borsoi, 25 anos, analista de marketing digital da Unicasa (Foto: arquivo pessoal)

Tanto foco fez com que tirasse proveito de boas experiências profissionais. Logo no início do curso, conseguiu uma vaga como estagiária na assessoria de comunicação da prefeitura de Carlos Barbosa. Quando a assessora responsável se afastou do cargo, Roberta teve de assumir o desafio de liderar o setor sozinha. Ela tinha apenas 19 anos. “Foi difícil, porque estava no primeiro semestre da faculdade. Eu me virei. Foi válido para ter noção da relação com os meios de comunicação”, diz.

Mas o que ela realmente queria era fazer parte do quadro de funcionários da Unisinos, oportunidade que concede ao universitário o pagamento de 80% da mensalidade, além do salário. “Fiquei um ano enchendo o saco do RH. Eu falava: ‘vou conseguir, vou trabalhar na Unisinos’. Queria pagar minha faculdade”, lembra. Roberta insistiu no objetivo; e o setor de RH foi vencido pelo cansaço. Depois de inúmeros currículos enviados, em junho de 2009 ela foi chamada para uma seleção e contratada no setor de Educação a Distância (EAD), que ainda se consolidava na universidade.

A vaga era temporária, e Roberta fez parte de uma equipe que adaptou o conteúdo educativo do Serviço Social da Indústria, o Sesi, para o ambiente digital, a fim de que a instituição prestadora de serviços de educação desse início a sua própria modalidade de ensino a distância. A experiência deu tão certo que no fim do projeto Roberta foi efetivada como funcionária do EAD da Unisinos, no cargo de analista de E-learning (termo usado para designar ensino eletrônico).

Dentro do setor aprendeu de tudo, mesmo assuntos que não tinham muito a ver com a área que estudava: programação, HTML e CSS, códigos para criação de websites. Uma de suas tarefas era fazer a transposição do conteúdo dos professores para o Moodle, ambiente digital onde são ofertadas as aulas à distância. “Tudo o que fiz, nunca pensei: ‘isso não é da minha área’. Sempre encarei como bagagem”, reflete.

Foi no período como funcionária da Unisinos que aprendeu a se virar sozinha. Como Carlos Barbosa fica a 75 quilômetros de São Leopoldo, decidiu encurtar a distância que a separava do trabalho e dos estudos e foi morar numa pensão em frente à universidade. Desacostumados com a filha fora de casa, os pais encontraram uma forma de protegê-la de possíveis perigos: à noite, enquanto Roberta cruzava a avenida que fica entre a Unisinos e a pensão, eles acompanhavam seus passos numa ligação pelo celular. “Meu pai é aquele tipo de gringo bem fechado. A primeira vez que ouvi ele dizer ‘eu te amo’ foi por celular”, recorda.

Dos quase quatro anos de experiência que acumulou no EAD da Unisinos, ela se regozija com uma conquista: ter idealizado e implantado o blog do EAD, que chegou a sofrer resistências dentro do setor. A página serviu para apresentar a modalidade de ensino e reunir informações a respeito dos cursos, além de outras curiosidades. “Eu sempre defendi que o EAD da Unisinos tinha que ter uma espécie de degustação através de um blog, para vender o curso”, explica. “Alguns posts tinham mais de cem comentários. O blog virou uma espécie de fórum”, conta orgulhosa.

Depois de formada, boas experiências profissionais surgiram na vida de Roberta (a segunda da direita para a esquerda, na segunda fileira) (Foto: arquivo pessoal)
José, o pai de Roberta, de quem ela diz ter herdado o “tino” para negócios (Foto: arquivo pessoal)

Com a formatura no início de 2013, Roberta afastou-se definitivamente do ambiente da Unisinos. Pediu demissão do EAD, aceitou a proposta para ser analista de marketing numa fábrica de móveis em Garibaldi e foi trabalhar como publicitária profissional – num setor onde se encontrava sozinha, mais uma vez. “Não sabia o que fazer; não tinha alguém para me dizer o que fazer”, lembra. O medo de errar não a impediu de criar projetos de comunicação para a empresa, que pela primeira vez contratava esse tipo de profissional. “Não posso dizer que implementei o marketing ali, mas mostrei a importância de se relacionar com representantes para auxiliar nas vendas”.

Apesar dos caminhos que conseguiu abrir dentro da empresa, seus passos foram barrados. Os superiores não encaravam a publicidade como investimento, mas como gasto. Esse e alguns desconfortos com o ambiente de trabalho a fizeram mudar de rota e arriscar uma nova demissão sete meses após ser admitida.

Desempregada e sem ofertas de trabalho à vista, aproveitou o tempo para pensar na carreira. Cerca de dois meses depois, foi convocada para uma entrevista por meio de uma agência de empregos, que não indicou a vaga a qual Roberta concorria, apenas informou o local, a data e o nome da empresa: Unicasa. “Fui pesquisar para ver o que era. Aí comecei a ver: Dell Anno, Favorita, New… Pensei ‘não, não pode ser’”, lembra, entre risadas. Localizada em Bento Gonçalves, cidade vizinha de Garibaldi, a fábrica de móveis do Grupo Unicasa é uma das maiores da América Latina. Roberta ficou tão surpresa com a oportunidade que custou a acreditar que não houve engano ao indicarem-na para a entrevista. “Eu estava com a autoestima em baixa”, diz.

Selfie com a equipe de marketing da Unicasa (Foto: Zéto Telöken)

No atual trabalho, onde está desde o início de 2013, ela exerce o cargo de analista de marketing digital e tem a missão de cuidar da apresentação da empresa nas redes sociais. Trabalha com uma equipe de publicitários e é liderada por um profissional que define como sendo seu “guru”: o diretor de marketing da Unicasa, Edson Busin. “A ‘persona’ Dell Anno é ele. Estar ao lado dele é como uma aula”, define.

Embora esteja satisfeita com a profissão, Roberta não quer parar de se aprimorar. Um de seus desejos é fazer uma pós-graduação em marketing digital, curso que ainda não pode realizar por existir oferta somente em Porto Alegre, detalhe que torna o estudo difícil de conciliar com o trabalho em Bento Gonçalves. Enquanto não encontra solução para fazer o sonho virar realidade, procura se concentrar no presente e em desfrutar dos aprendizados na Unicasa. “Preciso aprender tudo o que posso aprender”, afirma, sugerindo que arriscará outros caminhos assim que se sentir preparada. “Esse é o ciclo natural. Sempre surge um novo desafio”.

PINGUE-PONGUE

Um professor inesquecível: Luis Efendy Maldonado. Aprendi sobre a América Latina com ele.

Uma vez matei aula para… comer sushi em Sapucaia com os colegas do EAD – e batemos o carro. Não comemos sushi e passamos a noite na delegacia.

Um amigo de infância que fiz durante a faculdade: Eric Rafael Alves, de Sapucaia

Um livro marcante: “Estamos Cegos”, de Jürgen Klaric. Mostra outra visão sobre o neuromarketing.

Um mico que paguei na faculdade: Meu sotaque sempre foi motivo de piada. Uma vez estava apresentando um trabalho em sala de aula e saiu um “non” (“não”, em italiano). Meus colegas deram muita risada.

Meu lugar favorito na Unisinos: O mato entre a passarela que liga o Centro 1 ao Centro 3 (atrás do prédio do DCE).

Todo publicitário é… detalhista.

Todo publicitário deveria ser… humilde.

Um profissional da área que foi referência para mim: Edson Busin, meu atual chefe. A história dele motiva aqueles que estão começando.

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