(Texto: Natália Collor)
Sofia Britto nunca foi muito boa em croquis e nem em desenho. Um dia, desenhando um vestido para uma pessoa, – pedido frequente para quem estuda Moda – ela ouviu o comentário de que a moda era uma “cultura fútil”. A jovem de 21 anos, formada no fim de 2015 no curso da Unisinos, conta com tristeza que a sociedade infelizmente pensa isso sobre a área. “Na verdade, a moda que é vítima da cultura fútil e não o contrário”, diz a porto-alegrense.
Antes da faculdade, feita no campus de Porto Alegre, a jovem decidiu pelo curso durante o Ensino Médio, mas nos primeiros anos de estudo não tinha muitas expectativas. “Eu tinha até a sensação que ia me decepcionar, eu não tinha muita identificação no começo, só para o fim do curso que fui mudar meus pensamentos sobre a moda”, lembra.
A moda, segundo Sofia, é uma expressão cultural muito forte, mas é vista pela sociedade em geral como fútil e egocêntrica. No meio destas noções distorcidas, ela se viu querendo mudar estes conceitos, porque em alguns momentos ela também pensava como eles. “Eu queria causar um impacto positivo no mundo, queria fazer algo que não fosse só para mim”, explica.
Na universidade, Sofia destaca as apresentações dos projetos como os momentos de maior desafio durante o curso. “Sou muito tímida. Apresentar os trabalhos era difícil para mim, mas depois eu me sentia tão bem por ter passado por aquilo”, lembra a recém-formada . Ela vê tudo isso como aprendizado, todos os erros e acertos dentro da Unisinos. “Arrisque-se. Tentar e errar dentro da Universidade é necessário para aprender”, aconselha.
Moda vem de família
A família de Sofia sempre foi ligada à moda. A mãe e a avó sempre costuraram por hobby e o bisavô alfaiate plantaram na jovem a sementinha que mais tarde viria a concretizar-se em forma de uma marca. A Amarallina, marca que tem apenas seis meses, nasceu como trabalho de conclusão de Sofia e tem como ideia representar a essência de seus clientes. A referência principal da profissional foi o artista Arthur Bispo do Rosário, considerado louco por alguns e gênio por outros, o artista percebia que ao desmanchar suas roupas e bordar com estes restos, o corpo ia embora, mas a obra permanecia.
Hoje a Amarallina reflete todos os conceitos que Sofia buscava mudar, a marca funciona sob encomenda e Sofia faz todo o processo sozinha, desde a produção até a parte financeira. “Eu estou completamente focada na marca, trabalho só com isso hoje, mas viajo e procuro experiências novas porque isso faz parte do processo criativo”, conta Sofia.
Pingue-pongue
Um professor inesquecível: Paula Visoná, minha orientadora e uma grande intelectual da moda.
Uma vez matei aula para assistir ao show do Gogol Bordello.
Um amigo de infância que fiz durante a faculdade: Tenho três grandes amigas que fiz durante o curso e que pretendo levar para a vida toda, a Carol Geremia, a Stephanie Echevarria e a Sthéfani Pietrowski.
Um livro marcante: O Império do Efêmero, do Gilles Lipovetsky.
Um mico que paguei na faculdade: Passei mal durante a apresentação do meu TCC. A sorte é que isso aconteceu antes da banca, em uma apresentação para a turma. Hoje essa é uma lembrança engraçada, a turma toda se apavorou, me socorreram com prontidão.
Meu lugar favorito na Unisinos: O laboratório de costura, onde a mágica acontece.
Toda pessoa que faz moda é uma pessoa que valoriza os seus sonhos.
Toda pessoa que faz moda deveria ser consciente sobre os impactos que a indústria da moda causa ao meio ambiente e às pessoas.