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Comunicação quebrando paradigmas
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As minorias no Brasil, assim como em todo mundo, estão sempre em busca de igualdade, inclusão, direitos e, principalmente, respeito. Entre os grupos sociais mais comuns estão as mulheres, negros, indígenas, estrangeiros e o movimento LGBT, que necessitam ter sua voz ouvida e reconhecida nos meios de comunicação. E é exatamente essa uma das barreiras mais enfrentadas.

O “filtro” existente nos maiores veículos de comunicação dificulta que pautas ligadas a estas minorias sejam apuradas e publicadas. A sociedade contemporânea de hoje tem como seu principal espaço de interação social e de manifestação, a mídia. Além do que, ela também é a principal ferramenta de construção social, por isso não deveria excluir ninguém.

A criação de meios de comunicação alternativos, como portais de notícias independentes e redes sociais que trabalham com o empoderamento dessas minorias, se tornam grandes aliados nessas lutas. O Portal Colabora é um destes projetos. O site jornalístico não tem fins lucrativos ou vinculação partidária e, através da construção coletiva, aborda diversos temas, como sustentabilidade, educação, economia verde, inclusão social, mobilidade urbana, entre outros.

Um dos fundadores do Colabora, Agostinho Vieira, jornalista formado pela Universidade Federal do Rio de Janeiro,  acredita que é necessário buscar informações e reportagens em veículos alternativos. “Nosso portal busca ter uma visão diferente de país, buscamos olhar de outra maneira e provocar uma reflexão sobre o assunto proposto”, esclarece.

Reprodução/Facebook

Para Vieira, o portal tem a função de “traduzir” muitos assuntos para o cidadão comum, pois a forma que pautas como mobilidade urbana, sustentabilidade e saneamento são retratadas na mídia tradicional não esclarece como essas questões afetam o dia a dia da população. Além disso, o projeto já abriu portas para muitos profissionais que não tiveram a oportunidade ou não desejavam trabalhar em mídias convencionais.

Dar espaço e voz à população menos assistida é um dos principais objetivos do Colabora e, mesmo com dificuldades financeiras, o projeto vai para seu segundo ano de trabalho. O jornalista enfatiza que há muitos projetos diferentes que não são valorizados. “O Brasil não é só aquilo que se vê no jornal. Temos uma frase que costumamos falar e seguir: mais Brasil, menos Brasília”, disse referindo-se à similaridade das pautas dos veículos tradicionais.

Outro veículo de produção jornalística independente  é o portal de notícias Catarinas,  especializado em gênero.  O projeto teve início com as jornalistas Clarissa Peixoto, Paula Guimarães e a consultora de projetos em feminismo, gênero e sexualidade, Kelly Vieira, que tinham em comum o desejo de criar um veículo independente sobre o tema. As três eram assessoras na Rede Nacional Feminista de Saúde, de Santa Catarina.

Para a jornalista e editora Paula, formada na Universidade do Sul de Santa Catarina, portais como o Catarinas são indispensáveis para o Brasil, que, segundo ela, tem um déficit democrático na comunicação. “Se não tem uma complexidade, um pluralismo de vozes não há como entender nosso país”, esclarece.

O portal de notícias abrange diversas questões que ainda são vistos como tabu na sociedade, como prostituição e aborto. Na visão de Paula, a interrupção da gravidez é um dos temas mais difíceis, porém mais urgentes para se debater. “Não sofremos represálias, mas como o aborto envolve religiões, nós enfrentamos resistência na página do Facebook do Catarinas. Este é um tema maçante e difícil até nos movimentos feministas”, explica.

Os meios de comunicação independente encontram algumas barreiras na produção de notícias e uma delas é o financiamento. Na fundação do Catarinas, as idealizadoras realizaram uma campanha de financiamento coletivo para subsidiar a construção do portal. E para a jornalista este é um desafio, pois é preciso remunerar a equipe que presta serviços para o veículo. “Só vamos nos consolidar e conseguir, juntas. É preciso criar essa consciência de que é preciso apoiar os veículos independentes se queremos mudanças”, comenta Paula.

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