A penúltima palestra do TEDxPortoAlegre, que ocorreu na manhã de quinta-feira (22), na Fundação Iberê Camargo, foi do filósofo e professor Rodrigo Duarte, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). O speaker tem um currículo extenso, e entre suas experiências estão três estágios de pós-doutoramento em Berkeley, na University of California, na Universität Bauhaus de Weimar e na Hochschule Mannheim.
O tema escolhido para a palestra foi indústria cultural clássica, estudada pelos autores Theodor Adorno e Max Horkheimer e a Indústria Cultural 2.0, que, segundo Duarte, não teria morrido, mas se transformado. O começo do movimento teria ocorrido em meados do século XIX, em países como França e Grã-Bretanha, a partir de invenções como gramofone, cinema e rádio. Ganhou força com a migração da indústria para os Estados Unidos, mais especificamente em Hollywood, por volta de 1915.
Ressaltando as manobras desenvolvidas pelo mercado cultural de massa, o palestrante foi direto. “A indústria cultural é muito poderosa no sentido do seu público achar que está escolhendo, quando, no mínimo, está sendo induzido. Isso é manipulação”. Para Duarte, os materiais oferecidos por esta indústria, como as produções audiovisuais, já são feitas com uma interpretação própria, sem espaço para o público questionar.
Abordando questões sobre estética e estilo, o pesquisador explica que este movimento da indústria estabelece a rigidez de alguns padrões e, através deles, vende não apenas produtos, mas também status. “Faz parte do status que a indústria cultural 2.0 vende, a questão dos seus produtos parecerem sem finalidade, quando a verdade é que estão totalmente voltados para os ditames do mercado”, diz Duarte.
Denominada também como indústria global, a Indústria Cultural 2.0 tem algumas de suas ações submetidas a matrizes tecnológicas, antes nem sonhadas. Marcada pela troca e transmissão de mensagens audiovisuais, possui um sistema muito mais flexível e realista. No estudo de mercado essas ferramentas são essenciais para compreender a necessidade e a vontade das demandas. “A flexibilidade dos meios digitais de hoje possibilita uma sofisticação melhor e maior da pesquisa das demandas latentes”, completa o palestrante.
A evolução dos meios digitais trouxe um universo enorme de potencialidades. Ao contrário da indústria cultural clássica, que dependia da produção em escala, como na fabricação de discos, por exemplo, atualmente há uma liberdade maior e grandes recursos. “A indústria cultural que tanja o fetichismo surge com uma segmentação muito maior dos meios e valorização dos produtos”, enfatizou. Finalizando sua participação, Rodrigo Duarte deixou a plateia com uma pergunta: “Qual seria o próximo desenvolvimento da indústria cultural? “.