No Brasil, 37 milhões de pessoas não têm acesso ao jornalismo local. Os municípios onde vivem não possuem veículos jornalísticos, segundo o Atlas da Notícia, projeto do Instituto para o Desenvolvimento do Jornalismo (Projor), em parceria com Volt Data Lab. Pensando nisso, a Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) lançou o “Reconstrução do jornalismo local”, curso para apoiar jornalistas que trabalham localmente no Brasil, em parceria com o Projeto Facebook para Jornalismo (FJP).
As inscrições, que foram abertas no dia 12 e vão até o dia 21 de agosto, podem ser feitas por meio deste formulário. Serão ofertadas 1.500 vagas, preferencialmente, para jornalistas que trabalham em veículos de atuação local. O programa terá duração de oito semanas e será estruturado em quatro módulos: “novos processos”, “ferramentas digitais”, “novas linguagens” e “modelos de cobertura e exploração de novos modelos de negócios”.
Deserto gaúcho
A importância do jornalismo local se percebe nos números. No Rio Grande do Sul, existem atualmente 7.622 jornalistas cadastrados no Sindicato dos Jornalistas do Rio Grande do Sul (Sindjors). Porém, dos 497 municípios gaúchos, 283 – mais da metade – são considerados “desertos de notícia”.
Para a chefe de reportagem do Grupo Matinal, Naira Hofmeister, os motivos para tal discrepância nos dados são complexos e necessitam de uma melhor avaliação. Uma das prováveis razões é o fato de que poucos estudantes de Jornalismo seguem na área ao final do curso. “A maioria absoluta dos alunos que se formam jornalistas na universidade não vai trabalhar como jornalista. E o número dos que vão trabalhar em veículo de imprensa é menor ainda”, explica a jornalista.