Para entender um pouco mais sobre o conceito de produtividade, consultamos o Rafael Grohmann, professor da Indústria Criativa e do PPG de Comunicação da Unisinos. Rafael, que também é editor da newsletter DigiLabour – projeto que fala sobre o mundo do trabalho e tecnologia – comenta que a produtividade tem um duplo sentido: “Eu posso ser produtivo para a minha vida, para os meus propósitos, algo que seja cheio de sentido e significado, e que eu me sinta bem com isso, ou pode ser uma produtividade que é incrustada na própria racionalidade empresarial, e que me deixa mais ansioso, sofrendo e estressado. Ou seja, a produtividade tem esses dois lados” explica Rafael. No mundo do trabalho, nos últimos 30 anos, a noção de produtividade foi ligada à competitividade entre os trabalhadores, acentuada por lógicas de gestão, como a gamificação, por exemplo. Isso faz com que as pessoas produzam para determinados propósitos e de forma acelerada, aumentando a ansiedade (do trabalhador), o que seria negativo, como esclarece o professor.
Um exemplo é o Google. Rafael explica que por mais que haja no imaginário a percepção de que trabalhar na empresa é divertido, e até tenha uma regra que reserve 30% da carga horária para trabalhos destinados a projetos pessoais, os funcionários já declararam que não existe tempo para isso. Este é o contexto de uma produtividade a partir de uma lógica empresarial.
O professor deu sugestões de produtos midiáticos para pensar e problematizar um pouco mais o tema, como o canal no Youtube Vida Organizada, da Thais Godinho, o podcast PapoCom, da Universidade Federal do Ceará e a Newsletter DigiLabour, na qual Rafael é Editor. Além disso, o professor indicou dois livros: A Nova Razão do Mundo, do Pierre Dardot e Christian Laval, e O Culto da Performance, do Pedro Fernando Bendassolli e Alain Ehrenberg.
Da produtividade para a gestão do tempo…
A gestão do tempo sempre foi assunto nos meios de trabalho e de estudo. Qual o melhor aplicativo para se organizar no trabalho? Ou qual o melhor método para evitar as distrações durante os estudos? Essas perguntas ganharam ainda mais relevância após o distanciamento social. Por isso, o Mescla conversou com alguns professores do curso de Comunicação Digital para ouvir as suas sugestões e entender um pouco mais sobre a relação tempo e produtividade. Antes, é importante lembrar que os métodos de organização variam de pessoa para pessoa. Por exemplo, o repórter que escreve esta matéria ainda é adepto do post-it grudado na parede. Entender como você se comporta diante das tarefas diárias é um passo importante para definir qual método será melhor.
A dica do Fernando Krum, que é professor em vários cursos da Indústria Criativa dentre eles Comunicação Digital, Jogos Digitais, e Design, é a aplicação Focus To-Do, aplicativo para organizar as suas tarefas e projetos. Segundo Fernando, a plataforma, além de já incorporar a Técnica Pomodoro, agrega características que são essenciais para evitar possíveis distrações: “Algo que acontece muito quando trabalhamos de casa é que acabamos misturando um pouco o que é espaço de lazer com espaço de trabalho, por isso, encontrarmos “slots” de tempo para realizarmos os pontos que determinamos em nossa agenda pode ser uma ótima prática. Outro problema, também, é a distração com ruídos alheios, por isso a música instrumental é muito boa. Existem várias playlists de Deep Focus Music no Youtube”, explica o professor.
“Acho que tem uma palavra: foco, que vale para qualquer atividade. Na minha visão, perseguir isso é importante”, é o que resume Silvio Alves, professor da Indústria Criativa e Engenheiro de Software da equipe de Produtos Digitais do Grupo RBS. Além das ferramentas necessárias, estipular prioridades é essencial para manter a organização do fluxo de trabalho. Vindo de uma formação no campo das ciências exatas, Silvio explica que a busca pela produtividade, que para ele implica na entrega rápida de produtos sem perda de qualidade, sempre esteve presente nas suas relações de trabalho. Um dos processos utilizados para alcançar este objetivo são os métodos ágeis, que consistem em um grupo de boas práticas que inclui reuniões diárias de até 15 minutos, por exemplo: “Essas reuniões servem para as pessoas falarem o que já fizeram, o que conseguiram fazer, quais foram as suas dificuldade e o que está previsto para entregar”, complementa. Junto com os métodos, o professor comenta que algumas plataformas podem auxiliar nessa organização. São elas o Trello, para organizar as atividades diárias, o Slice, que auxilia nas reuniões e nos brainstorms e o Jira, para planejar vários projetos.