A 19ª e última aula das disciplinas de Jornalismo Literário e de Projeto Experimental em Fotografia, conta com a apresentação da edição 54 da revista-laboratório Primeira Impressão, produzida pelos alunos das duas turmas. Com as aulas presenciais substituídas pelas remotas, devido à pandemia do coronavírus, a publicação teve que ser elaborada totalmente a distância. lançamento será hoje, 07 de dezembro, às 19h30min,e contará com duas apresentações artísticas: da Orquestra Cateura, do Paraguai; e do músico Francis Silveira.
Frente à tamanha amplitude de abordagem, as reportagens da 54ª edição se exercitam sobre as características do gênero jornalístico e de suas aproximações à Literatura. São, assim, textos em profundidade, que tratam de temática dupla: “por quê” e os “mistérios da mente”. A PI 54 tem projeto gráfico e diagramação de Marcelo Garcia, reportagens sob orientação do professor Luiz Antônio Nikão Duarte e a direção das fotografias do professor Flávio Dutra.
O lançamento será pela plataforma Teams, e terá ainda a presença do coordenador do curso, Micael Behs e de convidados que foram fontes das reportagens. O professor fará um registro sobre como foi produzir uma revista impressa em circunstâncias que atrapalham as melhores práticas do tradicional jornalismo e cada aluno contará como entrevistou e obteve as imagens das pessoas para os textos que produziram. Acompanhe a 54ª edição da revista Primeira Impressão.
Um pouco sobre o processo
Docente da Unisinos desde 2010, o professor Luiz Antônio Nikão Duarte ministra há dois anos as aulas da disciplina de Jornalismo Literário e conta como foi o processo de produção dos materiais de forma remota, já que estamos vivendo uma pandemia. “Em condições normais, sempre se defende que o contato entre repórter e fonte seja direto, presencial, que, nessas condições, tecnologia nenhuma pode ser mais eficiente. Com mais de 40 anos de exercício profissional jornalístico, precisei revisar um conceito anterior e admitir que a prática possível neste momento é a da apuração remota. Está sendo um aprendizado também para mim, inclusive para, admitindo os recursos tecnológicos como formidáveis soluções, entendê-los como temporários. Espero que, logo a tecnologia volte ao seu lugar de direito: de auxiliar o trabalho humano”, pontua Nikão.
A repórter Estephani Richter comenta sobre a sua pauta: Por que a música pode transformar vidas? Foi graças à prática da separação do lixo que a Orquestra de Instrumentos Reciclados de Cateura nasceu. Há 14 anos a música trouxe esperança aos moradores de BañadoSur, bairro periférico da capital paraguaia. Ali fica o aterro sanitário Cateura, onde são encontrados os materiais utilizados na construção dos instrumentos dos músicos da orquestra. O projeto já mudou a vida de muitos jovens daquela comunidade, e vem mostrando ao mundo o poder transformador da música.
“Como sou natural do Paraguai, eu já conhecida um pouco da história da Orquestra. No momento de sugerir o tema da revista, já estava querendo que fosse algo ligado à música, com o intuito de contar um pouco mais daquela trajetória. Me emocionei ouvindo as histórias. A pandemia, de modo geral, facilitou a realização esta reportagem, pois caso fosse em ‘dias normais’ seria muito difícil eu ir pessoalmente até o Paraguai. Quando vi a página com a minha reportagem fiquei super feliz, está linda a revista”, comenta a estudante Estephani
A estudante Sara Nedel Paz trabalhou como fotógrafa na mesma matéria, Segundo Sara, os fotógrafos, como os repórteres, trabalharam em conjunto de forma construtiva. “O conhecimento que tive nesta disciplina foi muito positivo. Proporcionou uma forma de fotografar diferente, a questão de direcionar as fontes para a realização das imagens. E estou bem ansiosa para o lançamento. Ver como ficou a revista, e como será aceito este trabalho pelas pessoas”, diz.
Conforme o Professor Nikão, o maior impacto foi na edição anterior, em que a pandemia pegou o semestre letivo começando. Para esta edição, está valendo a experiência acumulada na PI 53de enfrentamento e superação das dificuldades de apuração remota. “Esta edição repete a situação anterior, de ser feita totalmente de forma remota; mas tem duas situações inéditas. Primeira é bitemática: “Por quê?” e “Mistérios da mente” – as anteriores sempre tiveram um tema só. E segundo, a impossibilidade de contato entre repórter e fonte levou a turma do professor Flávio Dutra a transformar seus alunos em “curadores fotográficos”, em que em vez de fotografarem, eles orientaram as fontes sobre a melhor captação de imagens”, destaca.
O professor de Projeto Experimental em Fotografia, Flávio Dutra destaca a importância deste semestre para a sua trajetória, pois foi a primeira vez que teve a experiência de produção remota de fotografia. “Cada estudante tinha duas matérias para pensar sobre as imagens que seriam relevantes colocar na revista. Trabalhei junto com os fotógrafos, dentro das condições possíveis. Não tínhamos como ir para a rua, onde é essencial para um fotógrafo. Desta forma, produzimos as imagens, em forma de orientação das fontes se fotografarem. Ou seja, aconteceu a curadoria fotográfica. Mesmo com as dificuldades impostas, a marca do semestre foi ver as pessoas com desafios a serem enfrentados e resolver de forma positiva. Repercutindo assim, no resultado da PI e na relação com os colegas”, finaliza.