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#ciência #educação #pesquisa
“Garçom, desce uma dose de ciência, por favor”
"Evento Pint Of Science Brasil, que começa nesta terça-feira (8/9), leva pesquisadores renomados a bares e locais públicos para conversar sobre seus estudos de forma simples e democrática"
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Basta um pouco de álcool no corpo para que muitos se transformem em filósofos, cientistas e conhecedores de tudo o que há de mais complexo nesse mundo. Mas já pensou em realmente aprender sobre teorias e pesquisas científicas em uma mesa de bar enquanto bebe com seus amigos? Essa foi a ideia que motivou a criação do Pint of Science, evento que leva especialistas de diferentes áreas a bares e locais públicos para conversar sobre seus estudos. Com início nesta terça-feira (8/9), o objetivo é tornar o acesso à ciência de ponta muito mais simples e democrático.

O próprio nome do evento já é um ensinamento. “Pint” nada mais é do que uma medida de aproximadamente 578 ml usada na venda de chopp e cerveja no Reino Unido, local de origem do evento, em 2014. Em uma tradução livre, seria algo como “Garçom, desce uma dose de ciência!”. 

Marcelo Bragatte é quem coordena o evento em Porto Alegre. Ele explica que a ideia era criar um momento de descontração, tendo a ciência como pauta, uma espécie de happy hour. O Pint of Science chegou ao Brasil em 2015, e na Capital gaúcha em 2017. Hoje, já são 73 cidades brasileiras divulgando ciência por meio do evento. No mundo, são 11 países. “Sempre tendo cientistas empolgados querendo compartilhar seu trabalho e mostrar como a ciência influencia em nosso dia a dia”, comenta Marcelo.

Antes da pandemia, o evento era realizado em vários bares das cidades participantes (Foto: Arquivo / Pint of Science)

O evento, que antes da pandemia acontecia em formato de mesa redonda ou bate-papo em diferentes bares de Porto Alegre, este ano será totalmente online. Marcelo, que também é pesquisador e membro coordenador da Rede de Análise COVID-19, lembra que, no formato original, as pessoas interagiam com os convidados, “desmistificando qualquer figura de cientista distante de nós”. Nesta edição, as mesas redondas serão via YouTube nos dias 8/9, 9/9 e 10/9, com interação por meio de chat

Trazendo a tona a necessidade de mais investimentos na ciência, o Pint of Science Brasil incluiu as comemorações à independência brasileira no slogan de 2020 “Investimento ou Morte”. E é em volta disso que circularão as conversas durantes os três dias. Para participar, não tem custo nenhum. Basta entrar no link correspondente e aprender muito. As palestras começam às 20h. 

Para dar início, o primeiro bate-papo da edição nacional do evento será “Investimento ou Morte!”, com Helena Nader, da Academia Brasileira de Ciências, e Filipe Figueiredo, do canal Nerdologia e do podcast Xadrez Verbal

Filipe explica que o bate-papo vai girar em torno da importância do investimento em pesquisa científica e educação. Ano passado, o historiador já havia participado da edição em Foz do Iguaçu e lamenta que, este ano, não possa haver a interação presencial. “O importante é trazer dados que geram debates essenciais”, salienta.

Ele comenta ainda que, apesar de necessária, divulgar a ciência nas mídias não é suficiente. “É preciso ter uma cultura de valorização da educação, da ciência e do conhecimento desde a primeira infância. O trabalho das pessoas que produzem conteúdo online é um ingrediente de uma receita muito mais ampla”, diz Filipe.

Na quarta-feira, 9/9, os convidados serão Ricardo Gazzinelli, da Sociedade Brasileira de Imunologia, e Iberê Thenório, do Manual do Mundo. O tema do debate será “Quem tem medo da vacina chinesa?”. E na quinta-feira, 10/10, Gustavo Goldman, da Sociedade Brasileira de Microbiologia, e Natália Pasternak, do Instituto Questão de Ciência, discutirão “Ciência verde e amarela”. 

Porto Alegre

O evento na Capital gaúcha começará às 19h e seguirá até o horário do Pint nacional. Hoje, 8/9, Jeferson Arenzo, professor do Instituto de Física da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), comandará o bate-papo “Zumbificação e desinformação”. “Hoje, existem dois vírus que circulam pelo mundo: um é o da Covid-19 e o outro o das fake news”, alfineta, comparando o fenômeno das notícias falsas a um apocalipse zombie. 

Jeferson acredita que uma das soluções para esse problema é a divulgação científica, criando senso crítico e ceticismo. “Divulgação científica é como saneamento básico, é fundamental atingir a todos. Uma iniciativa como o Pint Of Science ajuda a ampliar os nichos atingidos, mas é só um início. Precisamos de mais iniciativas assim, que alcancem um público maior e mais heterogêneo”, observa Jeferson, que já trabalhou, em anos anteriores, na organização do evento.

Jeferson é professor da UFRGS e um dos integrantes do podcast Fronteiras da Ciência (Foto: Arquivo Pessoal / Jeferson Arenzon)

Jeferson também é integrante do podcast Fronteiras da Ciência, junto com outros três professores da UFRGS, em que falam dos mais diversos assuntos. Dependendo da conversa, entrevistam convidados que conheçam o tema. “É isso que faz falta hoje na internet, que as pessoas aprendam a procurar as fontes da informação, a serem criticas, a fazer perguntas e tentar respondê-las antes de repassar a notícia no WhatsApp”, observa o professor.

Além dele, na quarta-feira (9/9), haverá um bate-papo com Mellanie Dutra, que coordena a Rede Análise COVID-19. A médica abordará o tema “Vacinas e o desafio do novo normal”. Fechando o evento em Porto Alegre na quinta-feira (10/9), “Parent in science” será discutido por Fernanda Staniscuaski, que tratará sobre a realidade da maternidade no universo científico.

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