Não é novidade que, nos últimos 20 anos, as coisas mudaram bastante em todas as áreas da sociedade. Evoluímos pensamentos morais, mudamos as estruturas fundamentais que regiam a sociedade e passamos a ver a ciência como uma fonte infinita de conhecimento. A tecnologia não deixou por menos. Como a capacidade de armazenamento de dados aumentou exponencialmente, é comum ver dispositivos eletrônicos cada vez menores e mais leves. A internet é parte fundamental da vida de pelo menos metade da população mundial. Com ela, ultrapassar as fronteiras geográficas não é mais um problema. Todos os dias, podemos receber em casa informações sobre qualquer lugar do mundo — ou de fora dele — com um simples smartphone.
É claro que a Agência Experimental de Comunicação (Agexcom) não iria ficar de fora dessas mudanças. Apesar das grandes melhorias de tecnologia, o período de adaptação não foi tão fácil para estagiários e funcionários ao longo dessas duas últimas décadas. O Marcelinho (supostamente conhecido como Marcelo Garcia) começou a estagiar na AgexJor em janeiro de 2000 e virou funcionário da agência em agosto do mesmo ano. Com 20 anos de trabalho dentro da Unisinos, acompanhou muitas das mudanças físicas e tecnológicas.
Quando ainda eram três agências experimentais (AgexJor, AgexPP e AgexRP), as equipes ocupavam as salas onde hoje estão os laboratórios de TV e as instalações do curso de Realização Audiovisual (CRAV) e do curso de Fotografia. Na junção que transformou as três equipes em uma, foi preciso realocar todos os equipamentos e pessoal para uma sede grande o suficiente, e o Marcelinho acompanhou todos os trabalhos.
“A solução adotada foi desativar um andar inteiro do prédio D01, que na época era conhecido como ‘prédio das Ciências da Comunicação’ ou ‘Centro 3’”, explica ele. “Ali funcionavam seis salinhas de reuniões que alunos e professores usavam para encontros de TCC e monitorias de disciplinas”, lembra. As salinhas iam da entrada do andar até a sala dos racks de informática, segundo a memória precisa de um dos mais antigos funcionários da Comunicação Social. Depois dali, ficava a sala Multimeios, com uma televisão grande, daquelas de tubo, e videocassete embutido, destinada a filmes e videoaulas.
“Como as divisórias das salas eram removíveis, tudo foi abaixo rapidamente”, conta Marcelinho. “Pelo novo projeto, a Agexcom não teria divisórios, pois a ideia era justamente promover a integração entre as áreas de comunicação. Essa questão de integrar Jornalismo, Publicidade e Propaganda e Relações Públicas estava em alta.”
Na nova sede, as mesas foram padronizadas. Foram trazidas mesas de mogno de outros setores, Já armários, televisores e computadores foram reaproveitados das antigas agências. Apesar de ser um espaço para várias áreas da comunicação, as equipes na recém-inaugurada Agexcom acabaram distribuídas da mesma forma que as antigas agências. A Cris (também conhecida como Cristiane Rodrigues Herold) entrou na agência em 2011 como funcionária de RP, e lembra dessa organização. “Na época, a gente ainda tinha aquela divisão entre o núcleo criativo e o núcleo de jornalismo. Na entrada, era praticamente uma ilha de edição. Logo que se entrava, do lado direito ficava a mesa da coordenadora geral, a professora Thaís Furtado, junto com o pessoal do atendimento”, recorda.
Logo depois, ficava a Área de RP, com a Cris, a professora Nadege Lomando e quatro estagiários. Nessa organização, os funcionários e professores das respectivas áreas ficavam junto aos estagiários. Depois, ficava a Área de PP, com a equipe que veio da AgexPP. “Era a maior área, pois ocupava em torno de seis bancadas”, relembra Marcelinho. A Cris ainda cita que, depois de PP, ficava o pessoal da Programação, importante para colocar os sites no ar e permitir as adaptações de tecnologias. Na sequência, ficava a sala de reuniões, isolada por divisórias, que mais tarde foi convertida em espaço de convívio, se tornando um membro importante da Agex. Foi batizada de Vanessa — isso mesmo. Mas essa é uma história para outro momento. Um pouco isolados, quase nos fundos da agência, ficava, então, a equipe de jornalismo, espalhada em duas ou três bancadas.
“Por fim, foi criada uma sala de aula para 30 lugares”, ordena Marcelinho, que ficava ali pelos fundos também, junto com os estagiários de Jornalismo. “A ideia era aproveitar o andar para receber aulas dos três cursos no período da noite. As aulas poderiam aproveitar a nova sala e toda a infraestrutura da Agexcom.”
A lógica das equipes se manteve até 2017 com poucas alterações, como a criação dos núcleos de audiovisual e digital, mas outras mudanças ocorreram fisicamente. “A própria fachada mudou”, recorda Cris. “Ela era verde e amarela, depois trazia um grande catavento”. Isso foi quando o slogan da agência era “comunicação e movimento. A última adesivagem trouxe um perfil mais colorido e eclético para a porta de entrada, que se reflete também no interior.
Em 2017, a agência, que além das pesadas mesas de mogno tinha grandes armários com livros de pesquisa e CDs com trabalhos gravados, fez a mais recente alteração física, realocando esses arquivos e mudando os móveis. “Alguns tinham cupim. E as cadeiras antigas eram desconfortáveis”, conta Cris. Depois de uma “pausa dramática” para reestruturação da rede elétrica e de dados — uma das raras vezes em que a Agexcom funcionou fora da sua sede, passando uma temporada na sala da Beta Redação, lá no quarto andar do prédio D01 —, o layout passou a organização de agora, com todos os estagiários reunidos na frente, pertinho dos funcionários e onde podem trocar ideias entre si mais facilmente.
Áh, e as cadeiras ficaram bem mais confortáveis.
Tecnologicamente falando
Ninguém melhor do que o Marcelinho para falar do quanto a tecnologia se tornou importante nesse meio tempo em que trabalha na Agexcom. “Ao longo de 18 anos de vida, a Agexcom entregou inúmeros trabalhos aos seus clientes, muitos deles premiados em concursos locais e nacionais. Tudo só foi possível graças ao talento dos alunos, dos professores e dos funcionários. Além de uma ajudinha extra: a tecnologia”, avalia.
Quando foi inaugurada, em 2003, a maioria dos equipamentos eram analógicos. “Os computadores estavam lá, claro, não somos tão velhos!”, brinca ele. “Mas eram mais lentos que os de hoje. Dava para ler e enviar e-mails, acessar sites, incluindo o Orkut, e softwares da época, como o CorelDraw 8, o QuarkXPress 4 e uma versão rudimentar do Photoshop.”
Segundo Marcelinho, como as práticas profissionais ainda não eram muito digitalizadas, para pedir a compra de materiais de escritório, por exemplo, era preciso preencher um formulário à mão, em três cópias feitas com folhas de papel carbono. Os celulares só serviam para enviar SMS e fazer ligações, mas legal mesmo era usar os telefones de mesa para fazer ligações entre áreas, setores e externas. “Todo mundo sabia como transferir uma ligação entre ramais”, comenta ele — provavelmente uma indireta para os estagiários de agora, como eu, que não sabem realizar essa difícil tarefa.
“Tínhamos uma impressora a jato de tinta que vivia dando problema e brigávamos muito com ela”, recorda Cris. Essa era uma das tantas que, ao longo dos anos, sucederam a impressora pioneira: “Era uma enorme impressora colorida, a laser, um pouco maior do que uma fotocopiadora atual. A impressão era ótima, mas levava uns três minutos por folha!”, complementa Marcelinho.
A agência possuía duas câmeras fotográficas analógicas que usavam filmes e duas câmeras digitais a pilha que armazenavam as imagens em disquetes. “Era sempre uma tensão saber se as pilhas estavam carregadas ou não”, conta Cris, já que, na maioria das vezes, a tarefa de manter as pilhas carregadas era, digamos, esquecida.
Para as campanhas de comunicação, era preciso escanear as imagens a partir de um original em papel, como fotografias e livros de agências de imagens — isso seria um antepassado do Pinterest? “Por descompasso de tecnologias entre as atividades, inserir uma imagem produzida por um aluno em uma reportagem a ser impressa em uma revista era algo quase surreal para os padrões de hoje”, explica Marcelinho. Os alunos recebiam uma câmera analógica e dois rolos de filmes com 24 poses. Nada de esperar pela sorte, cada foto era contada e especial. Depois, entregavam os rolos para a Agex, que providenciava a revelação em laboratórios terceirizados. Com as fotos em mãos, os alunos escolhiam as melhores. Então, elas eram digitalizadas para serem utilizadas na diagramação. Já pensou no trabalho?!
Já nos anos 2010, depois de alugar novíssimos tablets para ações de comunicação, a Agex recebeu dois equipamentos como permuta por um trabalho para uma empresa do Tecnosinos. A novidade animou tanto os estagiários que o pessoal levava as apresentações salvas no novo aparelho. Entrevistas, gravações, tudo era possível com um tablet. O digital estava com tudo!
Os computadores melhoraram de desempenho, a Agex ganhou o seu primeiro computador Mac, as redes sociais transferiram a comunicação para o ambiente online, as câmeras analógicas foram substituídas por modelos digitais e é possível criar arte sem papel. “Inclusive o fax sumiu! Até hoje, não sei onde ele foi parar”, brinca Marcelinho. E os telefones de mesa? “Áh, esses ainda estão lá, nas mesas, curtindo um ócio.”
Aliás, como será que eu transfiro uma ligação… Vou aproveitar para dar uma conferida.