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Impressões físicas em um tempo sem toque
"O distanciamento social dificulta muitas tarefas do cotidiano. Entre elas, produzir jornais e revistas, que dependem do contato com as pessoas. Mas alunos do curso de Jornalismo do campus Porto Alegre superaram esse desafio "
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Neste primeiro semestre, duas produções essencialmente físicas do curso de Jornalismo do campus Porto Alegre nasceram à distância. As publicações impressas “Leia Unisinos Porto Alegre” (Lupa) e “Josefa” foram elaboradas, redigidas e finalizadas longe das salas de aula devido ao distanciamento social provocado pelo novo coronavírus. A construção de matérias e reportagens pelos alunos foram realizadas a partir de suas casas. Entrevistas com as fontes, por exemplo, foram feitas por telefone, WhatsApp e vídeo chamada. 

A disciplina de Jornalismo Impresso e Notícia produziu a 14ª edição do jornal “Lupa”, que pela primeira vez será encartado no jornal “Babélia”, da cadeira irmã do campus São Leopoldo. Já a atividade acadêmica de Jornalismo Literário foi responsável pela 4ª edição da revista “Josefa”. As imagens utilizadas nas publicações foram retiradas de bancos online de imagens, arquivos pessoais das próprias fontes e algumas foram produzidas pelos alunos em suas residências. 

Professora Taís Seibt (Foto: reprodução/redes sociais)

“Produzir um jornal à distância é uma dificuldade mesmo para jornalistas profissionais com experiência”, conta a professora Taís Seibt, responsável por conduzir os alunos de início da graduação a terem seu primeiro contato com a produção de notícias e ambiente de redação jornalística. Uma das soluções que encontraram ao longo do semestre foi acompanhar debates e problematizações em cima dessa nova prática jornalística e dessas mudanças. Taís conta que o próprio “Lupa” abordou essas questões em suas páginas “O resultado foi muito gratificante por conseguirmos vencer todos os obstáculos”, avalia a professora.

Professor Everton Cardoso (Foto: reprodução/redes sociais)

“Fazer a revista ‘Josefa’ sempre é um desafio”, aponta o professor Everton Cardoso, que, neste semestre, além de ajudar os alunos a desenvolverem reportagens do gênero literário, também os auxiliou no aprendizado de técnicas e na busca de uma identidade para o texto. “Temos pouquíssimos meses para conhecer os alunos e o processo da disciplina é muito particular”, explica. Ele destaca que os jornalistas são orientados a vida inteira para diminuir o tamanho de suas produções, mas, em uma revista, esse processo é o inverso. “Fazer isso no contexto em que estamos é desafiador. E o meu papel, nesse processo em que cada repórter precisa se conhecer, é de orientação, de referência”, avalia o professor.

O ensino à distância foi algo que atingiu a todos os professores e estudantes. A nova realidade exigiu de Taís uma adaptação quase instantânea. A professora avalia que, como a disciplina foi planejada para ser no formato presencial, a mudança para o ambiente online trouxe alguns obstáculos. “Os estudantes tiveram  dificuldade no acesso aos acontecimentos e às fontes, além da falta de ter professor ao lado para consultar e tirar dúvidas”, explica. 

O próprio tema da revista, “fora da curva”, é uma descrição de 2020, reflete Everton. “Inevitavelmente, a revista é um retrato deste momento, de como o mundo está percebendo tudo isso”, comenta. Para o professor, daqui algum tempo, outros aspectos do cotidiano irão demonstrar como foi viver uma pandemia. “A gente vai olhar para arte, para o jornalismo, para a literatura, para o cinema e vai entender uma época, não só pelos assuntos, mas pelo clima. E a revista é isso, ela traduz um pouco esse clima, o momento que estamos vivendo, seja pelas suas limitações, potencialidades e características”, aponta. A revista “Josefa” está com previsão de lançamento para o mês de Agosto.

Estudante Alana Schneider (Foto: reprodução/redes sociais)

Para a estudante do quarto semestre Alana Cláudia Schneider, de 19 anos, ter participado da elaboração do “Lupa” foi algo super gratificante. Ela diz ter se adaptado bem ao ensino à distância, mas que sente pelo afastamento forçado dos colegas e professores. “Eu sempre tive dificuldade de entrar em contato com as fontes, e, nessa situação, senti as pessoas mais amigáveis. Eu tive experiências muito incríveis nessa disciplina”, lembra. 

Estudante Ulisses Machado (Foto: reprodução/redes sociais)

O futuro jornalista Ulisses Machado, de 26 anos, estudante do oitavo semestre, aponta que teve dificuldades na produção do texto por conta do tema que escolheu, que retrata as pessoas não binárias. “Achar essas pessoas e tentar contato virtual foi complicado. Foi mais trabalhoso do que se eu tivesse feito presencialmente”, destaca. Para Ulisses, o feedback dos textos também que complicado. “Alguns momentos em sala de aula são insubstituíveis”, avalia.

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