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Fantaspoa reúne mais de cem filmes para exibição em Porto Alegre
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Com o objetivo de promover o cinema de gênero fantástico (ficção-científica, fantasia, horror e thriller), a capital gaúcha recebe a 14° edição da Fantaspoa. Entre os participantes estão os diretores dos longas-metragens “A Pedra da Serpente” e “Mata Negra”, Fernando Sanches e Rodrigo Aragão, respectivamente. 

No ano passado, Sanches venceu na categoria júri popular com a obra “Ruanita”. Em 2018, ele retorna com a estreia de seu primeiro longa, citado anteriormente. O filme é coproduzido por João Fleck e Nicolas Tonsho, ambos responsáveis pelo festival. 

“Ruanita”, de Fernando Sanches | Foto: Divulgação

A parceria entre o trio surgiu ano passado, após a vitória de “Ruanita”. “Eles queriam saber se eu tinha algum projeto para eles coproduzirem, aí veio à tona a ideia do ‘Pedra da Serpente’. Ver como eles tratam os diretores brasileiros e de fora é muito interessante. Estou com dois parceiros que já têm uma carreira extensa de longas-metragens de gênero”, conta Sanches. 

Aragão comemora dez anos de parceria com o festival. Em 2008, estreou o primeiro filme, “Mangue Negro”. “Foi um marco na minha vida, e acredito que um marco também na Fantaspoa. Então eu estou muito feliz de dez anos depois estar lançando o meu quinto longa-metragem.  Dos cinco longas, quatro abriram a Fantaspoa”, comenta Aragão. 

Como se cria um cineasta? 

Fernando Sanches nasceu em 1976. Adolescente dos anos 90, cresceu cultivando um amor pelo terror. Alugava filmes como “Sexta-feira 13”, “A Hora do Pesadelo” e “Brinquedo Assassino” escondido. Quando o pai comprou o primeiro VHS, Sanches pôs em prática o gosto por filmagem. Surgem os primeiros filmes trash que, anos depois, evoluem para longas-metragens.  

O diretor lembra que “E.T.”, de Steven Spielberg, foi o primeiro filme assistido. Também viajava muito, quando criança, para Peruíbe, no litoral sul de São Paulo. “Meu vô tem casa lá, e a gente sempre ouvia relatos de disco voador”, diz.  

Com o imaginário voltado para extraterrestres, o enredo de “A Pedra da Serpente” surgiu como uma forma de trabalhar o que é real e fantástico, e o que não é. “Filmar em uma cidade pequena, litoral, acho que fica tudo mais barato. São Paulo é uma cidade muito cara para filmar e a gente fez cinco diárias lá (Peruíbe) e duas aqui em São Paulo. Foi uma coisa super corrida”, fala Sanches. 

“A Pedra da Serpente”, de Fernando Sanches | Foto: Divulgação

Rodrigo Aragão, 41, descobriu a vontade de ser diretor ainda na infância. “Star Wars” foi a principal influência. “Eu sempre fui muito frustrado por não existir esse tipo de filme no Brasil, por a gente não ver heróis brasileiros lutando contra monstros. É o tipo de filme que eu sempre tive vontade de fazer”, revela o cineasta.  

O enredo de “Mata Negra” existe há cinco anos e é uma continuação de “Mar Negro”. No novo filme, Aragão decide acrescentar magia na narrativa aterrorizante. Fugir do tema zumbi e entrar na fantasia, acrescentando um elemento brasileiro: a floresta tropical. 

O Brasil tem cineasta?  

“Trabalhar com cinema no Brasil é, ao mesmo tempo, terrível e maravilhoso porque é muito difícil”, revela Rodrigo Aragão. O longa dele, que estreia no festival, teve um orçamento de R$ 600 mil. “É um filme, ainda, muito pequeno pros padrões internacionais, mas eu acho que a gente consegue fazer esse dinheiro multiplicar muito com criatividade e uma equipe maravilhosa”, comenta. 

“Mata Negra”, de Rodrigo Aragão | Foto: Divulgação

Fernando Sanches vê o mercado brasileiro cada vez mais propício para produções cinematográficas “devido a algumas coisas. A democratização dos meios tecnológicos, com as câmeras mais modernas e a parte de pós-produção se consegue finalizar de um jeito mais barato, mais fácil. As políticas de desenvolvimento, de investimento, de produção, eu sinto que está cada vez mais propício”, comenta. 

Para Sanches, o streaming gera possibilidades. “O filme de baixo orçamento, às vezes, nem entra em uma sala comercial, ou quando entra fica uma semana e sai. Hoje você tem streaming, canais específicos, tem uma gama de coisas aí para fazer. Então, acho que tá cada vez melhor fazer cinema no Brasil”, conta. 

O festival Fantaspoa 

De 17 de maio a 3 de junho, os filmes serão exibidos na Cinemateca Capitólio Petrobras, preço único de R$ 10, e na Sala Redenção Cinema Universitário, entrada gratuita, no prédio da antiga Biblioteca Central da UFRGS. A décima quarta edição do evento é uma apresentação do Ministério da Cultura com patrocínio do Banrisul e do Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul (BRDE). 

Três longas-metragens internacionais terão suas premières no evento. São eles “Após a letargia”, do espanhol Marc Carreté, “The Witch Files“, do americano Kyle Rankin, e “A Próxima Morte” do também americano Mike McCutchen. Será exibido o reboot (uma nova versão de uma obra de ficção) da franquia “Puppet Master: the littlest reich“, dirigido por Sonny Laguna e Tommy Wiklund. 

Foto: Divulgação

Alguns filmes terão sua estreia latino-americana, entre eles “Os Garotos Selvagens”, do francês Bertrand Mandico, e “Os Tigres Não tem Medo”, longa que mostra a participação de crianças na indústria do tráfico. O filme foi dirigido pela mexicana Issa López.  

De acordo com a equipe do evento, grande parte das obras terão exibição inédita na América Latina. Acompanhando as datas, serão feitas sessões especiais com debates com diretores e produtores. Também serão oferecidos cursos de formação no Santander Cultural e no Centro Cultural CEEE Erico Verissimo. 

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