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Mais segurança e privacidade para jornalistas
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Jornalista e fonte tem uma das relações mais importantes dentro da comunicação. Por isso, privacidade e segurança na troca de informação são pontos de maior cuidado para repórteres. Recentemente, o jornalista da Folha de São Paulo Raphael Hernandes desenvolveu o site Privacidade para Jornalistas, com o intuito de auxiliar profissionais da área. Baseado no site australiano Privacy For Journalists, do CryptoAUSTRALIA, movimento quer reforçar as medidas de segurança e a importância da conscientização dentro das redações.

Em entrevista para o Portal de Notícias da Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo, Hernandes relatou que o interesse no assunto nasceu após um trabalho voluntário na CryptoRave, evento que integra o movimento global CryptoParty e aborda segurança, criptografia e privacidade na rede.“Sempre me interessei pelo assunto, mas nunca havia tido um contato tão próximo. Me assustei um pouco com o que vi e fiquei pensando no quanto jornalistas estão expostos a isso e pensei que poderia prestar algum serviço nesse sentido”, disse o jornalista.

A iniciativa também desenvolveu ferramentas para analisar cenários e possíveis ameaças nas quais os profissionais estão expostos. Entre elas há um procedimento a ser seguido, que pode facilitar a troca de informações as medidas de seguranças necessárias. Raphael Hernandes sugere quatro perguntas essenciais: O que você não quer que os outros saibam? Por que alguém iria querer saber isso? Quem? Como essa pessoa poderia conseguir essa informação? O que acontece se ela descobrir?

Comunicação através das redes sociais, e-mail ou aplicativos da web é algo corriqueiro e comum nas redações e pelas pessoas em geral, por isso medidas de segurança também devem ser adotadas no meio online. Dentro do site Privacidade para Jornalistas está disponibilizado uma relação de links e guias úteis para saber como agir em situações de vulnerabilidade. Segurança da informação engloba não apenas profissionais da área da comunicação, mas todos que compartilham arquivos, dados, mensagens, etc.

Perseguição ostensiva, riscos na troca de dados e mensagens ainda são questões que os jornalistas brasileiros estão se habituando. Em países no Oriente Médio ou na Venezuela, por exemplo, essas preocupações são mais frequentes. “Nós precisamos desenvolver esse olhar e no congresso que ocorre em São Paulo nós teremos a oportunidade de discutir mais esse assunto. É patético, mas se eu estou no Facebook, no Instagram todos podem saber o que estamos fazendo, ou seja, cada vez menos eu tenho controle sobre isso”, comenta a professora da Unisinos e jornalista, Luciana Kraemer.

Luciana explica também que as atitudes tomadas dependerão do tipo de matéria, das informações trocadas e do contato estabelecido. Além disso, a relação de confiança muitas vezes deve ser maior por parte da fonte, do que do jornalista. “A privacidade está sujeita a algumas condições e dependendo do assunto ninguém pode saber que tenho acesso a fonte, ao menos que ela aceite. Por exemplo, é preciso saber se é um informante, alguém que sistematicamente te fornece informações em um determinado local. Policiais, assessores, técnicos que trabalham em áreas estratégicas, são informantes de jornalistas.

Nos dias 4 e 5 de maio ocorre em São Paulo a quinta edição da CryptoRave, que oferecerá diversas atividades sobre criptografia, hacking, anonimato, segurança e liberdade na rede. Durante 36 horas, a iniciativa que é inspirada na ação global CryptoParty, irá desenvolver com os participantes conceitos fundamentais e softwares básicos de criptografia. Desde sua criação, em 2014, participaram cerca 2500 pessoas. As inscrições nas atividades podem ser feitas online e são gratuitas. Além disso, é possível mandar uma proposta de atividade até o dia 24 de março. Para fazer o cadastro e saber mais sobre o evento clique aqui.

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