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Fake News e os ataques à liberdade de imprensa
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De uns tempos para cá, você deve ter notado a quantidade de informações desencontradas que circulam na internet. Como a notícia que Bolsonaro e Tiririca haviam sido denunciados na Lava-Jato. Ou então que os médicos cubanos do Programa Mais Médicos, na verdade, eram espiões infiltrados para uma revolução socialista no Brasil. Este tipo de notícia vem circulando muito mais que informações verdadeiras sobre estes assuntos. E isso vem atingido diretamente o campo político.

Em paralelo, a liberdade de imprensa vem sendo atacada diretamente através das fake news (notícias falsas), como portais com viés ideológico se posicionando de maneira caluniosa frente a jornalistas. Algo que não é nem de esquerda, nem de direita, mas de um movimento independente que surge na internet para eleger ou impor pensamentos por meio da manipulação das massas.

No 9º Festival de Inverno de Porto Alegre, na última quinta-feira (27), promovido pela Secretaria Municipal de Cultura, os jornalistas Filipe Vilicic (Veja), Mônica Waldvogel (GloboNews) e Paulo Germano (Zero Hora) apresentaram um painel sobre notícias falsas e a influência delas.

Vilicic testou os usuários do Facebook com uma publicação de um estudo indicava que os brasileiros leem cada vez menos. Porém, ao clicar, o leitor se deparava com uma notícia falsa. Era apenas um caça-clique para ver se os usuários clicariam em uma notícia falsa. O resultado foi assustador: 95% dos usuários não leram a matéria. Apenas compartilhavam na rede social. “Queria ver se aquilo lá era verdade. Se estavam compartillhando qualquer coisa”, explica.

Mas, segundo ele, o brasileiro nunca leu tanto, mas não é bem assim. “Boatos surgem com as fake news. A gente vive numa era em que nunca se leu tanto, mas não livros e jornais e sim mensagens em grupos no WhatsApp e posts no Facebook”, afirma o jornalista. De acordo com ele, é importante ter dúvida, procurar a origem das informações. “São notícias fabricadas para repercutir”, completa.

Ataques de ambos os lados

O jornalista Paulo Germano passou por dois momentos distintos de ataques ainda este ano, após publicações em sua coluna, na Zero Hora. “Esse antagonismo político me preocupa muito: as pessoas deixam de pensar por conta própria. Elas se agarram tão cegamente a algumas coisas, que não tentam observar por todos os ângulos e ter sua opinião própria”, aponta Germano.

Ele foi atacado duas vezes este ano: uma após afirmar que o MBL não aceita opiniões contrárias às deles. Foi chamado de “jornalista de extrema-esquerda” pelo movimento. Em outra situação, o site oficial do Sindicato dos Municipários de Porto Alegre (Simpa) o chamou de racista após comparar os professores que tomaram a mesa a bugios. “Fazer este tipo de interpretação direciona o público”, afirma. Para ele, não existe imparcialidade, mas é necessária isenção. “A imparcialidade é impossível de se ter, mas a isenção tem mais a ver com honestidade intelectual”, conta.

Mônica Waldvogel, jornalista da GloboNews, comentou sobre a comemoração da chegada da internet e, depois, a influência dela no fazer jornalístico. “Quando chegou, todo mundo comemorou, pois a informação deixaria de ser um privilégio da elite. Porém, a internet entrou também no mercado da informação”, afirma. Algo que se tornou caro principalmente pelo fornecimento de informações gratuitas em outros sites, onde pode ser um terreno fértil para as fake news.

“A informação se tornou uma comodity. Não é algo a se pagar por ela. Ou você assina um portal ou pode ter acesso a ela gratuitamente em outro site. Isso abala o mercado”, explica Mônica. E, quando atacados, os locais de produção notícias falsas ainda atacam jornalistas, como Eliane Brum publicou em seu Facebook, afirmando a existência de milícias nas redes sociais e falando sobre o enfrentamento à pessoa do jornalista e não à empresa que o contratou.

Posicionamentos

A Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) se posicionou sobre o assunto em entrevista para o Portal Mescla. Por meio da diretoria, afirmou que  consideram “graves os casos em que fake news buscam atingir, direta ou indiretamente, o jornalista. Ainda mais considerando que se constituem em ataques pessoais ao profissional, sem questionar ou contrapor os fatos por ele apresentados”. Para a Abraji, é um ataque à liberdade de expressão.

A Fenaj recentemente repudiou ataque do prefeito de São Paulo, João Dória Jr, que acusou repórter da CBN de má fé ao dar a notícia de que agentes da prefeitura jogavam água gelada em moradores de rua ao limpar aos calçadas. “Advertemos que a intolerância e a prática de governantes, de homens públicos e de agentes do Estado, de inibir a imprensa – como já ocorreu até às piores consequências – é conhecida dos jornalistas brasileiros e, como deve, será repudiada e combatida no amplo campo de debate da vida democrática”, afirmaram por nota.

As fake news tem tomado conta nos grupos de Facebook e de WhatsApp. E o jornalismo busca justamente contrapor as informações errôneas utilizando o fact checking, que é costumeiro na produção das notícias para checar se a informação é verdadeira antes de ser publicada. A Agência Pública tem a Truco. Um espaço que desmente informações errôneas que circulam na internet. Para acessar, basta clicar aqui.

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