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Um encontro à francesa
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O que França, Uruguai e Brasil têm em comum? Em parceria com as Alianças Francesas do Brasil, o Festival Varilux de Cinema Francês exibe o novo filme do cineasta francês Olivier Peyon, O Filho Uruguaio (Une Vie ailleurs, 2016). Na última quarta-feira, 14 de junho, alunos e professores do Curso de Realização Audiovisual da Unisinos tiveram a oportunidade de participar de um encontro com o diretor do longa que veio a Porto Alegre promover seu filme.

Formado em Economia, Peyon é um roteirista e diretor francês que começou a carreira no cinema como assistente de produção e tradutor. Dirigiu seus primeiros curtas-metragens nos anos 90 e estreou em 2006 no longa-metragem Les Petites vacances (As Pequenas Férias), drama com a estrela francesa Bernadette Lafont. O filme documentário Comment j’ai detésté les maths (Como eu detestei a matemática) lhe rendeu grande notoriedade. Depois de vários documentários para televisão e uma série de vídeos-dança com a Lake Company de Nova Iorque, Olivier volta às origens com seu novo longa de ficção.

Imagem: agencesartistiques.com

Na Unisinos, o professor e coordenador do CRAV, Milton do Prado, foi o mediador e também tradutor da conversa. No primeiro momento, o próprio professor trouxe questões direcionadas ao cineasta e seu novo longa e, posteriormente, os alunos puderam questionar curiosidades.

 

“Tout le monde ici parle français?”

O Uruguai é cenário para o enredo da história. Sylvie (Isabelle Carré) descobre o paradeiro do seu filho Felipe (Dylan Cortes), sequestrado há quatro anos pelo ex marido, logo após do divórcio do casal. Sylvie decide ir atrás do seu filho sozinha, mas, ao chegar lá, encontra Felipe feliz e radiante. A mãe percebe que seu filho cresceu sem ela e que agora sua vida é em outro lugar.

Imagem de divulgação do filme O Filho Uruguaio

Inicialmente previsto para ser rodado na Argentina, O Filho Uruguaio é um filme independente, de baixo orçamento. A Argentina era a ideia inicial de local, pois Peyon já conhecia o país e tinha amigos por lá. No entanto, durante a produção, ele percebeu que o filme não tinha a ver com esse local. Peyon então encontrou aquele que seria seu produtor associado: Fernando Epstein, famoso produtor uruguaio.

“Na Argentina, são feitos entre 90 a 100 filmes por ano; já no Uruguai, 4 a 5”, destacou o cineasta como um dos motivos para rodar o filme no país. Percebendo a antiga e eminente competição entre Argentina e Uruguaia e, a fim de evitar maiores complicações, decidiu fazer o filme inteiramente no Uruguai.

Com uma equipe de cinco franceses e 25 uruguaios, o filme, apesar de ficcional, conta também um lado documental. A medida que o longa ia sendo rodado, difundia-se à pequena cidade uruguaia de Florida, cenário da história. Tirando os atores principais, o restante do elenco foi completado com moradores locais. Peyon passou a entrevistar os moradores locais para alimentar o roteiro do filme e, a medida conhecia a cidade e as pessoas que fariam determinados papéis, o roteiro foi se remodelando àquela realidade.

 

“Ce que vous ne voyez pas, mais sentir, est l’essence même du cinéma”

Em suma, o filme foi moldado pelo seu financiamento. Desta forma, o resultado final não manteve-se rígido a ideia inicial, mas foi fiel a sua essência, explicou Peyon. Justamente pelo baixo orçamento, alguns materiais foram cortados, como, por exemplo, equipamento para iluminação e movimentos de câmera. Como alternativa, Peyon optou por aproveitar a luz do sol, reescrevendo cenas internas para o ambiente externo e assim por diante. A equipe toda organizou-se para trabalhar conforme a luz ambiente, principalmente ao entardecer e amanhecer.

O objetivo do diretor era realizar um filme que fosse próximo ao estilo de Clint Eastwood, famoso ator e diretor norte-americano que dirigiu As Pontes de Madison e Um Mundo Perfeito. O estilo clássico de Eastwood, no entanto, exigiria mais tempo e dinheiro do que tinha a sua disposição. “Eu não poderia ser Clint”, lamentou Peyon. Quanto mais o filme avançava, menos dinheiro se tinha. Peyon revelou então, ao fim, satisfeito e orgulhoso que, “se eu tivesse o dinheiro e fizesse o que queria, o resultado não seria o mesmo”.

Assista abaixo o trailer de O Filho Uruguaio:

 

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