(Texto: Nicole Fritzen)
Com uma garrafa de água em mãos e apresentando um sorriso espontâneo no rosto, o baixista Milton Krug começou a entrevista avisando que é tímido. “Me avisa se eu desviar do assunto. Quando resolvo soltar o verbo acabo falando demais”, explicou, aos risos.
Aos 59 anos, ele encontrou sua realização profissional há quatro, quando entrou para o curso de Produção Fonográfica, na época chamado de “Músicos e Produtores de Rock”. Antes disso, trabalhou por 30 anos em um Pólo Petroquímico. Ao se aposentar, buscou a reaproximação com uma paixão da adolescência. “Sempre gostei de música, desde jovem. Preservei a paixão e fui trabalhar”, comentou.
Foi então que decidiu ir atrás do sonho profissional. “Quando fui conhecer o curso, logo me empolguei com a proposta dos coordenadores, Frank Jorge e João Paulo Sefrin. Além disso, era perto de casa”, relembra.
O curso acabou surpreendendo-o. “Quando entrei, pensava que o curso abordaria apenas a parte técnica. A verdade é que ele é muito mais amplo. Tive aulas de Direito, Jornalismo, Marketing, conhecemos estúdios e estudamos a parte técnica, teórica e prática da música. A Produção Fonográfica permitiu que eu tivesse contato com toda a cadeia produtiva da música”, orgulha-se.
Logo no primeiro semestre, foi convidado para entrar numa banda, chamada Defenestrantes. Alugaram um estúdio e tocavam músicas autorais. A banda acabou chamando atenção de Frank Jorge, que convidou os integrantes para abrirem um show do músico. “Tocávamos em bares como o Opinião (Porto Alegre) e o Pubis (Novo Hamburgo), além de abrir alguns shows e participar de eventos da Unisinos”, relembra. A banda foi a primeira a gravar na Sigmund Records, selo que surgiu dentro do curso.
Em 2014, por motivos pessoais, a banda acabou. Segundo Milton, esse foi um período difícil. “Eu achava que estávamos no caminho certo, tínhamos muita chance de alavancar. Fiquei muito chateado quando a banda acabou, perdi o chão mesmo”, revelou.
Em 2015, porém, recebeu uma ligação de um amigo perguntando se ele tinha interesse em participar de outro projeto. Ao aceitar o convite, formou-se a banda leopoldense Alecrim, de jazz e rock instrumental. Formada por um trio de amigos, a banda se apresentou no Prêmio Unicos deste ano e faz show independentes. “É muito bom fazer o que gosto. Hoje, me sinto um músico amador profissional, pois posso tocar sem precisar cumprir agenda e não preciso atender a demanda do mundo”, exclama.
Sobre a experiência de subir aos palcos, ele comentou: “Achei que ia ficar nervoso, mas foi muito natural. Me senti em casa”, descreve.
Ele tem planos de voltar a estudar. História, filosofia, não se sabe. Enquanto isso, segue gratificado pelas oportunidades e pelas pessoas que passaram pelo seu caminho. “Tive muito apoio, o que fez com que eu reascendesse minha paixão por tocar”, aponta.
Ele ainda aconselha os futuros produtores fonográficos: “O curso é maravilhoso pelas inúmeras possibilidades de atuação. Os estudantes precisam enxergar e se dedicar a essa profissão”, afirma.
Pingue-Pongue
Um professor inesquecível: Frank Jorge e Talita de Oliveira
Uma vez matei aula para… Tocar
Um amigo que fiz durante a faculdade: Kauana Botelho
Um livro marcante: Admirável Mundo Novo, do Aldous Huxley e 1984, George Orwell
Meu lugar favorito na Unisinos: O palco do Padre Werner
Todo produtor fonográfico é: Inovador
Todo produtor fonográfico deveria ser: Inovador
Um profissional na área que foi referência para mim: George Martin