A leitura hoje é mais do que um simples hobbie, ela se tornou um estilo de vida. Os leitores já não vivem mais escondidos entre os mundos criados em papel e tinta, eles produzem eventos, discutem ideias e interagem na internet. A necessidade de comunicação entre grupos que compartilham os mesmos gostos literários fez com que a indústria de aplicativos e redes sociais volte seu olhar para esse meio. A sensação de ler algo especial e não ter com quem comentar é coisa do passado.
Segundo dados da pesquisa Retratos da Leitura de 2015 do Instituto Pró-Livro, existem 104,7 milhões de leitores no país. Desse número, 60% usam a internet frequentemente para redes sociais e aplicativos. As primeiras redes sociais literárias surgiram há aproximadamente dez anos, hoje, os números se multiplicaram e centenas de aplicativos desse gênero podem ser encontrados na web.
As estantes virtuais se destacam nesse meio. Livreto e Orelha de Livro são exemplos disso, possibilitando que o leitor organize seus livros entre categorias como “lidos”, “quero ler”, “desejados” e “tenho”, esse tipo de rede social foca na organização e em apresentar dados sobre os hábitos de leitura de cada usuário. A rede social que mais se destaca nesse nicho é o Skoob que, além de apresentar as categorias de organização, também torna possível a interação entre os usuários, a publicação de resenhas, trocas de livros, metas de leituras e sorteios.
Segundo a cofundadora do Skoob, Viviane Lordello, atualmente são 4,3 milhões de usuários e os números aumentam a cada dia. “O grande diferencial do site é que ele é uma rede social desenvolvida por leitores e para leitores, e isso torna a relação mais próxima”, complementa. Viviane ainda cita que a rede social se tornou uma importante ferramenta para o leitor escolher sua próxima leitura baseando-se em avaliações isentas feitas por outros usuários.
Mas não só de organização e listas vivem as redes sociais literárias, é possível também escrever suas próprias histórias na web. Wattpad e Scribe possibilitam a jovens autores publicarem na rede e até mesmo conseguir contato com editoras. O Wattpad é multiplataforma, está disponível como aplicativo e site. Com uma interface simples, ele convida o leitor a explorar suas 23 categorias atrás de novas histórias. O Scribe funciona apenas como site. O cadastro do usuário pode ser feito como leitor ou escritor. O site é recheado de contos, poesias e romances completos.
O entretenimento e os serviços também estão representados nessa área. O LivraLivro é um exemplo de serviço, funciona exclusivamente para a troca de livros. Pode-se afirmar que ele é a digitalização do sebo tradicional. Através de um sistema de pontos, o usuário se conecta e troca livros com outras pessoas.
O Book4you quebra a velha história de julgar o livro pela capa. O site e aplicativo apresentam várias readlists que trazem vários temas como “Para Chorar”, “Prêmio Pulitzer”, “Brasileiros Contemporâneos”, etc. Ao acessar a readlist se tem apenas a sinopse do livro, o usuário/leitor não tem acesso ao título da obra, autor ou capa descobrindo essas informações só depois de dar um “amei” na história. Após isso, o leitor pode organizar os livros “amados” em diferentes categorias disponibilizadas pelo site que também indica valores e onde comprá-los.
Assim como os livros, os aplicativos literários também podem ter uma longa vida. Profissionais da área afirmam que o futuro para a literatura no mundo virtual é concreto, mas o fator decisivo será a capacidade de entender as necessidades dos leitores.