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Como enfrentar a disseminação dos discursos de ódio na web?
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O aumento de usuários da internet possibilitou diversos avanços para a mídia e comunicação como um todo, mas também trouxe à tona um problema muito grave e que necessita especial atenção: os discursos de ódio. Foi com isso em mente que a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) divulgou um estudo sobre como lidar com esse tipo de crime virtual. Os documentos trazem relatos de iniciativas que deram certo no combate a pratica em diversos países.

O estudo trabalha com quatro linhas principais, partindo da definição de discurso de ódio, conceito que nem sempre é de conhecimento dos usuários da internet. O segundo tópico fala sobre a competência dos governos nacionais e papel das empresas no combate a estas ações. Já a terceira definição é sobre o caráter do discurso de ódio online e sua relação com o mundo não virtual, e o quarto tópico fala sobre os métodos que podem ser utilizados para acabar com a intolerância online, citando algumas ações desenvolvidas pelo mundo que já obtiveram resultados.

O documento foi elaborado em parceria com o Programa em Direito de Mídia Comparado e Política (PCMLP) da Universidade de Oxford. O manual conta com mais de 60 páginas em inglês, e pode ser acessado gratuitamente através do site da UNESCO no link.

A pesquisadora Raquel Recuero, da Universidade Federal de Pelotas, que estuda diversos assuntos dentro da comunicação digital, explica que existem tipos diferentes de discurso de ódio e cada um tem suas particularidades.

“O discurso de ódio tem a ver com tipos diferentes de violência, mais ou menos visíveis. Há aquele discurso de ódio que é evidente, onde alguém xinga outra pessoa ou lhe deseja mal; e há aquele discurso mais implícito, onde alguém reproduz preconceitos, separações e indiretas que contribuem para a sensação do sujeito de que está sendo violentado. Esse segundo caso está mais relacionado a uma violência sistêmica, constante, que nem sempre é percebida pelas pessoas, mas que vai gerar explosões de violência mais subjetivas, ou seja, ataques mais evidentes”, completa Raquel.

Segundo a pesquisadora, devido ao fato de a internet ser um meio onde informações são facilmente reproduzidas, onde os contextos desaparecem e onde há várias redes/grupos presentes no mesmo espaço, o discurso de ódio aparece com mais força porque se torna mais visível. “Vejo que o discurso de ódio da Rede não é desconectado dos discursos que estão presentes na sociedade, mas é muito mais visível”, complementa.

No Brasil, uma iniciativa semelhante é o projeto “Humaniza Redes”, idealizado pelo Governo Federal e que oferece um espaço para denúncias de crimes virtuais e divulga materiais que incentivam as pessoas a compartilharem e publicarem apenas o que não fere o próximo, praticando sempre a tolerância. É conhecido também como Pacto Nacional de Enfrentamento às Violações de Direitos Humanos na internet.

O maior objetivo do projeto é garantir mais segurança na rede, principalmente para as crianças e adolescentes, e fazer o enfrentamento às violações de Direitos Humanos que acontecem online. O movimento é coordenado pela Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República em parceria com a Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial, Secretaria de Políticas para as Mulheres, Ministério da Educação, Ministério das Comunicações e Ministério da Justiça, que juntos lutam contra os discursos de ódio.

Projeto compartilha imagens que estimulam as pessoas a usarem a internet com cuidado e sem propagar o ódio (Foto: Divulgação/Humaniza Redes)

O Humaniza Redes tem três eixos de atuação: denúncia, prevenção e segurança, sempre priorizando as crianças e adolescentes, para que a internet seja um espaço de igualdade e aceitação. Em sua página do Facebook, o movimento libera materiais de conscientização sobre diversos assuntos que podem gerar intolerância nas redes, como preconceito com deficientes, racismo, machismo, homofobia, transfobia, além de alertas para que os pais tenham cuidados com o que os filhos acessam na internet.

“Acredito que educação é a chave para resolver este problema. É preciso quebrar ideias que estão enraizadas nas pessoas, muitas delas apenas pela reprodução do ‘sempre foi assim’. Para mim, este é um dos papeis mais importantes da Escola. As pessoas não percebem o papel que a violência sistêmica, as ações do cotidiano que ignoram, e reproduzem preconceitos e agressões que têm impacto na espiral de violência”, conclui Raquel Recuero.

Mais informações sobre o projeto podem ser encontradas no site oficial do Humaniza Redes através do link ou no Facebook .

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