Deu certo

#audiovisual #CRAV #documentário #séries
Projeto de ex-aluno do CRAV lança série de minidocumentários em parceria com a Mídia NINJA
"O projeto Quarantine Tales desafiou diretores experientes e realizadores iniciantes a produzir conteúdos audiovisuais sobre suas rotinas em meio à pandemia"
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Em meio ao novo coronavírus, todos os setores que movem a economia foram afetados, e com o audiovisual não foi diferente. Os segmentos de segurança impostos pela Organização Mundial da Saúde (OMS) tornaram a realização de produções de vídeo mais complicadas. Pensando nisso, a produtora gaúcha Casa Átomo Filmes lançou uma campanha com o lançamento de minidocumentários produzidos por realizadores audiovisuais relatando suas vivências em quarentena. Daí vem o nome do projeto: Quarantine Tales. 

Sócio e diretor de cena da Casa Átomo, Vinícius de Barros foi responsável pelo gerenciamento do projeto. Ele conta que logo no início da quarentena começaram a surgir questionamentos sobre como produzir sem poder se reunir. Com todas as dúvidas que surgiram, tanto de clientes como entre eles mesmos, Bianca Chiaradi, uma das gerentes do projeto, instigou o grupo a criar uma campanha que trouxesse uma solução a tudo isso. Assim, com a ajuda do roteirista Keigiro Ueno, lançaram O Vídeo Aproxima. Mas ainda não era o suficiente. “A gente não queria parar ali, lançar um manifesto e pronto. Começamos a buscar outras maneiras de desenvolver um projeto na quarentena. E aí, junto do meu sócio, Tom Silveira, criamos o projeto Quarantine Tales”, observa Vinícius. 

Vinícius se formou na Unisinos em 2019 no curso de Realização Audiovisual. Atualmente, é sócio da Casa Átomo Filmes
(Foto: Arquivo Pessoal / Vinícius de Barros)

Com a proposta de minidocumentários retratando o distanciamento social, foram convidados a participar da primeira temporada 14 diretores de diferentes áreas do audiovisual de diversos locais do país. Vinícius, que é formado pela Unisinos no curso de Realização Audiovisual (CRAV), explica que cada um deles mostrou a sua rotina de quarentena, repensando o seu processo criativo. Ele conta que a ideia era promover um conteúdo que tivesse qualidade e deixasse uma reflexão. “Cada um está passando a quarentena de uma forma diferente e encarando ela de uma maneira diferente. O que isso pode mudar em você?”, questiona o diretor, observando ainda um outro ponto importante: a reinvenção no modo de trabalho, com limitação de equipes e equipamentos. 

Já para a segunda temporada, a Casa Átomo fechou uma parceria com a Mídia NINJA, uma rede de comunicação independente, que exibiu a série em suas redes. Vinícius explica que, com o final da primeira temporada, muita gente quis saber como poderia participar. Assim, surgiu a ideia da parceria, abrindo as inscrições para pessoas de todo o Brasil contarem suas histórias na pandemia. A curadoria foi realizada por uma equipe da Mídia NINJA, Casa Átomo Filmes e pela cineasta Kamila de Moraes.

A parceria com a Mídia NINJA surge com a segunda temporada, abrindo espaço para qualquer pessoa participar
(Foto: Reprodução / Mídia NINJA)

A coordenadora da TV NINJA, Ana Gonçalves, explica que eles já haviam aberto a grade para divulgação de outros realizadores audiovisuais. Então, quando o pessoal da Casa Átomo entrou em contato para divulgar o projeto, decidiram exibir também os minidocumentários. “Um projeto como esse é importante para manter a produção audiovisual do Brasil profundamente ativa, sem depender de grandes recursos, e também dá visibilidade a novos talentos, que muitas vezes não têm espaço para mostrar seu conteúdo”, destaca Ana.

Os vídeos da primeira temporada foram exibidos na TV NINJA e na Prime Box Brazil. Já os da segunda, apenas na TV NINJA, o que deu bastante visibilidade para os participantes, pois o site conta com mais de 5 milhões de seguidores em sua rede. Para Vinícius, esse projeto serve para repensarmos o nosso papel no audiovisual e no modelo de trabalho. “E também para refletirmos sobre nós mesmos, além de, claro, ter o Quarantine Tales como um retrato histórico sobre o momento que estamos vivendo”, destaca. 

O CRAV presente

O minidocumentário de Sofia fala sobre o significado do viver
(Imagem: Reprodução / Mídia NINJA)

Um dos realizadores selecionados para a segunda temporada de Quarantine Tales foi Sofia Vidor, estudante do CRAV e estagiária de audiovisual da Agência Experimental de Comunicação da (Agexcom) Unisinos. Ela conta que ficou sabendo sobre o projeto por meio do fotógrafo Angelo Bonini, que participou da primeira edição. A partir disso, decidiu tirar do papel a ideia que ela já tinha de produzir algo durante a quarentena, uma produção que trouxesse alguma reflexão. Sofia lembra que, a princípio, tinha dúvidas se faria um vídeo mais focado nela ou mais coletivo. Sofia acabou optando pela segunda opção. Assim nasceu o minidocumentário Ensaio do Viver.

Sofia conta que o projeto surgiu em meio ao movimento #BlackLivesMatter, desafiando-a a pensar sobre como as desigualdades vieram ainda mais à tona em meio a pandemia. Então, pensou em trabalhar com a ideia de algo que todos têm em comum, como o sentimentos.  

Aluna do CRAV, Sofia foi selecionada para participar da segunda temporada do projeto
(Foto: Arquivo Pessoal / Sofia Vidor)

A estudante mandou um questionário para diversas pessoas diferentes, que responderam por áudio, formando uma única voz. Para cobrir esses áudios, ela usou fotos antigas que guarda de seu avô, que era jornalista, além de imagens que já tinha de arquivo. Mesmo diferentes, Sofia pode perceber muito do que é comum: “Sobre essas coisas essenciais, as pessoas pensam as mesmas coisas, gente que nem se conhece, de diferentes áreas e classe social, tem muitas vezes a mesma opinião. Realmente, estamos todos conectados”, destaca Sofia.

Ela conta que se inscreveu no projeto com expectativa baixa, pensando que, se não passasse, seria tranquilo, pois usaria o trabalho como portfólio. Mas, quando viu que foi selecionada, ficou muito feliz, pois viu que existe espaço para produtos mais artesanais, sem precisar se submeter a um padrão do mercado. “Nesse momento em que estamos, se não nos apegarmos em pequenas coisas para ser feliz, ficamos loucos. A pandemia está nos ensinando a ficarmos bem com nós mesmos e transformar a solidão numa solitude”, sublinha a aluna do CRAV. 

Vinícius não descarta a possibilidade de haver outras edições, pois o projeto foi muito bem aceito. Caso aconteça, as informações serão divulgadas no Instagram @casaatomofilmes e @midianinja. Enquanto isso, confira o trailer da segunda temporada do Quarantine Tales: 

Quarentena Projetada

Além do Quarantine Tales, a Mídia NINJA ainda conta com outro projeto que incentiva a realização de trabalhos no audiovisual: o Quarentena Projetada. A ideia nasceu de uma convocatória do Instituto Moreira Salles (IMS) com o objetivo de manter artistas ativos durante a pandemia. A parceria surgiu justamente para que essa chamada a artistas fosse massiva, abrindo para que pudesse ser enviado fotos, vídeos, poemas e design. Para participar, bastava postar o trabalho com #QuarentenaProjetada, que ia diretamente para o site IMS Convida.

Coordenador da frente de fotografia da Mídia NINJA e gestor do projeto Quarentena Projetada, Oliver Kornblihtt explica que o processo foi dividido em etapas. A primeira foi a convocatória, que durou um mês e recebeu mais de 14 mil trabalhos. Seguindo, veio a etapa de projeções, que, por meio de uma curadoria, selecionou 430 obras levando em conta a diversidade entre os artistas. As projeções ocorreram simultaneamente em 11 cidades durante 2h. A terceira etapa foi a entrega do apoio econômico para 30 artistas selecionados. Para Oliver, o projeto teve um impacto bem grande para os artistas, que tiveram um espaço de visibilidade. “O resultado do produto também foi muito legal. Muita diversidade de obra, de produção artística. Para nós, foi um projeto muito impactante”, avalia.

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