O jornalista, radialista e DJ, Iglenho Bernardes, mais conhecido como Porã, se despediu nesta sexta-feira (19) das experiências e amizades construídas ao longo de 11 anos trabalhando na RBS. A partir de agosto, Ele irá trabalhar na Universidade do Vale do Rio dos Sinos como professor e Diretor de Conteúdo da Rádio Unisinos FM. Na sexta-feira, ele participou da aula de Radiojornalismo, Mídias Sonoras e Notícias, da Unisinos POA, onde falou sobre sua trajetória ao longo de 25 anos de carreira, desde a sua primeira entrevista, às expectativas da nova jornada.
A primeira entrevista de Porã foi quando trabalhava na Rádio Ipanema e cobria a folga de um radialista que estava doente. “Quando vi, me disseram que eu entrevistaria os Titãs. Quando ouvi isso dei para trás, era impossível eu entrevistar eles, eu era muito fã. Eu paralisei. Ao mesmo tempo era a minha oportunidade de aparecer. No fim o papo fluiu, eles me contaram muitas coisas, ficamos ouvindo bandas locais. Aquilo foi muito, muito legal”, relembrou.
Segundo Porã, nos anos 90 havia uma concepção geral de que para estar em um microfone de rádio tinha que ter uma baita voz. A primeira vez que ouvimos nossa voz gravada no rádio, normalmente pensamos “não, essa não é a minha voz”. Com o jornalista isso não foi diferente. “Tu te assusta com a tua voz. Primeira reação tu diz ‘que vergonha’. Então demora um tempo para se acostumar com a voz. Hoje em dia, se a minha voz fosse um sentimento, certamente seria alguma coisa relacionada a amizade”, contou.
Em 2013 o radialista começou o mestrado de Design Estratégico na Unisinos. “Analisando as mudanças na nossa área de trabalho, como o fechamento de algumas rádios e a ausência de alguns comunicadores, comecei a pensar o que eu poderia fazer para continuar atual, relevante e atuando nessa coisa que eu gosto tanto de fazer. Foi aí que cheguei a conclusão de que eu precisava voltar a estudar. Com o mestrado comecei a enxergar o mundo e a perceber essas mudanças das mídias muito mais intensamente”, declarou.
Porã se emocionou ao falar da despedida dos amigos e do programa. “O que dói mesmo – bá! vou chorar de novo – é a separação das pessoas, porque eu fiz muitos amigos nesses anos, e alguns amigos viraram irmãos, que é o caso do Potter e do Rodrigo Adams. O Potter realmente é um cara que é meu irmão. Tem uma vivência também, não é só aquilo ali, não é só o programa no ar, tem uma vivência de estrada também, pois viajamos muito juntos, realmente o mais difícil é o afastamento das pessoas, do dia a dia”, explicou.
De acordo com Porã, um rompimento sempre é difícil, por mais que seja necessário e que queiramos. Porém, é sempre legal darmos lugares para novas experiências. “É estimulante começar um novo projeto nesse momento da minha carreira, então não podia deixar passar essa oportunidade, e mesmo doendo, como foi dolorido, é um processo que ainda vai ser assimilado por mim, e também por todos no programa. Tenho certeza que eu fiz a escolha certa”, declarou.
Porã contou sobre suas expectativas e projetos para a Rádio Unisinos. “Vamos oferecer uma proposta nova para o mercado de uma rádio que trabalha com educação, inovação, cultura, música e comportamento. E que possamos ser um pouco mais que a média, e tocar uma música diferente do que toca em tudo quanto é lugar, dando espaço para artista local. Dando espaço para novas músicas brasileiras, que são fortíssimas, mas ninguém toca. Dando espaço a novas possibilidades de parcerias, sejam elas comerciais ou até mesmo com os próprios cursos da Unisinos”, falou.