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Incentivar, inspirar e empoderar
"Minas de Propósito, evento de empreendedorismo feminino, está na sua oitava edição "
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O Brasil é o sétimo colocado em uma lista de 49 países que têm as mulheres em maior número entre os empreendedores iniciais. Ao mesmo tempo, esse é o grupo que mais desiste de seguir no negócio, conforme a Global Entrepreneurship Monitor (GEM). A pesquisa avalia anualmente o comportamento e as variáveis relacionadas ao empreendedorismo no Brasil, e aponta que, na conversão de empreendedoras, quando estão no começo de projetos, a donas de negócios, quando a empresa já está estabelecida, esse percentual diminui. 

O Minas de Propósito quer reduzir essa distância. O coletivo propõe a troca entre mulheres e suas vivências, por meio de encontros, bate-papos e palestras. O evento, que já está na 8ª edição, trouxe como tema “Lugar de mulher é onde ela quiser”, para incentivar, inspirar e empoderar mulheres empreendedoras gaúchas a não desistirem.

Histórias de mulheres para mulheres

Miriã Antunes, fundadora do Minas de Propósito, Thais Silveira, Carmela Grüne, Mariléia Sell, Daniela Sallet e Stella Bittencourt, palestrantes da noite.
(Foto: Josi Skieresinski)

Realizado no dia 26 de novembro na Uniritter Iguatemi, em Porto Alegre, o último encontro de 2019 teve 300 mulheres inscritas. Cinco convidadas, referências em suas áreas de atuação, abordaram as dificuldades que enfrentam diariamente para alcançar seus objetivos. Por outro lado, revelaram como o olhar empático a outras mulheres pode deixar o processo mais acolhedor. Uma das questões lançadas foi o que gostariam que tivesse sido contado a elas antes de se tornarem adultas para que o processo fosse menos sofrido? 

Quem abriu o evento foi Carmela Grüne, advogada trabalhista, ativista dos Direitos Humanos, representante do Instituto dos Advogados Brasileiros no Rio Grande do Sul e vice-presidente da Academia Brasileira de Direito. Ela destacou a importância das políticas públicas como fonte de inclusão social para que haja uma mudança cultural e uma consequente sensibilização às vulnerabilidades. “Para que esse olhar seja estabelecido de fato, é importante termos pluralidade e diversidade em todos os ambientes, principalmente na sala de aula”, disse. Carmela falou também sobre a importância das mulheres terem uma rede de apoio, composta por amigos ou  familiares, para que possam ir além do que é esperado delas na sociedade.

A jornalista Thais Silveira falou da importância de se sentir pertencente, da busca por identidade e da falta de representatividade de pessoas negras na comunicação. Ela é integrante do time de professores do MBA em Diversidade nas Organizações e Desenvolvimento de Práticas Inclusivas da Universidade La Salle. Com experiência também em assessoria de imprensa, comunicação corporativa e produção de conteúdo, Thais revelou que tentou mudar essa realidade por meio da revista Pretas, projeto lançado em 2017 que pautava o protagonismo da mulher negra contando histórias positivas e trajetórias de sucesso. Ela acha importante trazer esses exemplos para inspirar e levar representatividade para essas pessoas. “Negros não têm o direito de errar, pois o racismo nos coloca fora da condição humana, e isso é muito violento”, frisou. A jornalista apresentou um vídeo institucional que mostra expressões racistas, explicando didaticamente como algumas falas são extremamente ofensivas e devem sair urgentemente dos vocabulários. 

Outra jornalista a participar do evento foi Mariléia Sell, professora nos cursos de Letras e Comunicação da Unisinos. Mestra e doutora em Linguística Aplicada, escreve contos e crônicas em seu blog Letras Insubordinadas, além de realizar palestras que abordam a importância de se falar sobre gênero nas escolas. Mariléia provocou: “Nem sempre estamos, nós mulheres, nos lugares que queremos. Muitas vezes, estamos ocupando espaços que a sociedade espera que a gente ocupe, exercendo uma feminilidade viável e socialmente aceita”.  Ela problematizou a infância das meninas, de como desde pequenas são estimuladas a se preocuparem com a sua imagem, sendo pouco elogiadas pela inteligência e pensamento lógico. “Isso nos acompanha a vida toda, reflete em nossas realizações pessoais e em como estamos o todo tempo preocupadas com nossa aparência”, criticou. 

A convidada Daniela Sallet, roteirista e diretora de documentários – como o Mescla já mostrou aqui –, atuou no telejornalismo por 24 anos como repórter, apresentadora e editora da RBS, Band e TVAL. Atualmente, diz estar apaixonada pelo tema do protagonismo feminino, pela força e luta de cada mulher, apresentando essa paixão por meio de seus documentários. Daniela contou um pouco da sua trajetória profissional e da escolha de não se tornar mãe. Compartilhou ainda com o público algumas questões pessoais. “Nesses momentos, dividir as dificuldades deixa as situações mais leves”, comentou. 

O último relato da noite foi da psicóloga Stella Bittencourt, que diz ser estrategista de vida que conecta pessoas a resultados. Também é coach, mentora, palestrante e facilitadora de processos de desenvolvimento humano. Stella questionou o contexto de nossas mães e avós, e também convidou o público a pensar nos homens que as acompanharam, de como eles eram e de como viveram. Trouxe a reflexão do que é importante e o que tem de valor na vida. E ela mesma sugeriu a resposta: troca, experiência e aprendizados. “Meu maior ensinamento aprendi com minhas duas filhas: a paciência”. 

A última edição do Minas de Propósito de 2019 ocorreu na UniRitter Iguatemi.
(Foto: Josi Skieresinski)

A mulher por trás do Minas de Propósito

A fundadora do coletivo Minas de Propósito é Miriã Antunes. A relações públicas explica que busca empoderar e promover a inclusão por meio da inovação social e empreendedorismo inclusivo. Miriã fundou o Minas em 2018. “O objetivo é unir mulheres para encontrar objetivos em comum, para fazer com que elas tenham uma escuta ativa e saibam que podem aprender a partir da trajetória da outra”, disse. 

O sonho teve início em 2016, quando Miriã foi voluntária do TedXUnisinos. Na oportunidade, comentou com Edson Matsuo, diretor criativo da Grendene, que um dia gostaria de estar no palco do evento. Matsuo a aconselhou: “Não espera o dia do teu Tedx chegar. Cria um projeto para contar a tua história, ajudar outras pessoas e dar voz a elas”. Dois anos depois, Miriã estava palestrando para um grupo de advogadas e percebeu o quão desunidas, egoístas e vivendo na bolha sem sororidade elas estavam. Foi quando decidiu criar o Minas de Propósito. 

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