Quando você pensa em palitos de bambu, o que vem a sua cabeça? Artefato para consumir churrasquinho ou material para testar a construção de pontes? No meu caso, vale a primeira opção, mas a V Competição de Pontes de Bambu, realizada nos dias 7 e 8/11, esteve aí para provar que eles não servem só para isso.
Estudantes de Engenharia Civil e Arquitetura e Urbanismo competiram pela ponte que aguentaria suportar mais peso antes de se romper. O clima de expectativa só não era maior do que o de diversão enquanto as pontes, uma a uma, eram testadas diante do público, no Auditório Central do campus de São Leopoldo da Unisinos. Quem não pode estar presente, acompanhou o evento ao vivo pelo YouTube, com direito a comentários e muita torcida pelas equipes.
Para Uziel Quinino, professor do curso de Engenharia Civil da Unisinos, os palitinhos são muito mais do que utensílios de cozinha. De acordo com ele, trata-se de um material de excelente desempenho quando submetido à ação de esforços, como os de tração e compressão, que as pontes devem suportar. Nas últimas semanas, 20 equipes trabalharam para produzir as estruturas de bambu e cola, observando limites e recomendações, como o peso, que não poderia exceder 750g.
“Esse tipo de atividade é comum em escolas de engenharia de várias instituições de Ensino Superior”, explicou Uziel. “Decidi, então, trazer a atividade para a rotina do curso de Engenharia Civil há 5 anos, com a proposta de convidar os alunos para que participassem e praticassem os conteúdos abordados em sala de aula.”
Leonardo Silva, estudante do 5° semestre de Engenharia, comentou que um dos fatores que devem ser levados em conta é a disposição da ponte. “Em arco, aguenta mais peso em um único ponto, como é o caso dessa competição. Já uma ponte que precisa se preocupar com veículos pesados transitando todo os dias, é diferente”, explica o aluno. A equipe de Leonardo competiu pela primeira vez no evento. Além dele, participaram Lucas Guarnieri e José Augusto Malvessi, do 5° semestre, e Gabriel Chiminazzo, do 4°. A ponte “Cisne Branco”, construída por eles, conseguiu suportar 265,5 kg antes de se romper, o que os alunos consideraram como um recorde pessoal. “Tínhamos nossa desconfiança de onde iria romper. E acertamos”, comentou Lucas ao fim da competição. “No próximo ano, já sabemos as melhorias que precisam ser feitas.”
A maioria das estruturas mostrou uma boa resistência, em torno dos 100 kg, mas, neste ano, a competição ultrapassou o recorde anterior, que era de 518 kg. A ponte “Skylab”, da equipe formada por Arthur Schultz, Brenda Soares e Jader dos Santos, do 9° semestre, e Alessandra Alvarez, do 8º, suportou 601,14 kg antes de se romper. Em termos de proporção, para uma ponte de 750g aguentar mais de meia tonelada, é um marco importante, e a equipe acabou em primeiro lugar, levando para casa os prêmios e o reconhecimento dos colegas.
“Na primeira vez que participamos, que foi na segunda edição da competição, nossa ponte resistiu a apenas 63,70 kg. Já na segunda participação, resistiu a 476,04 kg, e conquistamos o segundo lugar”, contou Jader. “A cada edição, o nosso grupo pode melhorar as técnicas e adquirir experiência para as edições seguintes.”
Para o grupo, a estrutura da universidade, como Instituto Tecnológico em Desempenho e Construção Civil (Itt Performance) e o espaço da maquetaria foram muito importantes para essa conquista. “Ficamos muito felizes com a vitória. Era algo que estávamos buscando há três edições”, conta Jader. “A competição é uma ótima experiência, pois permite imergir em uma situação prática com os conhecimentos adquiridos ao longo do curso. Tanto que a visibilidade do evento vem crescendo a cada edição”.
Para Leonardo, apesar da ponte “Cisne Branco” ter ficado sem troféu esse ano, valeu pela participação. “É muito gratificante”, disse. “Uma das melhores partes é usar na prática o que aprendemos na teoria”.
Além da estreia de muitos competidores, também houve novidade no evento. “Inicialmente, a competição foi direcionada aos alunos da Engenharia Civil, mas decidimos fomentar a participação de alunos de outros cursos da Escola Politécnica”, disse o professor Uziel, um dos responsáveis pela coordenação do evento, juntamente com os alunos. A competição, que já recebeu alunos de outras universidades, agora abre as portas também para cursos como Arquitetura e as demais engenharias.
Além do professor Uziel Quinino, a organização ficou a cargo dos estudantes Gian de Fraga Moreira, do 7° semestre, Nataly Toma, do 8º semestre de Engenharia Civil, e Bianca Gass Walter, do 4° semestre em Arquitetura e Urbanismo. Para quem não conseguiu acompanhar ao vivo, estão disponíveis as lives que ocorreram pela manhã e à tarde.
Os alimentos não perecíveis e agasalhos arrecadados na inscrição serão doados para famílias da região em situação de vulnerabilidade social.