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Alunos fazem exercício de projeto arquitetônico para nova sede do MACRS
"Seis turmas do curso de Arquitetura e Urbanismo da Unisinos ajudarão no desenvolvimento das futuras instalações do Museu de Arte Contemporânea do Rio Grande do Sul"
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Dois tipos diferentes de expressão artística se encontram no Museu de Arte Contemporânea (MAC), em Porto Alegre. Um deles trata das obras expostas nos ambientes da instituição. A outra, do projeto arquitetônico das futuras novas instalações do museu. Atualmente sediado na Casa de Cultura Mário Quintana, no Centro Histórico, o MAC assiste a uma grande mobilização da sociedade em prol do seu futuro, que inclui também alunos do curso de Arquitetura e Urbanismo da Unisinos.

À frente das discussões está a Associação Amigos do Museu de Arte Contemporânea (AAMAC), que conseguiu, com a Secretaria Estadual de Cultura, um novo local para abrigar o futuro museu. Agora, planeja os detalhes artísticos para o prédio a ser construído em um terreno localizado no 4° Distrito de Porto Alegre, uma região bastante simbólica tanto cultural como socialmente.

O distrito, que ainda apresenta traços muito industriais, também é um expoente criativo

O novo MAC quer revitalizar o cenário das artes da Capital. A futura sede estará próxima de outras associações, como a Vila Flores – comunidade de práticas colaborativas. Com apoio do comércio local, existe a expectativa de que a instituição possibilite a expansão de vias culturais da região. O engajamento dos alunos da Unisinos é o primeiro passo para o planejamento dessa capilarização de relações, que visa renovar a maneira como a cidade se apropria dos movimentos artísticos.

Na Unisinos, os professores tinham o desafio de repensar os projetos do semestre da disciplina de Atelier IV, do Curso de Arquitetura, no qual os estudantes são mobilizados a criar meios de resolver as necessidades de Museus de Arte Contemporânea. “A gente escolhe um terreno real, de preferência vazio, e os alunos trabalham em propostas para um museu de arte contemporânea. Eles recebem um programa genérico de necessidades e discutimos em sala de aula”, explica a professora Luciane Kinsel, mestre em Habitabilidade da Edificação e da Urbanização. Luciane percebeu a movimentação em torno do MAC e entrou em contato com o presidente da AAMAC, o arquiteto Márcio Carvalho. Desse contato, nasceu a ideia de proporcionar aos alunos a oportunidade de trabalhar com um projeto real, com necessidades reais, que também beneficia o futuro do museu.

“Hoje, existem quatro universidades trabalhando em estudos de ocupação para o novo terreno. Isso vai nos servir de base para montar o edital de um futuro concurso público de arquitetura”, revela Márcio. “Nosso desejo sempre foi envolver a sociedade nesse projeto. Quando tivermos condições de desenvolver um concurso público de arquitetura, o faremos. Mas antes disso, vamos usar essa super resposta que recebemos do meio acadêmico”, afirma o arquiteto.

Localizado próximo ao bairro Moinhos de Ventos, um dos mais caros da cidade, o espaço fica ao lado de um albergue municipal, na rua Comendador Azevedo. Com uma fachada estreita, o terreno é diferente dos trabalhados até então em sala de aula, como comenta Luciane: “Além de ter essa frente estreita, tem um miolo. Um recorte não tão comum, mas é a realidade. No 4º Distrito, é difícil conseguir um terreno quadrado. É preciso aproveitar esses miolos do quarteirão. Será um desafio para nossos estudantes trabalhar com configurações lote e, ao mesmo tempo, atender aspectos como iluminação, ventilação e logística de funcionamento do museu.”

Além do tamanho do terreno, proximidade com o espaço aéreo do aeroporto influenciam nas características que os alunos precisam observar

Nesta semana, turmas de Arquitetura e Urbanismo da Unisinos, do campus São Leopoldo, foram conhecer o terreno, a partir do qual farão maquetes e projetos que atendam às necessidades específicas do museu. Hoje, o MAC conta com um acervo de mais de 1.300 obras, algumas das quais com alturas que exigem espaços apropriados para grandes exposições. Além do terreno, visitaram a Casa de Cultura Mário Quintana, onde parte do acervo fica exposto e, em seguida, o Instituto Ling, um dos exemplos de arquitetura que comporta diferentes exposições contemporâneas.

Ao todo, a Unisinos tem seis turmas envolvidas, três de São Leopoldo e três de Porto Alegre, orientadas pelos professores Luciane Kinsel, Karen Hass, Vera Marcarello, Martin Gonzalez Luz, Hilton Fagundes e Tiago Melchiades da Silva. Para essa equipe, a maior importância do projeto é proporcionar aos estudantes essa experiência. “Quando um aluno teria a oportunidade de trabalhar com um museu real? Museu é uma coisa raríssima de sair em uma cidade. É diferente de uma escola, uma habitação de interesse social”, comenta Luciane.

A união das universidades e da AAMAC reúne, hoje, mais de 200 pessoas, e esse é um dos fatores que o presidente da associação ressalta em relação ao projeto. “Isso aqui é um pólo criativo e industrial muito importante. Tem muita coisa acontecendo no 4º Distrito e é legal pensar que o MAC possa ajudar a orquestrar essas questões. É muito simbólico”, explica Márcio. “E esse é o papel do museu. No fundo, é encontrar o seu lugar para também direcionar essa questão das causas sociais emergentes e buscar ser um articulador da cultura contemporânea.”

Arquitetura para o social

A Unisinos já conta com trabalhos voltados para habitações sociais que são planejadas pelas turmas de Atelier VI e beneficiam regiões de São Leopoldo. O objetivo é levar os alunos para fora da sala de aula e basear seus projetos em necessidades reais. “Com o projeto do MAC, os estudantes podem iniciar, ainda mais cedo, esse contato criativo com demandas que exigem repensar a realidade”, diz Luciane.

Com o reconhecimento do terreno, os alunos agora vão montar maquetes e pesquisar como atender ao programa de necessidades e aos regimes urbanísticos do local. Aproximar todos os elementos da região para que se apropriem do espaço do museu é um dos desafios dos estudantes. Conforme explica a professora, assim como o museu ocupa espaços da cidade, a proposta é que a cidade ocupe o museu e ressignifique a arte como parte da rotina do 4° Distrito. “Para isso, os alunos precisam entender como a vida flui na região e como podem transformar a teoria em prática e a prática em envolvimento social”, comenta Luciane.

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