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Rosa Montero conversa com professores da Unisinos 
""Todos somos divergentes em algo. O normal é ser raro", acredita a jornalista espanhola"
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Na tarde que antecedeu a abertura do Fronteiras do Pensamento, em 31 de maio, a jornalista e escritora espanhola Rosa Montero participou de um bate-papo com a comunidade escolar. A mediação foi dos docentes Daniel Pedroso e Felipe Boff, e o encontro ocorreu na Unisinos Porto Alegre, local que sediou a 17ª edição do evento. Ao longo de pouco mais de uma hora, Rosa falou sobre as nuances entre jornalismo e ficção, e qual é o espaço ocupado pela psicologia humana na construção das narrativas. 


“Jamais deveríamos perguntar algo que não nos interessa verdadeiramente a resposta”, afirmou Rosa Montero 
(Foto: Júlia Azevedo) 


Ensaísta, escritora, jornalista, Rosa já realizou mais de 2 mil entrevistas ao longo de sua carreira. Entre elas, se destacam as conversas com a ativista paquistanesa Malala Youszafai e com o ex-presidente dos Estados Unidos Richard Nixon. Aliás, entrevistar dois nomes como esses, que representam culturas tão diferentes, requer algumas estratégicas, comentadas por Rosa durante o bate-papo com professores, funcionários e estudantes presentes. 


Fundamentos para uma boa entrevista


“Uma entrevista é sempre um ato dramático, drama aqui, como ação”, afirmou a jornalista. Segundo ela, em uma entrevista para um jornal ou televisão, fala-se sobre o que se sabe, documentando o assunto, relatando ao público o que aprendeu, afinal, “tu não escreves para ensinar nada, escreves para aprender”. A escritora também pontuou que, para uma boa entrevista, o mais importante é a verdadeira, pura e genuína curiosidade, pois só assim consegue-se saber mais da outra pessoa e “enxergar” através da mente do outro como ele percebe o mundo. Para isso, ensina Rosa, é preciso ter muito preparo, e guiar a conversa de maneira meticulosa e, é claro, de forma respeitosa.


“Sempre soube que algo dentro da minha cabeça não funcionava bem”, brincou a jornalista 
(Foto: Júlia Azevedo) 


Ser transparente sobre o que se sabe é o que vale para o jornalismo. Já na ficção, se escreve sobre o que não se sabe, o que vem do inconsciente, “como um sonho que se sonha acordado”, explica. No texto jornalístico, quanto mais claro se é, mais o leitor ganha. Na ficção, a dubiedade, o implícito são elementos que valorizam o texto.  


Quebrando o tabu sobre saúde mental


Outro tema abordado pela jornalista foi a questão da saúde mental e o comportamento humano. Rosa, que já enfrentou crises de pânico, angústias e emoções desenfreadas, chegou a estudar Psicologia. Por diversos motivos, achava que estava ficando louca, afinal, faltava-lhe compreensão de todas as questões que lhe afetavam diariamente. Ela diz ainda que é muito provável que todos nós experimentemos algum tipo de transtorno na mente em algum período de nossas vidas. Inclusive, a Organização Mundial da Saúde (OMS) revelou, em estudo, que uma a cada quatro pessoas tem ou terá um transtorno mental. O problema, diz Rosa, é que esse é um tema tabu, mesmo que seja tão constitutivo do humano.  


O próximo lançamento da escritora no Brasil é a obra “O perigo de estar no meu juízo perfeito”
(Foto: Júlia Azevedo) 


O que é o Fronteiras do Pensamento? 


Fronteiras do Pensamento é um evento que há mais de 15 anos tem o objetivo de questionar, colecionar respostas e explorar ideias que impactam e alimentam toda a sociedade a partir de diferentes perspectivas, como arte, empreendedorismo, tecnologia e demais áreas que se relacionam diretamente com o cotidiano. 


O evento começou oficialmente ontem à noite, com a conferência da jornalista e escritora Rosa Montero, no Teatro Unisinos, anexo à Torre Educacional Unisinos (TEDU), em Porto Alegre. A programação, que se estende até outubro, irá contemplar conferências tanto no formato presencial quanto no online. Para ter mais informações, é só clicar aqui

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