Neste ano, a Unisinos está retomando a parceria com duas instituições importantíssimas para os gaúchos: a Casa Madre Ana e o Hospital Santa Casa de Misericórdia. A frente do movimento está a professora Beatriz Sallet, que comanda a disciplina de Projeto Experimental de Jornalismo, com alunos de Jornalismo e Fotografia. “É um projeto extensionista, pois sai dos muros da universidade, sai da sala de aula, vira uma prática fotográfica de tudo aquilo que a gente vê na teoria, fazendo com que essas imagens sejam simbólicas para serem utilizadas para fins determinados”, explica.
A parceria se iniciou há pouco mais de quatro anos com o projeto Amigos da Boa Causa, da Santa Casa. Estudantes da disciplina de Fotografia Institucional, do Curso de Relações Públicas, realizaram fotografias para compor o banco de imagens do hospital e da Casa Madre Ana. A ideia era ajudar na divulgação das ações e projetos das entidades com vistas ao recebimento de doações e parcerias público e privadas.
A professora explica que a primeira etapa é a elaboração de um briefing – reunião de ideias para desenvolver o trabalho. “O objetivo é mostrar o quanto o complexo hospitalar da Santa Casa é amplo e realiza um atendimento humanizado por parte de seus profissionais”, comenta Beatriz.
O trabalho fotográfico se inicia pela UTI Neonatal, onde os bebês recém-nascidos prematuros ou que apresentam problemas de saúde recebem cuidados. “Cada aluno apresenta seu conteúdo e, depois, a gente seleciona as melhores fotos e entrega esse material para formar esse banco de imagens para a Santa Casa”, acrescenta Beatriz. O complexo hospitalar depois utiliza as imagens em cartazes, flyers (panfletos) e relatórios para buscar os recursos junto ao empresariado.
Rosana Gil Peres é a gerente de projetos e captação da Santa Casa. Ela conta que após o desfile de moda que promoveram junto com a Unisinos em prol do Outubro Rosa, em 2018, outras oportunidades foram surgindo. Segundo ela, o complexo hospitalar precisa sempre mostrar a sua estrutura física, os serviços oferecidos e as tecnologias instaladas, para sensibilizar as pessoas sobre o custo alto que a estrutura exige – sem contar que os valores aportados precisam ainda suprir o déficit com o Sistema Único de Saúde (SUS).
Rosana conta que, agora em abril, falou com a equipe de saúde e os pacientes para deixá-los cientes de que haveria uma visita dos estudantes da Unisinos. O local escolhido foi o Hospital da Criança Santo Antônio. “Eles estão ali, brincam e tal. Acredito que isso resgatou um pouco da lembrança da infância, apesar das crianças estarem frágeis de saúde. Mesmo assim, puderam aproveitar um pouco desse momento”, relata Beatriz.
O aluno Lucas Kominkiewicz conta que fazer esse trabalho trouxe a certeza da escolha pelo caminho certo, a de estudar jornalismo. “Alguns momentos me marcaram, como fotografar uma cirurgia em andamento e tirar fotos das crianças que estão em tratamento para diversas doenças”, revela. “A sensação de estar ali me tirou aquele receio de hospital, sabe? Pois é um ambiente acolhedor. Saí da zona de conforto, fora da universidade, literalmente o mundo real, ou seja, a vida como ela é”, avalia o estudante.
Para Julia Azevedo, aluna de Fotografia, a possibilidade dessa saída de campo foi estimulante desde o princípio. Ela escolheu a UTI Neonatal do Hospital Santa Clara, e confessa que saiu de lá apaixonada. “Até estou repensando a área em que quero trabalhar, principalmente após fotografar um parto, que achei simplesmente lindo”, diz.
A aluna espera que esse projeto ajude o complexo hospitalar, e possa fazer as pessoas sentirem o que ela sentiu dando um rosto e uma história para esses pacientes. “Vimos de perto o carinho das enfermeiras com os pacientes e familiares, pois tanto as mães quanto as médicas foram extremamente atenciosas e acolhedoras nos contando a história de cada bebê que fotografamos. Realmente foi um contato muito bonito”, conta Julia.
Michelle Alves faz Jornalismo e participou da saída de campo com os colegas. Ela acompanhou os profissionais de enfermagem, fisioterapeutas, cirurgiões e assistentes sociais dentro dos ambientes. “A vivência foi única, pois mesmo sem ser médica ou paciente, pude estar dentro de uma sala de cirurgia”, lembra.
Ela explica ainda que pode perceber o quanto todos os momentos são planejados para que os pacientes possam se sentir o mais confortável possível diante da situação que estão enfrentando. Michelle também esteve na área infantil, um local mais lúdico, com uma brinquedoteca que as crianças utilizam nos intervalos dos tratamentos. “Ali, eles podem esquecer um pouco de tudo isso que estão vivendo e brincar”, comenta.
Para a aluna, foi extraordinário acompanhar de perto o empenho dos profissionais envolvidos. Ela conta que registrar e produzir imagens no bloco cirúrgico foi uma grande experiência. “É surreal conhecer como esse sistema funciona, é algo que não irei esquecer tão cedo”, diz.
Henrique Kirch revela que sentiu um misto de emoções e, assim como o colega Lucas, admitiu que tinha receio de hospitais. Mas, segundo ele, ver o brilho nos olhos das crianças em tratamento o deixou mais leve para conduzir seu trabalho. “Solidarizar-se com pacientes que estão preocupados com a saúde, visando dias sem dor, é uma questão que deve ser enaltecida também”, reflete.
Henrique diz lembrar bem quando uma das pacientes, a pequena Laila, que luta contra o câncer, viu a mãe dela e sentiu uma imensa felicidade. “Os olhinhos brilhavam. Logo, a mãe a pegou no colo e deu um abraço. Aquele gesto de carinho e amor demonstraram que saúde é uma das maiores riquezas de nossas vidas”, observa o estudante.