Já te imaginou representando um país numa assembleia da Organizações das Nações Unidas num embate entre países sobre a Guerra das Ilhas Malvinas, em 1982? Ou então debatendo sobre direitos humanos para androides num nem tão distante ano de 2038? Pois o Unimun, iniciativa do curso de Relações Internacionais da Unisinos, simula embates diplomáticos, nos moldes da ONU. Os debates se dão entre estudantes que se inscrevem na condição de delegados/representantes de vários países do globo.
A iniciativa ocorreu na última sexta-feira (21) e sábado (22). O evento, que já está na oitava edição, costuma ser dividido em comitês, onde o participante escolhe qual deseja participar já na inscrição. Esta edição contou com o Comitê Histórico e o Comitê Futurista, além da Agência de Comunicação. Alunos de graduações afins, como Direito, Economia e Ciências Sociais, tanto da Unisinos como de outras instituições, também puderam participar.
Essa é a “edição de estreia” dos novos tempos, ou seja, pós-pandemia. O evento contou com o apoio do professor Gabriel Pessin Adam, dos cursos de RI e de Direito da Unisinos. O ex-professor da universidade Anselmo Otávio também ajudou a trazer a iniciativa. O estudante Matheus Fagundes, do sexto semestre, que acumula cerca de 22 participações em eventos de simulação da ONU desde o Ensino Médio, foi o coordenador-geral e articulador desta edição.
Comitês: onde os debates acontecem
O Comitê Futurista se inspirou no jogo “Detroit: Become Human” e no filme “Blade Runner – O Caçador de Androides”. Além das discussões, que vão se acirrando no decorrer dos debates e da produção dos documentos, vira e mexe alguém do Comitê de Imprensa entra na sala e anuncia alguma mudança drástica sobre o que os governos anunciaram, como, por exemplo, a primeira-ministra britânica, na época, Margaret Thatcher (afinal, o ano é 1982), que havia ordenado um ataque sobre a Argentina. De tensão em tensão, a simulação vai se seguindo.
“As mesas diretoras passam as regras no início das sessões e disponibilizam para todos um guia de estudos, em que há uma descrição geral e informações que os delegados têm que saber”, explica Matheus. “Eles tem no final do guia o posicionamento do país que representa sobre o assunto que vai ser discutido”, comenta o coordenador-geral. No caso do Comitê Histórico, o tema foi a Guerra das Malvinas. Assim, o participante que representa o Chile deve saber pelo Guia a posição chilena durante o conflito e argumentar de acordo com ela.
“O pessoal tem que se ater a isso para gerar a discussão e escrever documentos, sempre tentando seguir ao máximo qual é o posicionamento do seu país. Então, não deixa de ser um exercício de atuação”, observa Matheus. Para ele, o Unimun é uma oportunidade real para aprender, porque, “tem muita coisa que é do teu posicionamento, da tua preferência, mas, quando chega na hora, tu não tens como conseguir aquilo sem ceder um pouco”. Matheus avalia que, dessa forma, os participantes aprendem a negociar e simular como realmente funciona a ONU.
A Eduarda Reginatto é estudante de Relações Internacionais da UFRGS e participou do evento no Comitê Histórico. “Embora pareça contraditório, debater temas históricos e pensar em outros finais possíveis para essas narrativas evita que a gente caia em anacronismos”, disse a participante, que revelou gostar de pesquisar sobre a América Latina. “Foi um desafio, já que o Comitê simulou um conflito que aconteceu em meio às ditaduras latino-americanas, e eu representei o Chile, na época, sob comando de Pinochet”.
A Agência de Comunicação, também chamada de Comitê de Imprensa, não realiza debates. O objetivo dos “jornalistas” é realizar a cobertura do evento, tanto internamente, para a simulação, como externamente, para o mundo real. Para isso, produz fotos, escreve matérias, prepara conteúdos para as redes sociais. Inclusive, o Unimun tem perfil no Instagram e no Twitter.
Além dos comitês, havia a intensão de reunir também o Conselho de Segurança, com debates em inglês, mas a atividade não teve alcançada o número mínimo de inscritos.
Documento final: solução ou negociação
O objetivo do evento é promover debates educacionais para o desenvolvimento da capacidade de argumentação, da colaboração, comunicação e de formação cultural e senso crítico-reflexivo. No final do último dia, os comitês têm que produzir um documento geral que contenha vários pontos discutidos nas sessões. Mesmo que se entenda que não há solução para o conflito, há a possibilidade de se negociar sobre um determinado aspecto, como ajuda humanitária, cessar armas, entre outras.
A organização desta edição do Unimun foi realizada pelos seguintes alunos:
- Secretário-Geral: Matheus Fagundes;
- Secretárias Acadêmicas: Rafaela Teston e Jhovana Guerra;
- Secretária Administrativa: Lucchiana Soares;
- Secretários de Comunicação: Natan Cauduro e Maria Eduarda Brum.