No início deste ano, a universidade abriu a primeira turma de alunos do tecnólogo de Produção Audiovisual no campus de São Leopoldo, e uma das alunas é Laura Rodrigues da Silva Viegas, de 19 anos. “Estou gostando bastante e tenho grandes expectativas para os próximos semestres e projetos que estão por vir”, diz a estudante, que sempre sonhou em trabalhar com cinema.
Tanto a nova opção quanto o já conhecido curso de Cinema e Realização Audiovisual (Crav) são orquestrados pela mesma dupla de coordenadores: os cineastas e professores Vicente Nunes Moreno e Milton do Prado Franco Neto. O Mescla conversou com o professor Vicente para entender um pouco mais a proposta e os diferenciais de cada modalidade. Ele é mestre em Comunicação e egresso da primeira turma de Cinema e Realização Audiovisual formada pela Unisinos.
Vicente destaca que ambos os cursos possuem a mesma essência, além de grades curriculares bastante parecidas nos semestres iniciais. Em ambos, ele diz, é preciso “vestir a camisa”, porque exigem bastante entrega e envolvimento dos estudantes. Novidades podem ser acompanhadas pelo perfil dos cursos no Instagram, e alguns curtas podem ser assistidos diretamente pelo canal no YouTube.
Modalidade e tempo de duração
O Crav é um curso de bacharelado, enquanto a Produção Audiovisual é um curso tecnólogo, portanto, uma das diferenças é o tempo de formação. Enquanto o Crav tem duração mínima de quatro anos, para estudantes que cursarem o máximo de disciplinas previstas por semestre, o curso de Produção Audiovisual prevê o término da formação em um período mínimo de dois anos e meio.
No entanto, os dois são experiências imersivas. Assim como ocorre no Crav, os planos de aprendizagem (PAs) possuem nomes de filmes, começando com A Chegada do Trem, pequeno documentário que simboliza a criação do primeiro filme no mundo.
Para Vicente, a oferta de dois cursos próximos conceitualmente, mas com algumas especificidades, permite que os estudantes optem pela alternativa que melhor se encaixar na rotina e nas necessidades de cada um. A Produção Audiovisual é uma nova possibilidade para os que desejarem uma formação mais fluida, dinâmica e flexível, com o interesse pela inserção mais rápida no mercado de trabalho.
Esses fatores foram decisivos na escolha de Laura, do primeiro semestre, que encontrou no tecnólogo em Produção Audiovisual o formato mais condizente com sua rotina e interesses. “Foram três pontos que me motivaram a escolher o curso. Primeiramente, a questão financeira, já que é um curso mais acessível e flexível; também [escolhi] em virtude do turno de aula, que é noturno, pois existe a possibilidade de eu conseguir um estágio em turno integral e já começar a me inserir na área; e pela localização, já que estudar em São Leopoldo é mais perto para mim do que em Porto Alegre”, analisa. Por outro lado, “temos, de certa forma, um menor tempo para ficar na universidade e nos aprofundarmos na área, principalmente em relação às especialidades”, ela completa.
Campus e turnos
A partir deste ano, o curso de Cinema e Realização Audiovisual, antes ofertado nos dois campi (São Leopoldo e Porto Alegre) passa a ser oferecido apenas na capital. O professor Vicente explica que a mudança se dá pelo fato de a cidade ser um dos grandes polos do cinema no Brasil. Por outro lado, o tecnólogo em Produção Audiovisual seguirá sendo ministrado apenas em São Leopoldo.
Dessa forma, os alunos podem escolher a localidade ideal para seus estudos, com toda a estrutura e currículo semelhantes, especialmente nos primeiros Planos de Aprendizagem (PAs) de cada curso. Além disso, enquanto o Crav é um curso multiturno, com atividades que acontecem durante o dia, a Produção Audiovisual é totalmente noturna, o que facilita a rotina dos estudantes que desejarem trabalhar durante o dia.
Estágio e TCC
Vicente elucidou ainda que, com os dois primeiros anos de formação muito parecidos entre os cursos, a mudança fundamental está no final, já que o Crav possui vantagem pelo tempo de desenvolvimento dos profissionais. A certa altura do curso, todos os estudantes do Crav escolhem sua ênfase, ou seja, a área em que desejam aprofundar os estudos. Junto a isso, passam por um período de um ano de estágio obrigatório, além da construção do Trabalho de Conclusão de Curso a ser realizado nos últimos semestres da formação acadêmica.
Um pouco da história do Crav
Ao todo, já são mais de 300 curtas produzidos pelos acadêmicos durante toda a existência do Crav, surgido em 2006. Um dos curtas de conclusão mais recentes foi dirigido por Natália Polla, 21 anos, recém-formada pelo Crav. Natália não esconde o orgulho de toda a construção e produção do material final. “Eu tinha medo de dirigir, não sabia, achava que eu não ia conseguir, mas dirigir, escrever, fazer o set do meu curta foi provavelmente a minha melhor experiência na faculdade, em que eu pude trabalhar com os atores, pude colocar as minhas ideias do papel para a tela”, ela relembra.
A prática a partir das especialidades é um dos grandes diferenciais do curso, como conta Eduarda Brum, 20 anos, aluna do sexto semestre. “Na primeira aula prática de som que eu tive, estávamos em um momento pandêmico bem ruim, e conseguimos nos reunir para ver os equipamentos de som, poder tocar e ouvir coisas. Foi muito mágico para mim, apesar de que era um momento ruim de Covid-19. Foi muito boa essa experiência de poder tocar pela primeira vez em equipamentos que eu nunca tinha tocado na minha vida”, recorda.
Para apresentar as produções realizadas pelos alunos ao público em geral, o curso organiza a Mostra Unisinos de Cinema, em um evento anual. No entanto, durante a pandemia a exibição foi interrompida, mas deve voltar neste ano. O professor Vicente conta que serão duas Mostras em 2022 – uma ao final do primeiro semestre, onde serão reproduzidos os materiais elaborados durante 2020 e 2021, e a outra no final do segundo semestre, com as produções do ano corrente.