A Semana da Comunicação 2021 ocorreu de 10 a 14 de maio e, com certeza, foi um sucesso. Abrangendo diversas áreas, as conversas variaram entre podcasts, documentários, games, representatividade e humanização de experiências digitais. Esse evento tão querido conseguiu incluir temas da atualidade bem importantes.
Não conseguiu assistir todas as palestras? Então, dê uma conferida abaixo nos principais destaques que o Mescla selecionou para você desse evento tão bacana da Escola da Indústria Criativa da Unisinos. Ao clicar no título da atividade, você poderá acessar a gravação, disponível em nosso canal no YouTube.
SEGUNDA-FEIRA, 10/5
Por trás de Praia dos Ossos: pesquisa e narrativa de uma minissérie em podcast
A convidada da primeira noite foi Branca Vianna, fundadora da Rádio Novelo, além de idealizadora e apresentadora do “Praia dos Ossos”. Esse podcast narrativo tem clima de novela, mas conta uma história real – e pesada – de um caso de feminicídio que ocorreu no Rio de Janeiro em 1976. O fato mexeu com a sociedade na época, chegando até a fomentar e trazer avanços para o movimento feminista no Brasil.
Branca nos falou sobre as dificuldades de pesquisa na documentação existente sobre o caso, explicando também o trabalho realizado nos bastidores de Praia dos Ossos. O crime ocorrido há 45 anos é ainda traumático na vida de muitas pessoas, o que trouxe a necessidade de um cuidado maior na hora da produção.
A Rádio Novelo é especialista em produzir material de resgate histórico – trazendo à tona o que nosso país adora esconder. Apesar da dificuldade que certos temas trazem na hora de falar deles, Branca acredita que a melhor forma de tratar sobre algo é contando uma história.
As profes Luciana Kraemer e Lisiane Cohen, além de todos que assistiram, certamente adoraram a participação de Branca Vianna. Foi lindo! Começamos bem.
TERÇA-FEIRA, 11/5
Contramaré: bastidores do documentário sobre superação através da música
Daniel Marenco é repórter fotográfico e produziu “Contramaré”, um documentário sobre a superação através da música e da transformação social nos conjuntos de favelas da Zona Norte do Rio de Janeiro. Esse foi o primeiro documentário produzido por Marenco, que mostrou, com um grande impacto para nossas telas, o trabalho realizado pela Orquestra Maré do Amanhã e o cotidiano violento dessas comunidades. Marenco é egresso do curso de Jornalismo da Unisinos. Desde a época de estudante, já mostrava um olhar muito humanitário – e curioso. Além disso, trabalhou como fotojornalista nos jornais O Globo, Folha de S.Paulo e Zero Hora.
Calma, o profe Flávio Dutra está pausando a playlist dele. Ainda bem que todo mundo gosta de Beatles.
Ao descobrir o fotojornalismo, Marenco logo estabeleceu um grande vínculo – mas não imaginava um dia trabalhar com documentários. Contramaré chama a atenção pela simplicidade da produção, em que percebemos o olhar atento e sensível ao cenário, que pode parecer uma grande antítese – favela e música clássica. A Orquestra Maré do Amanhã tem mudado a vida de muitos jovens, causando uma transformação através da arte, ressignificando as possibilidades dentro desse difícil contexto social em que vivem.
QUARTA-FEIRA, 12/5
Ver, ouvir e jogar: Games e Audiovisualidades da Tecnocultura
Já na quarta-feira, a conversa foi com Camila de Ávila, que é doutoranda em Comunicação (Unisinos) e integrante dos grupos de pesquisa Audiovisualidades e Tecnocultura: Comunicação, Memória e Design (TCAv/Unisinos) e Arqueologia Interativa e Simulações Eletrônicas (Arise/USP); e com o Eduardo Harry Luersen, doutor em Comunicação (Unisinos) e integrante do TCAv/Unisinos e do Gamification Lab (Leuphana Universität Lüneburg).
O painel debateu sobre games e como as imagens e os sons são componentes importantíssimos para a imersão dos jogadores para essa dimensão virtual. Eduardo recuperou um pouco da história do som nos jogos digitais e a importância dele nos processos de aprendizagem. Além disso, comentou um pouco sobre o seu projeto de pesquisa de análise de sons e de como o design sonoro é determinante em jogos.
Já Camila falou um pouco sobre a “archaeogaming”, que trata da “arqueologia”, da memória dos jogos, e como isso acaba resultando em “jogos dentro de jogos”, que ela define como “incrustação”. O conceito se refere à ideia de games passados entrarem em jogos atuais, e como os jogos marcam o nosso tempo. Eles são tecnologias de mídia que já fazem parte da memória do mundo contemporâneo.
Esse painel trouxe bastante interação pelo chat!
QUINTA-FEIRA, 13/5
Narrativas Periféricas: cinema e representatividade
A cineasta Yasmin Thayná, que é diretora e fundadora da Afroflix, nos contou sobre sua trajetória profissional como mulher negra, e sobre o trabalho de contar narrativas de fora do centro da produção cultural – no caso, da periferia. Yasmin produziu, em 2016, o curta-metragem Kbela, que traz como tema a questão da transição capilar das mulheres negras, que se veem numa “emboscada social”, fazendo parecer que o cabelo liso pareça o ideal e o cabelo crespo seja visto com preconceito. A história surgiu de um conto escrito pela jovem em 2013, após um alisamento machucar muito a sua pele, o que acabou sendo o estopim para dizer “chega!”.
Esse conto virou uma peça de teatro e, depois, ganhou o formato de curta-metragem. Kbela ganhou festivais de cinema, marcando como a violência e o racismo estão estruturados em diversas questões, e o quão libertador é poder assumir o cabelo crespo e a própria identidade natural. “É uma cura”, enfatizou Yasmin. Ela contou também sobre como quis colocar muitas mulheres na produção do filme, inclusive nas posições de chefia. “É um filme que fala de uma experiência vivida por muitas mulheres negras, mas é um filme, principalmente, sobre passagens, sobre transformação”, resume.
SEXTA-FEIRA, 14/5
UX Research – Humanizando experiências digitais
Glauco Cavalheiro é egresso de Publicidade e Propaganda da Unisinos (aliás, ele iniciou a carreira aqui na Agexcom como diretor de arte!). Ele migrou para a área de pesquisa posteriormente, com foco em UX Research, que basicamente é o trabalho de entender como os usuários de um produto ou serviço digital o entendem e como se relacionam com ele. Esse trabalho dá suporte para os demais desenvolvedores. Glauco nos contou um pouquinho da rotina de trabalho dele na Trivago, onde é Senior User Researcher, e como é realizado o planejamento de pesquisa e análise.
Glauco também mostrou a perspectiva dele sobre como acha legal trabalhar no mercado de tecnologia, os desafios da área e o retorno ao ver o próprio trabalho gerando impacto na vida das pessoas. Além de tudo, deu dicas de cursos, mentorias e ferramentas para quem deseja entrar na área de UX.
A Semana já está deixando saudades. Foi totalmente online e foi um sucesso, com bastante interação entre os alunos e os painelistas. A galera já está ansiosa para a próxima! Tomara que no ano que vem o look para participar do evento deixe de ser o pijama e o roupão. #xôcovid