Escritor, poeta e professor. Roger Paffrath está no quarto semestre do curso de Letras da Unisinos e, hoje, é um escritor autopublicado. Na universidade desde 2009, Roger começou como aluno de Jogos Digitais e chegou a ter, inclusive, uma empresa de jogos. Por achar a área tóxica – pela pressão que sentia e, também, pelo ambiente de trabalho -, trancou o curso quase no final e, por já ter dado aulas de inglês, mudou para Letras. “Queria tocar a vida das pessoas de um jeito diferente”, comenta.
Natural de Campo Bom, Roger começou a escrever poemas há cinco anos, e os publicava nas redes sociais. Com três livros de poemas e um romance policial, o escritor tem ainda um livro de terror para ser finalizado. O primeiro livro, escrito em inglês, surgiu para reunir os cerca de 100 poemas que Roger havia publicado nas redes sociais. Satélite Fantasma, de 2017, surgiu porque o artista estava apaixonado e queria transmitir o sentimento de alguma forma. O relacionamento não deu certo e o livro conta as diferentes fases da paixão.
Na época, o escritor procurava informações para publicar em formato digital quando encontrou uma publicidade da Amazon buscando autores para publicações de livros físicos. A partir disso, Roger reproduziu todos seus trabalhos de forma física e o link para cada um deles pode ser acessado aqui. Todo o processo de produção, desde a escrita, passando pela diagramação, as artes da capa e a divulgação após o lançamento, tudo é feito pelo escritor. Roger se utiliza tanto dos conhecimentos adquiridos no curso de Jogos Digitais, quanto no de Letras. Sobre o atual curso, ele conta que o foco é maior é a preparação para dar aula, mas como ele mesmo comenta:“O fato de estar inserido no meio acadêmico faz eu me entender escritor”.
“Inspiração é quando tu tá observando, aquilo fica na tua mente e, quando sai, sai meio madura”, conta Roger. O escritor conta que está sempre prestando atenção em tudo que está em sua volta: os gestos, as falas e o ambiente ao redor acabam servindo de inspiração. A ideia para Queda Livre, o romance policial, veio enquanto o escritor dirigia o carro. Já a narrativa do livro de terror, enquanto passeava com o cachorro. Roger mantém, sempre que possível, uma rotina para escrever. Ele entra no “personagem escritor” e consegue formar a narrativa. Os poemas, por outro lado, não têm um momento específico no dia a dia, eles apenas surgem. Roger se vê como artista no cotidiano. Ele observa e tem uma sensibilidade artística. “Acho que começou quando eu parei de escrever em inglês. Eu questionei a minha brasilidade, minha identidade e qual era a minha verdade”, explica.
Durante a quarentena, a rotina do escritor se tornou caótica e, consequentemente, o hábito de leitura e escrita acabou ficando de lado. Agora, Roger começa a se recuperar. “É difícil escrever, porque tem que escrever, editar, vender… As editoras brasileiras não valorizam o autor novo”, comenta sobre os desafios que costuma enfrentar. Roger conta que divide a escrita com o trabalho, a faculdade e alguns passatempos. Ele lê e cuida da casa. O último, faz para procrastinar, uma “procrastinação produtiva”, como ele mesmo diz. “Eu também toco mal violão, tenho que aceitar ser ruim em alguma coisa”, conta rindo.O artista divulga seu trabalho no instagram, postando os poemas e fazendo vídeos para conversar com os seguidores. “São pessoas com experiências diferentes e que se identificam com o que tu escreve”, diz o escritor que busca sempre responder todas as mensagens.