Por dentro

#conscientização #desenvolvimento de jogos #games #PPGCOM
Um jogo para pensar na uberização do trabalho
"O projeto do Programa de Pós-Graduação em Comunicação da Unisinos simula o dia a dia de um motorista de aplicativo e seus percalços financeiros"
Avatar photo


A Workers Game Jam é um evento direcionado para desenvolvedores de games com o objetivo de incentivar a criação de jogos sobre organização de trabalhadores. E a edição deste ano contou com a inscrição de uma produção do Programa de Pós-Graduação em Comunicação. 

Elaborado pelo mestrando Fabricio Barili, o jogo “Jornada do Trabalhador de Si Mesmo” é um simulador da rotina de um motorista de aplicativo, onde o objetivo é sobreviver financeiramente e, ao mesmo tempo, organizar-se coletivamente. Basicamente, o jogador recebe alternativas de como proceder enquanto está trabalhando como motorista, e cada escolha gera uma consequência. Barili foi o responsável pelo desenvolvimento geral do jogo e trabalhou com uma equipe de pós-graduandos: os mestrandos Alison Rodrigues e Raiana Rodrigues, o doutorando Leonardo Mello e o egresso do doutorado Felipe Gue Martini.A supervisão foi do  professor Rafael Grohmann.

“É um jogo de caráter conscientizador, para colocar as pessoas no lugar dos trabalhadores de aplicativo. Levantar a questão se são empreendedores de si mesmos ou se são apenas trabalhadores”, explica Barili. “Você não é dono do seu próprio negócio uma vez que um aplicativo, por exemplo, te bloqueia e te impede de trabalhar. Você não pode fazer seu próprio horário e aceitar qualquer corrida que quiser. É um jogo para dar consciência de classe tanto para os usuários quanto para os trabalhadores de aplicativo”.

Game simula o cotidiano de um motorista de aplicativo que precisa garantir seu sustento e se organizar coletivamente | Foto: Divulgação

O mestrando acrescenta também que a produção de jogos com esse intuito, atualmente, é importante para colocar esse assunto em pauta de uma forma mais lúdica, atraente, democrática e didática, o que daria uma maior potencialidade de transformações. “A função social de um game, que eu considero, é essa parte lúdica que ele tem de tocar em certos pontos que ou são difíceis de lidar, ou não geram interesse em um primeiro momento”, afirma.

Barili diz que a experiência de produzir um game conscientizador, sem viés comercial, foi muito gratificante, e que a verdadeira recompensa pelo projeto será ver as pessoas compreendendo que os trabalhadores de aplicativo não são donos de seu próprio negócio, como muitos acreditam. O mestrando também tem planos de elaborar uma versão nova do jogo, com uma dinâmica mais complexa.

O professor Grohmann acrescenta que o game tem por base as pesquisas que estão sendo desenvolvidas sobre trabalho em plataformas no âmbito do grupo DigiLabour. Ele também diz que o resultado final do “Jornada do Trabalhador de Si Mesmo” foi bastante adequado graças ao esforço de uma equipe que ele considera fantástica. “Jogos como esse podem nos ajudar a vislumbrar outros mundos possíveis. Eles são sempre sobre produção e circulação de significados, e sempre há políticas embutidas neles. A questão é ter uma diversidade de pontos de vista para agregar a discussão”, finaliza.

Mais recentes