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Conversas difíceis em tempos de Covid-19
"Grupo de pesquisa da Unisinos traduziu documentos e estuda formas de comunicação empática na área da saúde"
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Com o objetivo de ajudar pessoas, principalmente profissionais ligados à área da saúde, a se comunicarem melhor quando o teor do assunto for muito sensível, o Programa de Pós-Graduação em Linguística Aplicada (PPGLA) da Unisinos traduziu uma série de documentos que tratam da divulgação de notícias difíceis no cuidado de pessoas diagnosticadas com Covid-19.


Os materiais trazem algumas orientações e um checklist para profissionais da saúde. Os documentos originais foram produzidos pela professora Ruth Parry, da Universidade de Loughborough, na Inglaterra, que pesquisou milhares de conversas difíceis registradas em vários contextos de saúde e assistência social no Reino Unido, na Austrália e nos Estados Unidos. 

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A professora gravou um vídeo explicando a relação dela com a pesquisa.


A tradução para o português foi realizada pelo grupo de pesquisa Fala em Interação (FEI), ligado ao PPGLA. A parceria com a universidade britânica aconteceu porque a coordenadora do grupo, professora Ana Ostermann, tem objetos de pesquisa similares ao de Ruth, com quem interagiu durante a realização do seu pós-doutorado. “Eu sou privilegiada em fazer pesquisas que interessam e que têm um retorno prático no dia a dia”, conta Ana. “Não há como mudar um cenário como o atual, mas é possível comunicar de formas empáticas”, avalia.


Comunicações humanas na vida real


Nunca é fácil noticiar acontecimentos sensíveis. O domínio da fala e a articulação necessária para se comunicar é feita automaticamente, mas, quando se enfrenta uma situação difícil, todas essas habilidades acabam não sendo suficientes. É pensando nessa temática que o FEI busca estudar as comunicações humanas na vida real, observando e pesquisando interações que acontecem no mundo, como uma “anatomia” da questão humana. Com base na teoria da Análise da Conversa, o grupo, atualmente, tem a pesquisa focada na área da saúde. 

As reuniões do grupo acontecem de forma remota, devido à pandemia


Ana Ostermann trabalha na universidade há quase 20 anos e, além das disciplinas no curso de Letras e no PPG, também atua na graduação em Medicina. “O PPGLA tem um viés interdisciplinar, e o ensino é só uma parcela do que temos desenvolvido. Onde há linguagem e interação, existe objeto de análise”, explica a professora.


No momento, o FEI conta com a participação de duas bolsistas de Iniciação Científica alunas da Escola de Saúde da Unisinos. Uma delas, Martina Wissmann , estudante do sexto semestre de Medicina, contou que a universidade foca no processo de humanização da saúde. “Muitas vezes escutamos que algumas coisas vamos aprender ‘na prática’. Contudo, acredito que existam maneiras de nos prepararmos para que não seja necessário o erro de, eventualmente, machucarmos o paciente com as nossas palavras”, explica a aluna, apontando a diferença de atuação entre os estudantes que se dedicam à comunicação médico-paciente e os que não.


Resultados práticos para a sociedade


As traduções foram feitas por Martina e pela colega Stefanie Weber, além da doutoranda em Linguística Aplicada Paola Konrad e da professora Daniela Andrade, com a supervisão de Ana Ostermann. O processo, que foi colaborativo, passou pela revisão de todas para a adequação de termos. As pesquisadoras compartilham de um mesmo sentimento: pesquisar para, de alguma forma, entregar resultados práticos para a sociedade. “Percebemos uma sensibilização maior para a pesquisa. O que se aprende hoje, se implementa hoje, e essa sensibilização ajuda de forma direta”, diz Daniela.


Com o intuito de divulgar o conhecimento já adquirido, além da tradução e disseminação dos documentos, o Fala em Interação está organizando uma oficina sobre a comunicação de notícias difíceis. No dia 30 de junho, às 18h, o grupo estará apresentando a metodologia da Análise da Conversa e uma observação conjunta de trechos de conversas reais na área da saúde. O curso de extensão será realizado pelo Teams e as inscrições podem ser feitas aqui.

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