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Alunas de Jornalismo da Unisinos recebem prêmio por reportagem investigativa
"Caroline Tentardini e Luana Rosales tiraram o segundo lugar na categoria Reportagem Universitária, concedida pelo Ministério Público do RS"
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“Segundo dados da Secretaria Estadual de Segurança Pública (SSP-RS), obtidos via Lei de Acesso à Informação para esta reportagem, os delitos relacionados à pedofilia representam 80% dos crimes virtuais no estado.” É esse dado alarmante que norteia a reportagem premiada das estudantes Caroline Tentardini e Luana Rosales, ambas do 8° semestre de Jornalismo. A matéria foi realizada na disciplina de Jornalismo Investigativo, ministrada pela professora Luciana Kraemer. 


Criado em 1998, o Prêmio Jornalismo Ministério Público do Rio Grande do Sul é um incentivo à divulgação de ações que retratam o trabalho do Ministério Público. As matérias que concorrem são das áreas de Segurança Pública, Sustentabilidade, Proteção Social, Combate à Corrupção, Saúde e Educação. As estudantes receberam o segundo lugar na categoria relativa à produção de estudantes de jornalismo publicadas em veículos universitários. A reportagem “80% dos  crimes virtuais investigados no RS estão ligados à pedofilia” está disponível no medium da Beta Redação, além de ter sido replicada pela publicação independente Ponte Jornalismo, voltado aos Direitos Humanos, Segurança Pública e Justiça e ainda no jornal Sul 21


A disciplina de Jornalismo Investigativo trabalha com pesquisa de dados, geralmente fornecidos pelos órgãos via Lei de Acesso à Informação  e foi com essa premissa que as estudantes começaram a investigar. “A Lei de Acesso é um direito de todo cidadão brasileiro. No caso dos jornalistas, tem sido uma ferramenta cada vez mais utilizada para identificar dados macro, de contexto.”, explica Luciana, professora nos cursos de Jornalismo e Realização Audiovisual da Unisinos. 


“A ideia inicial era fazer uma matéria sobre os crimes virtuais mais freqüentes, porém, ao solicitar esses dados via lei de acesso à informação, nos deparamos com a porcentagem de que 80% dos crimes cometidos virtualmente estão ligados à pedofilia.”, explica Caroline. Para Luana, esse foi o ponto crucial na decisão. “Nos deparamos com esse número impactante e pensamos, ta aí a nossa pauta”,  concorda. 


As estudantes solicitaram a informação à Secretaria de Segurança Pública (SSP) e se depararam com outra situação. “Esses dados não estavam disponíveis no portal transparência.”, conta a professora. “Como elas entraram com o pedido e foi um volume de dados interessantes, a própria secretaria acabou disponibilizando esses dados no portal. Uma solicitação de duas estudantes, de uma atividade de faculdade, acabou beneficiando vários pesquisadores e outros jornalistas.”, diz Luciana. “A Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) estimula esta ferramenta, e nós, professores, também temos indicado cada vez mais este caminho para os alunos”, comenta. 


Por se tratar de um assunto delicado, o cuidado foi em dobro e metódico para chegar às fontes. “Tivemos que buscar pessoas que concordassem em falar e que  também sustentassem um indicador tão grave.”, diz Caroline. Mesmo com o suporte de delegacias e estatutos responsáveis e os dados da SSP-RS, ainda foi necessário construir uma espécie de confiança com os envolvidos na matéria. “Entramos em contato por telefone, informamos que tínhamos recebido esses dados da Secretaria e com isso tentamos deixar o assunto fluir naturalmente para que conseguíssemos as informações necessárias. É um assunto muito delicado por tratar de crimes que envolvem crianças e adolescentes.”, comenta.


Com a dificuldade de encontrar vítimas que pudessem contar suas experiências, já que geralmente pessoas que sofreram abusos preferem não falar sobre, as estudantes foram atrás de casos registrados no Tribunal de Justiça. Como eles correm em segredo de justiça, recorreram aos acórdãos, que é quando os processos vão para segunda instância. Nesses casos, um resumo é anexado ao processo e pode ser visualizado. “Alguns têm detalhes tão sórdidos que não daria para colocarmos nas matéria”, conta Luana.


Para falar sobre o assunto e evitar uma compreensão errônea, a matéria também se preocupou em explicar os conceitos de estupro de vulnerável, pornografia e de pedofilia, que não consiste por si só em um crime. Depois de todo o trabalho, o retorno veio na forma do prêmio do Ministério Público.  


“É um sentimento muito bom de reconhecimento do nosso trabalho, de saber que estamos fazendo algo de qualidade e relevante. Ter esse aval de pessoas que entendem de jornalismo e desse tema jurídico representa um reconhecimento sincero de que a matéria está bacana.”, confessa Luana.


“O sentimento foi de dever cumprido, porque além de nenhum meio de comunicação ter feito uma matéria parecida, os dados também não estavam disponíveis antes de solicitarmos. Depois que ela foi publicada, alguns veículos e órgãos replicaram nos seus sites,  e agora o prêmio. Ficamos muito orgulhosas pelo nosso trabalho”, concorda Caroline. 


A cerimônia de entrega da premiação ocorrerá no dia 12 de dezembro, em local e horário a serem divulgados.

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