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A longa-metragem das revistas sobre cinema
"Com 17 anos de história, a revista Teorema chega a sua 31ª edição como uma das publicações mais importantes no Brasil sobre crítica da sétima arte"
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A edição número 31 da Teorema já está circulando em todo o país. Criada em 2002 em Porto Alegre, a revista é a mais antiga — e mais conhecida — no cenário da crítica de cinema no Brasil.

Na mais recente edição, destaca na capa a imagem do filme Bacurau, produção brasileira que conquistou o Prêmio do Júri no Festival de Cannes de 2019. Também conta com análises da genialidade de Domingos Oliveira, diretor que faleceu no início do ano e deixou marcas no cinema nacional. Além disso, discussões da presença e repercussão do documentário Democracia em Vertigem; dos filmes de Guto Parente, reconhecidos pelo uso do corpo e sangue como expressão; de Amor até as cinzas, filme chinês do diretor Jia Zhangke; e sobre o filme Dor e Glória, de Pedro Almodóvar.

Nas suas 86 páginas, ainda lemos sobre o fenômeno hollywoodiano Nós, do diretor Jordan Peele, mais um dos expoentes do horror psicológico, na mesma linha que o remake de Suspiria, dessa vez com o diretor italiano Luca Guadagnino. A despedida autobiográfica e autoanalítica da diretora Agnès Varda é uma ode à beleza de enxergar o outro; assim como o diretor Jean-Luc Godard, de 88 anos, que realiza o que a revista chama de “poema épico da era das imagens”. Vale ainda uma leitura atenta sobre o olhar conservador do diretor Clint Eastwood e sobre o longa argentino La Flor, um titã de 14 horas, dividido em três partes.

Valorizando o impresso

Com tiragem média de mil exemplares, Teorema é uma revista analógica por excelência. O tamanho e o formato dos textos, as fotos que ilustram as matérias, entre outros itens, são idealizados para valorizar o formato impresso. A ideia é que a publicação não se transforme em um formato puramente digital. É o que afirma o professor Milton do Prado, coordenador do Curso de Realização Audiovisual (CRAV) da Unisinos, e um dos editores da Teorema. “Como a revista física sai uma ou duas vezes ao ano, se tivéssemos um canal online, seria possível fazer retomadas de discussões”, explica Milton. O plano, segundo ele, é produzir um site com conteúdo complementar às matérias.

Com um espaço próprio na internet, seria possível disponibilizar as edições mais antigas em formato pdf, já que muitos comentários no canal do Facebook da Teorema são pedidos de números que saíram há bastante tempo. Milton sublinha que a página recebe comentários sobre matérias e pedidos sobre locais de comercialização e distribuição fora do Rio Grande do Sul. Hoje, a Teorema tem pontos de venda em Porto Alegre, Rio de Janeiro, São Paulo, Brasília, Fortaleza e Recife, além de envios diretos a leitores que entram em contato.

Aceitei na hora!

A cada edição, os editores discutem quais filmes serão abordados na revista e sugerem nomes de profissionais para produzirem resenhas dos títulos escolhidos. Na edição 31, pela primeira vez em 17 anos de história, um aluno do CRAV teve a oportunidade de publicar uma opinião. A honraria coube a Rafael de Campos, estudante do sexto semestre do curso. “Quando o professor Milton me convidou pra escrever um artigo, aceitei na hora!”, revela Rafael, que diz ter conhecido a revista pouco antes de ingressar no CRAV, em 2017. “Fiquei surpreso em saber que existia uma revista gaúcha impressa dedicada à crítica de cinema.”

Rafael participou de um curso sobre cinema chinês, realizado na Unisinos, e já era um apreciador do diretor Jia Zhangke, sobre o qual ele escreveu para a revista. “Foi uma experiência muito boa”, lembra. “Primeiro, porque é uma honra dividir o espaço com vários críticos muito mais experientes que eu. Segundo, porque essa edição, em particular, foi bem marcante, entre outros motivos, por Bacurau, que é um dos filmes brasileiros mais importantes dos últimos anos. Tem também a entrevista com o Jean-Michel Frodon, uma referência na crítica de cinema mundial”, diz, entusiasmado.

Escolha dos filmes

Todas as edições da Teorema trazem uma entrevista especial que se relaciona com ao menos algum dos filmes resenhados. A entrevista exclusiva da Teorema número 31 foi realizada na Cinemateca Capitólio Petrobras, em Porto Alegre, com o crítico de cinema francês Jean-Michel Billard, mais conhecido pelo pseudônimo Frodon. Jean-Michel mantém um olhar atento sobre o cinema iraniano e chinês, e a Teorema também se estendeu sobre lançamentos desse lado do mundo.

“A quantidade de filmes brasileiros e estrangeiros é dividida. Às vezes, a gente percebe que só tem filme brasileiro. Aí, fazemos uma seleção e inserimos títulos estrangeiros”, comenta Milton. A escolha dos filmes gira em torno da crítica, aclamação do público e presença em festivais. “Democracia em Vertigem foi um documentário que entrou nas últimas semanas antes da publicação”, menciona o professor. Assim como Bacurau, a obra de Petra Costa acabou se tornando um representante da insatisfação brasileira contra o cenário político e social. “Era impossível não falar sobre ele na revista”, diz Milton.

Mas, apesar da demanda dos leitores e a gama de títulos que também poderiam ser resenhados, a Teorema acaba limitada por outros fatores, como a dificuldade na distribuição. Toda a revista é pensada pelos seis editores: Enéas de Souza, Fabiano de Souza, Flávio Guirland, Ivonete Pinto, Marcus Mello e Milton do Prado. A cada nova edição, colaboradores são convidados a discutir alguns dos títulos indicados. Os seis editores também arcam com os custos da publicação, já que a revista não ostenta anúncios. Ideias como parcerias e assinatura são ponderadas, mas ainda constituem projetos para o futuro.

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