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Os bastidores da reportagem de dados
"Em bate-papo com alunos de Jornalismo, o repórter Marcel Harmann, do jornal Zero Hora e Portal GaúchaZH, contou suas experiências na produção de matérias que aprofundam e traduzem números e estatísticas"
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Estudantes do curso de Jornalismo da Unisinos receberam uma visita especial na última sexta-feira, dia 23. O repórter multimídia da Zero Hora e GaúchaZH Marcel Hartmann visitou a turma da disciplina de Jornalismo Investigativo para contar aos alunos um pouco de sua trajetória. Ele também explicou como foram feitas algumas de suas reportagens e fez apontamentos sobre o presente e o futuro da profissão.

Assim que passou pela porta, Marcel surpreendeu os estudantes por sua juventude. Com apenas 26 anos, o repórter já carrega um currículo bastante extenso, que inclui grandes veículos de imprensa, como Portal Terra, TVE e Estadão. Na Zero Hora e GaúchaZH, ele cobre áreas como educação, saúde e meio ambiente, muitas vezes produzindo grandes reportagens.

Marcel também já conquistou espaços internacionais. Na faculdade, ele fez um intercâmbio de um ano na França, onde estudou Comunicação e Letras. Ele também passou 40 dias no The Dallas Morning News, jornal sediado no Texas, Estados Unidos, para estudar o caminho de uma reportagem de dados em uma redação norte-americana.

O objetivo de Marcel na Unisinos era contar um pouco sobre os bastidores de uma grande reportagem, principalmente daquelas que se baseiam em dados numéricos para aprofundar um fato ou informação – conhecidas também como “reportagens de dados”. Marcel não só possui bastante experiência em produzir matérias desse tipo, como também já recebeu prêmios por alguns de seus trabalhos.

Ao pegar de exemplo a reportagem “Não é só mérito”, de autoria dele, publicada na Zero Hora no dia 27 de julho, Marcel trouxe uma perspectiva inédita aos alunos: a de que, mais do que nunca, é necessário para um bom jornalista ter entendimento de programação. Para essa matéria, o repórter, juntamente com uma equipe de programadores, elaborou uma inteligência artificial para analisar o desempenho das quase 4 milhões de pessoas que realizaram a prova do Enem de 2018. “Utilizamos o recurso porque é humanamente impossível analisar um número tão grande de notas”, explicou Marcel.

Um dos pontos essenciais da reportagem de dados, segundo Marcel, é a necessidade de humanizar as informações numéricas trazidas no texto para que ela não fique com cara de um relatório. Para essa matéria, que mostra a relação entre as notas obtidas pelos alunos no Enem 2018 com questões como sexo, etnia e renda familiar dos candidatos, Marcel se encontrou com alguns estudantes que prestaram a prova. A ideia era conhecer como eram suas vidas e rotinas de estudo. “Foi muito trabalhoso encontrar esses candidatos. Meus editores sugeriram que eu realizasse as entrevistas por telefone, mas preferi fazer pessoalmente”, disse.

Além de programação, Marcel ressaltou aos alunos que a leitura é uma peça fundamental na formação de um jornalista. Não apenas de livros, mas também de jornais e revistas. “A leitura deixa a gente mais apto para fazer nosso trabalho e também ajuda a encontrar novas possibilidades de pautas para reportagens”, ensina o repórter.

Como exemplo disso, Marcel citou uma reportagem dele que fala sobre Profilaxia Pré-Exposição (PrEP), um medicamento que reduz em mais de 90% o risco de se contrair o HIV, vírus causador da Aids. A ideia para escrever essa matéria veio após o jornalista ter lido uma outra reportagem sobre esse mesmo medicamento. “Li e considerei o texto preconceituoso. Então, decidi falar sobre o mesmo assunto, mas trazendo um novo ponto de vista”, comenta Marcel, que foi o vencedor, com esse material jornalístico, do Concurso de Jornalismo Investigativo sobre HIV e Aids na América Latina e no Caribe 2019.

“A visita de Marcel Hartmann foi muito proveitosa e esclarecedora. Os estudantes com certeza tiveram ampliados os entendimentos sobre a produção de uma reportagem de dados”, avalia a professora Luciana Kraemer. “Acredito que os futuros jornalistas se sentem mais confiantes em produzir matérias investigativas de relevância para a sociedade”.

Os estudantes do curso de Jornalismo tiveram um aprendizado intenso sobre a produção de reportagens investigativas
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