No coração de Porto Alegre, na Praça da Alfândega, o balançar das árvores, o murmurinho de vozes e o som do folhear de páginas anuncia a chegada da 64ª edição da Feira do Livro da capital gaúcha. Considerada um dos maiores eventos culturais do país, ela abriga milhares de história nas bancas. Livros que passam de mão em mão, aguardando o momento para serem lidos. Entre as recomendações dos livreiros e os anúncios dos estandes, os saldos, obras com preços menores, fazem sucesso e chamam a atenção do público no local.
Do lado de fora das tendas, os pombos, típicos moradores do local, disputam o caminho com os visitantes, que chegam a 70 mil ao dia, segundo estima a Câmara Rio-Grandense do Livro. O público diário, maior que a população da maioria das cidades gaúchas, é composto por estudantes uniformizados acompanhados dos professores, moradores da cidade, leitores entusiastas e os típicos jogadores de damas que frequentam a praça.
São 104 bancas espalhadas pelos 9 mil m² da Feira, e mais de 800 atividades gratuitas, entre palestras, oficinas, bate-papos e sessões de autógrafo. A programação leva o visitante a perceber que o evento é um grande contador de histórias. As narrativas percorrem as calçadas de pedra, viajam pelas mais de seis décadas de feira, transitam pelas folhas das obras. Existe, ali, uma harmonia entre cidade e cultura.
Conhecendo histórias e culturas
No primeiro andar do prédio do Memorial do Rio Grande do Sul, uma exposição transporta o visitante para a República Tcheca, país convidado de honra desta edição da Feira do Livro. Diferente da banca tímida no centro da feira, os cartazes, fotografias e histórias contam a história do local que comemora o centenário de fundação da extinta Tchecoslováquia. Eventos, como a homenagem ao país no Cine Santander Cultural, bate-papos com autores tchecos e peças de teatro, foram acrescentados à exposição, trazendo para Porto Alegre uma porção da Europa Central.
Nas paredes, histórias da independência do país, assim como os líderes dos movimentos são lembrados, dividindo o espaço com demonstrações culturais da República Tcheca, entre elas desfiles temáticos e tradições dos habitantes.
História em miniatura
Um estande em especial chama a atenção dos visitantes da Feira do Livro de Porto Alegre. Intitulada “Os menores livros do mundo”, a editora exibe dezenas de miniaturas feitas de forma artesanal, assim como mini estantes para guardar as publicações. As obras cabem na palma da mão e carregam histórias. Com matriz peruana, a editora está presente em 23 países espalhados pelos cinco continentes, e produz livros em diversas línguas.
A banca, localizada na área internacional da feira, fica a cargo do representante Elias Avílio, que se mudou para o Brasil afim de trabalhar para a editora. Ele conta que o público é específico e, geralmente, formado por pessoas adeptas a obras peculiares. Uma cliente deixa o local carregando dois livros infantis. Ana Maria diz que procurava um presente para uma criança “que já tem de tudo”, e viu nos menores livros do mundo uma oportunidade de encantar o presenteado.
Com uma grande diversidade de livros, sejam eles os menores ou os mais curtos do mundo, dos artesanais aos produzidos por grandes editoras, a Feira do Livro de Porto Alegre encerra atividades no dia 18 de novembro e deixa a Praça da Alfândega com a expectativa para a próxima edição.