Um workshop que incentive a originalidade, a inovação e a imaginação, atributos ligados à temática social nas regiões urbanas. Essa é a proposta do Hack the City, uma iniciativa do estúdio de comunicação Shoot the Shit (que cria estratégias, projetos e campanhas focadas em impacto social). Alunos dos cursos de Publicidade e Propaganda e Design de Produto da Unisinos foram desafiados a melhorar a cidade no entorno da universidade.
O evento, que ocorreu no Campus Unisinos Porto Alegre nos sábados de 29 de setembro e 6 de outubro, foi composto por palestras e atividades práticas. No primeiro encontro, os alunos receberam orientações para a criação e prototipação de cada projeto, dos ministrantes e funcionários da Shoot The Shit: Manuella Stangherlin Graff, Marcos Vinícius Machado de Oliveira e Priscila Czuka Guaglianoni. No segundo encontro, o momento foi de colocar as ideias em prática.
Para Marcos Oliveira, o evento foi uma experiência interessante, porque além de idealizar os projetos, os estudantes tiveram a oportunidade de executá-los. “Ver o projeto saindo do papel ajuda a inspirar e motivar a fazer mais, além de gerar um certo senso de pertencimento à cidade”, comenta.
“O principal foco do workshop e das palestras é a sensibilização dos alunos para pensarem como aplicar os seus conhecimentos em prol da sociedade, e nisso acho que o resultado foi mega positivo”, afirma Marcos Oliveira.
A coordenadora do curso de Publicidade e Propagando em Porto Alegre, Anaís Schuler Bertoni, afirma que unir os cursos de PP e Design de Produto foi relevante aos alunos, pois eles tiveram a oportunidade de criar, juntos, a resolução de um problema, com total dedicação em todos os processos, desde a identificação do tema a ser tratado até a execução do mesmo. “A ideia deste workshop é instigar competências focadas na colaboração, comunicação e resolução de problemas”, afirma.
Mudando a paisagem
Os alunos foram divididos em quatro grupos (mistos entre os cursos), cada um com o mesmo objetivo: através de uma ideia simples, criativa e replicável, causar algum impacto positivo nos arredores da Unisinos Porto Alegre.
Durante o primeiro sábado do evento foram utilizados dois projetos na tentativa de inspirar os universitários. São eles: “Minha Porto Alegre”, de Elisa Bonotto, e “Hack a Town”, de Renata Pacheco Rodeghiero. Ainda na busca por inspiração, os quatro grupos tiveram metodologias parecidas. Os estudantes se reuniram e caminharam pelo campus tentando identificar problemas e, consecutivamente, suas soluções.
O primeiro grupo, formado pelos alunos William Botlender, Julia Names, Leonardo Weeck, Bruna Barboza e Marta Tonel decidiu gamificar as lixeiras. O projeto levou o nome de “Esse lixo dá jogo”. Pinturas nas calçadas guiam pedestres até lixeiras, conscientizando sobre limpeza pública. As latas de lixo foram transformadas no Pikachu, personagem do desenho Pokémon. O trabalho, no aspecto social, também
Para o universitário Leonardo Weeck, do curso de Publicidade, foi gratificante ver o projeto finalizado e as reações das pessoas ao se depararem com a ideia. “Quem participou do projeto adquiriu não só habilidades de design, mas também de cidadania e desenvolvimento comunicacional”, comenta.
O segundo grupo, composto por Kelly Romano, Fernanda Ongaratto, Gabriel Palma, Fernanda Santos e Isadora Salines optou pelo incentivo ao exercício com o projeto “Parada Fit”. Com materiais colados em paradas de ônibus, a ideia estimula a movimentação enquanto o transporte público não chega.
Segundo o estudante de Publicidade, Gabriel Palma, a grande diferença na elaboração do projeto, além de trabalhar junto a estudantes de Design de Produto, foi “colocar a ideia em prática. Normalmente paramos no conceito, então foi bastante desafiador e gratificante”, afirma.
“Se essa calçada fosse minha” é o nome do terceiro projeto. Criado pelos estudantes Eduardo Xavier, Francine Marin, Juliana Costa e Andressa Meinerz, a proposta chama atenção para um problema: as complicações existentes na estrutura física das calçadas ao redor da universidade, em especial a falta de rampas de acessibilidade.
Eduardo Xavier, da Publicidade, diz ter aprendido muita durante o workshop. De toda a experiência, ele cita o ganho da empatia. “Olhar os problemas que para a gente, muitas vezes, pode ser bobo, mas para outros é algo sério”, conta.
Shayane Azevedo, Gabriel Dihl, João Elsner, Estela Freitas e Gabriel Varella são o quarto grupo, que trabalhou com a ideia de colaboração. Em diferentes espaços da universidade, o grupo criou atividades que promovem o contato entre pessoas. O projeto “Interage Unisinos” desenvolveu um jogo dentro dos elevadores, e posicionou um painel na rádio universitária, dando espaço para que alunos escrevam o nome de uma música que pode mudar o dia de alguém.
Para Estela, estudante de PP, o workshop foi uma experiência que agregou conhecimento, em especial tratando-se de estabelecer e cumprir metas. “Foi muito legal porque nos deu uma perspectiva em relação à resolução de problemas e um norte para conseguirmos caminhar na direção certa sem desviar do foco”, explica.
E que venha o próximo
Os alunos foram unânimes ao afirmar que o workshop atingiu as expectativas. Além disso, há um incentivo claro para quem quiser participar de novas edições Hack the city.
“Antes de passar por esse processo, abram suas mentes e se disponibilizem a pensar em uma cidade melhor. Pensem que vocês não precisam de grandes ações para mudar o seu contexto. Tenham coragem de se arriscar e pensem afim de ajudar o outro”, diz Leonardo Antunes Weeck, aluno de Publicidade.
“A dica é ir com muita vontade de botar a mão na massa. Não tem como se preparar, é sempre uma surpresa o que vamos fazer. Tem que ir disposto a trabalhar em equipe, quebrar a cabeça para atender o briefing, ter as ideias mais malucas e encontrar a melhor forma de colocar elas em prática”, afirma Shayane Azevedo dos Passos, da Publicidade.
“A dica que eu dou para quem participar dos próximos workshops é: se dedique 100% ao seu projeto porque o orgulho vem em dobro ao ver o resultado pronto”, aconselha a estudante de PP, Kelly Romano.
Além da universidade
Interessado em saber mais sobre o Hack the city? A Shoot the Shit produziu uma série de vídeos sobre a primeira edição do evento, que ocorreu no Rio de Janeiro, em 2017. Para assistir, é só clicar aqui.
Usar ideias inovadoras e criativas para mudar o entorno de cidades não é exclusiva da empresa Shoot. O canal National Geographic produziu uma série documental em São Paulo acompanhando pessoas que, com e sem incentivo, tentam melhorar o ambiente através do design e da tecnologia. Os episódios estão disponíveis aqui.