O trabalho dos principais cronistas do Brasil ficou mais acessível. O Portal da Crônica Brasileira foi lançado no dia 12 de setembro e reúne transcrições de crônicas de autores como Antônio Maria, Clarice Lispector, Paulo Mendes Campos, Rachel de Queiroz, Rubem Braga e Otto Lara Resende.
A parceria entre o Instituto Moreira Salles (IMS) e a Casa de Rui Barbosa, que têm os textos nos acervos, foi o que motivou a criação do portal. Mais crônicas e autores ainda serão adicionados ao site, que já tem 2.527 itens. Entre os escritores que entrarão no portal, estão Carlos Drummond de Andrade, Fernando Sabino, Mário Quintana e Vinicius de Moraes.
O acervo dessas instituições é rico com textos de grandes cronistas, mas antes era acessado somente por pesquisadores e especialistas da área. Agora, com o portal, as crônicas ganham mais visibilidade. As décadas de 1950 e 1960 são consideradas a Era de Ouro da Crônica e os autores da época, que ganhavam destaque em jornais, foram os primeiros a entrarem para o site.
O que são as crônicas
Com base nos fatos do cotidiano, as crônicas são um gênero de narrativa em primeira pessoa e tom informal. Em muitas vezes, os leitores se identificam com as situações retratadas nas crônicas, por isso a leitura é leve, divertida e prazerosa. Elas são muito presentes, desde sua origem, em jornais, revistas e livros.
Segundo a professora dos cursos de Comunicação e Letras da Unisinos, Mariléia Sell, as crônicas são bastante trabalhadas em sala de aula, por dialogarem com as áreas da comunicação e terem uma leitura leve.
A argumentação também é algo presente nas crônicas, por isso elas são usadas para ensinar a convencer o leitor e formar um ponto de vista. “Temos cronistas maravilhosos na atualidade, nas diferentes mídias, e é um gênero que os alunos gostam. Sempre trata de questões da atualidade e se presta para infinitas coisas dentro da sala de aula”, relata a professora.
Crônicas no Jornalismo
A história das crônicas no Brasil começa no final do século XIX, quando elas apareciam no final de folhetins e jornais. Machado de Assis e Rubem Braga ajudaram a popularizar o gênero, que tem afinidade com o jornalismo por retratar situações de diversos tipos de pessoas. Atualmente, Luis Fernando Veríssimo é um exemplo de escritor de crônicas que publica seus textos em jornais e na internet.
Existem diversos cronistas na atualidade que são jornalistas. Mariléia ressalta que, com esse gênero textual, quem escreve não precisa seguir o rigor jornalístico e tem mais liberdade para se expressar. A professora inclusive escreve crônicas que abordam temas da atualidade, sob esse viés de mais leveza. “A pessoa tem mais liberdade para apresentar um ponto de vista. É um texto que pode trazer todos os temas da atualidade”, comenta.
Estudantes e profissionais que gostam de crônicas já podem conferir os materiais disponibilizados e ter exemplos para suas próprias produções textuais. Com a internet, é possível que acadêmicos publiquem suas próprias crônicas e construam seu portfólio, usando plataformas como o Wordpress, Blogger, Medium ou Tumblr. Por isso sites como Portal da Crônica Brasileira devem ser vistos com frequência para servirem como boas referências.