Nascida em Sapucaia do Sul, Tais Flores da Motta é professora e coordenadora do curso de Relações Públicas da Unisinos. Também dá aula para o curso de Publicidade e Propaganda, é doutoranda em Comunicação e mestre em Ciências da Comunicação, também pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos.
A professora prestou vestibular para Jornalismo, na Unisinos, e foi aprovada. Após dois semestres, conheceu o curso de RP. “Pedi transferência interna de Jornalismo para Relações Públicas. Acho que é uma realidade de muitos alunos de RP, inclusive”, revela Tais. Apesar de gostar da área de jornalismo, publicidade e demais profissões da indústria de comunicação, foi com Relações que ela teve o sentimento de paixão.
Tais procurava sempre participar de atividades no curso. Nas férias, estagiava em dois locais diferentes. Lidava com atendimento, eventos e chegou a trabalhar em um laboratório de informática da Unisinos. “Tudo o que eu podia, tentava contribuir na parte da comunicação”, comenta. “Quando estive no laboratório, trabalhava no Unilínguas, que é um instituto de idiomas e tinham vários eventos. Eu sempre pedia paras minhas gestoras deixarem eu organizar e ajudar no evento porque era prazeroso para mim”, relembra.
Ela desenvolvia atividades que não estavam exatamente no escopo de sua função, mas que permitiam colocar em prática o que aprendia na sala de aula. Além dos estágios, Tais fez cursos em diversas áreas, um deles envolvia instalação de rede de computadores. “Naquela época, eu tinha bastante fôlego, era mais jovem. Fazia cursos no vespertino, tinha aula de noite e tudo o que aparecia de oportunidade eu ia fazendo”, conta.
Em relação aos professores que marcaram sua trajetória, ela comenta sobre a estada na Agexcom. “Eu fui aluna da Nadege, depois trabalhamos juntas na Agex. Tenho um carinho enorme por ela, não só pela questão profissional, eu aprendi a ser professora com ela”. Relembra também a relação com a ex-professora da Unisinos Thais Furtado. “Ela coordenava a Agex, eu trabalhava ali. Tínhamos muitas oportunidades e liberdade de criar. Ela fazia a gestão da agência e sempre buscava o novo. Aprendi muitíssimo”, afirma Tais.
Agora, como coordenadora do Curso de Relações Públicas, Tais acredita estar trilhando novos desafios. “É uma atividade totalmente diferente. Aprendo coisas que não sabia, não tinha noção do que um coordenador fazia”, ela fala. Apesar de ter trabalhado seis anos na gestão da Coordenação de Eventos da Universidade e conhecer muitos dos funcionários, Tais destaca que a relação com os alunos é o que mais mudou. Como professora, ela tinha uma visão. Agora, coordenadora, enxerga uma outra realidade dos estudantes. “Quando a gente é professor, tem uma proximidade com os alunos, mas agora eu consigo conhecer uma outra realidade deles, é uma outra relação”. Entrou na coordenação no início desse ano e assume que “aqui na coordenação, aprendo todo dia, tentando fazer o melhor”.
Uma infância, diversos lugares
Taís da Motta morou em diversas cidades do Brasil. Seu pai trabalhava para uma rede de hotéis e, a cada projeto novo, existia um novo lugar, uma nova casa e uma nova cultura a ser conhecida. Manaus, São Paulo, Belém do Pará foram algumas das cidades por onde passou. As mudanças foram tantas que, ainda pequena, aprendeu a se desapegar. “Algo que as outras pessoas acham negativo, mas eu acho positivo. Criei uma espécie de proteção. Cada vez que eu mudava, pra não sofrer, eu me desapegava muito rápido das coisas, não deixava rastros”, conta.
“Minha mãe dizia ‘Tais, pega o endereço da tua amiga para mandar carta”, e eu respondia ‘não, quando eu for embora eu não quero mais falar com ela’, conta. Segundo Tais, isso tem impacto positivo na atualidade. “Hoje eu consigo deixar as coisas para trás e assumir um novo desafio, uma nova oportunidade, de outra forma”, fala. Outro ponto importante das mudanças foi a curiosidade e o aprendizado. Tais sempre teve interesse em descobrir culturas e pessoas diferentes e atribui isso às viagens realizadas.
A relação com a família sempre foi muito boa. Ao todo, são quatro irmãos, um mais velho e o casal mais novo. “Nós somos um ‘familião’, acho que justamente porque a gente se mudava muito e contava uns com os outros. Somos assim, muito unidos até hoje”, conta. Por mais que não morem juntas, ela liga todos os dias para falar com a mãe, com quem tem uma relação de grande cumplicidade. “Continuo sendo a filha dela. Aquilo de ‘pega um casaquinho’, ‘te cuida’, ‘não trabalha tanto’, uma relação boa assim. Não é uma obrigação ir lá na casa dela, eu gosto de ir e faz parte da minha rotina saudável, uma coisa boa”, comenta.
“Um hobby? Eu gosto muito de assistir a séries e de coisas manuais, não sei se é porque minha mãe sempre foi artesã. Eu gosto de ficar com ela lá, ela é costureira, então a gente inventa umas coisas”, fala Tais que, atualmente, precisa encontrar brechas no seu tempo, entre trabalhar 40 horas por semana e seu doutorado, para cultivar plantas e cuidar do seu jardim.
Ao ser questionada sobre o que sonhava ser quando criança, ela permanece em silêncio revirando as memórias. “Acho que todo mundo na vida tem um momento que quer ser professora”, ela fala, mas não associa esse sonho de infância à profissão atual. Com 16 anos a “superboa aluna”, como se autodenominou, terminou o Ensino Médio e pretendia ficar um ano sem estudar para curtir a vida. A mãe, não contente, pediu que a moça prestasse o vestibular. “Eu não sabia o que queria fazer. Uma amiga disse que eu tinha cara de comunicação e fiz o vestibular para Jornalismo”, comenta salientando o estereótipo de quem fala demais atribuído aos comunicadores.