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#TEDxUnisinos: Alexandre Pereira
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Existem três grandes feriados na China. Um deles engloba o Natal e o Ano Novo. Geralmente, os estrangeiros que vivem lá costumam tirar proveito dessas datas para conhecer o país e destinos próximos. Enquanto morava lá, em 2004, Alexandre Pereira, professor do curso de Gestão para Inovação e Liderança na Unisinos, aproveitou o período e viajou para a Tailândia 

No dia 26 de dezembro de 2004, por volta das 6h, ele acordava na ilha de Phuket e se deparava com a TV ligando sozinha. Ele não suspeitava que a causa do fenômeno era um terremoto submarino que, mais tarde, seria responsável por mais de 230 mil mortes. 

Alexandre Pereira foi um dos sobreviventes do tsunami que atingiu diretamente 15 países. Quando lembra do ocorrido, brinca que tem duas datas de aniversário: 18 de maio de 1971 e 26 de dezembro de 2004. A frase “Eu sou um cara de sorte” (I’m a lucky man), da banda de rock britânica The Verve, é uma das formas que Alexandre encontra para explicar o fato de poder, hoje, contar a própria história. 

O professor se salvou da tragédia porque no dia do ocorrido optou por fazer um passeio. Por volta das 9h, ele e a ex-esposa esperavam pela embarcação que os levaria até as ilhas Phi Phi. O cenário no píer chamou atenção. Três cães inquietos, agitados sem motivo. Havia também um menino tailandês, na faixa dos cinco anos, observando o mar com semblante de profunda tristeza e mãozinhas apertadas contra o peito.  

As 9h15, o passeio começou em direção à ilha. As 9h31, o píer não mais existia. “Nesse trajeto de 16 minutos, o motorista da lancha recebeu uma mensagem no rádio dizendo “permaneçam onde estão, não voltem pro continente. A cidade está toda destruída por uma onda de tsunami”. Uma hora depois, veio um barco da marinha tailandesa nos resgatar”.  

Alexandre Pereira na H2Hub / Foto: Reprodução

Sobreviver não foi o suficiente para Alexandre. Por três dias, ele trabalhou em um campo da Cruz Vermelha. “Naquele momento, eu me sentia tão grato de estar vivo que decidi ficar aqui e ajudar”. Ele foi responsável por atender os sul-americanos, australianos e espanhóis em um espaço limitado e sem recursos. Um mexicano usando uma camisa da seleção brasileira foi a forma encontrada para mostrar que aquela área atendia determinadas etnias. Escrevendo a palavra “Latinos” nela, Pereira pendurou a camiseta como uma bandeira sinalizadora. 

Para Alexandre, sua vocação empreendedora foi essencial durante todo o percurso. Mobilizar inovatividade, proatividade, autonomia, gestão de redes, de riscos e uma agressividade competitiva, segundo ele, são competências presentes em sua história, principalmente quando se dispôs a ajudar outras vítimas. “Hoje eu tenho realização e convicção que a docência via Unisinos e todas as minhas outras ações, seja por H2Hub ou sem nenhuma estampa institucional, a orientação empreendedora está lá.”  

Reencontrar a família no Brasil foi um momento de celebração, renascimento e reconstrução. “É impressionante como esse evento modifica as fronteiras de percepção da gente. Eu acho que tenho uma grande responsabilidade de vida. É celebrar cada novo dia podendo entregar algo de valor pra quem convive comigo”. 

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