Com diversas características, como cor, aroma, acidez e doçura, o vinho é quase uma unanimidade para aqueles que apreciam bebidas finas. No inverno, é considerado por muitos a combinação perfeita para pratos quentes, queijos e massas, sendo ideal em diversas ocasiões e lugares. E essa bebida tem uma vasta história, que começou há cerca de 8 mil anos no leste do Mar Negro, mas se popularizou na Europa em 600 a.C. Em sua origem tinha espaço reservado nas mesas de famílias nobres, mas, segundo o enólogo e professor da Unisinos Maurício Roloff, passou a fazer parte do cotidiano das pessoas, virando moeda de troca, item de desejo, instrumento de celebração religiosa e até como ferramenta medicinal.
Sendo uma das primeiras descobertas humanas no campo da química, a produção de vinho, por incrível que pareça, ocorreu por acaso. Mas hoje há uma ciência que estuda profundamente a elaboração da bebida, assim como a parte econômica: a enologia. “O vinho surgiu quando alguém tentou estocar uva ou suco de uva, criando o ambiente para a ação das leveduras provocarem fermentação alcoólica. Ao perceber que o suco fermentado era diferente, pela presença de álcool, os “descobridores” passaram a tentar controlar o processo. E assim começa a se desenvolver a enologia”, conta Roloff.
A enologia é responsável por estudar e compreender todo o processo de produção dos mais diferentes vinhos, desde o plantio das uvas, o envelhecimento em barricas de madeira, até o produto final nos comércios regionais. Porém, às vezes há confusão sobre as funções do enólogo e do sommelier, que são profissões distintas. “O enólogo é o profissional que elabora vinho. E aqui entendem-se todos os tipos de vinhos: espumantes, fortificados (vinho do porto) e tranquilos (os tintos, brancos e rosés). O sommelier é o especialista na degustação e no serviço do vinho, que faz a interface entre o mercado e o consumidor”, explica Roloff.
Apesar do termo enólogo não ser tão difundido, esta área abrange desde conhecimentos de agronomia até administração e marketing. No Brasil, o mercado está em crescimento, principalmente com a expansão dos polos vitivinícolas brasileiros. Roloff reforça que a qualidade dos vinhos brasileiros cresceu enormemente nos últimos anos, e hoje a demanda é crescente. “Muitos profissionais com essa formação são requisitados para outras atividades do segmento além da elaboração de vinho em si, como áreas comerciais, de promoção, de análise (como laboratórios), entre muitas outras”.
O Rio Grande do Sul é o estado brasileiro com a maior tradição na produção da bebida e cerca de 20 mil famílias estão ligadas à cadeia produtiva da uva e do vinho, tendo-a como principal fonte de renda. Na Serra Gaúcha, principalmente devido à concentração de descendentes de imigrantes italianos, os responsáveis por fundamentar a indústria brasileira de vinhos, as mais conhecidas vinícolas estão instaladas. Ainda segundo o professor da Unisinos Maurício Roloff, o setor se modernizou muito nas últimas três décadas, contribuindo com o interesse de novos investidores e empreendedores. “Por isso, ainda é vista como uma indústria jovem, em consolidação e com grande espaço para crescimento”, acrescenta.