(Colaboração: Luiza Soares)
Em 2015, a União das Nações Unidas (ONU) lançou 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODSs) para serem alcançados por todos os países até o ano de 2030. A 3ª edição da Virada Sustentável, sediada na cidade de Porto Alegre, reuniu painéis de debates e atividades sobre todas as ODSs. Na sexta-feira (06/04), um dos pontos de encontro foi o campus da Unisinos na cidade, onde o oitavo andar do prédio reuniu dezenas de pessoas em diferentes salas, com o objetivo de compartilhar conhecimentos e ideias sobre diferentes temas.
Na mesa “Erradicação da Pobreza e Redução das Desigualdades”, o engenheiro metalúrgico e professor da Unisinos Carlos Moraes mediou a fala de três participantes, que abordaram temas como desigualdade, pobreza, desafios da educação e oportunidades. A ideia era que cada convidado realizasse uma fala inicial, com cerca de 20 min, e lançasse questionamentos ao público. Depois deste primeiro momento, foram feitos grupos de debate e, ao final, ideias foram lançadas para a turma.
O professor Antonio David Cattani abriu a conversa. Ele trouxe problemáticas quanto ao entendimento comum de que a riqueza é almejada e a pobreza desprezada. “A riqueza é vista como algo positivo e a pobreza um problema. Até um tempo atrás, a própria ONU falava em ‘combate à pobreza'”. Ele intrigou os presentes ao levantar a dúvida sobre a verdadeira origem das grandes fortunas no Brasil, o pagamento de impostos dos retentores desta riqueza e a distribuição de renda.
“Como resolver este problema (pobreza) se ele depende do mesmo sistema político que protege os ricos?”. Cattani trouxe a ideia de que este quadro dificilmente será mudado com pequenas atitudes individuais e contou sua experiência com projetos com este objetivo. Ele disse que cada sistema tem suas dificuldades de mudança por ser macro, mas não desestimulou os presentes em almejarem mudanças.
Seguindo a linha de pensamento, a gestora ambiental Joice Pinho Maciel trouxe dados sobre catadores de resíduos do Brasil e, em especial, do Vale do Rio dos Sinos. O perfil socioeconômico e político da classe de trabalhadores, trazido por ela, ajudaram os presentes a pensar em sustentabilidade. Ela trouxe os dados de que 90% de todo material reciclado no Brasil passa pelas mãos de catadores, e lançou a certeza de que estes profissionais são explorados ao longo da cadeia.
Para finalizar as falas, o professor de história Rodrigo Nickel apresentou a rede Emancipa, que é um movimento social de emancipação escolar. Uma das principais ideias defendidas pelo grupo é universalização da universidade, que poderia ser conquistada através da extinção de vestibulares para o ingresso em cursos de educação superior. Ele proporcionou ao público uma dimensão do trabalho da rede, que hoje conta com cerca de 10 mil pessoas envolvidas com o trabalho em todo o Brasil. O projeto, que começou com cursinhos pré-vestibulares, hoje trabalha com temáticas como feminismo e antirracismo.