Com uma incrível voz calma e jeito suave, Castello Branco contou e cantou um pouco de si mesmo no TedxPortoAlegre, na manhã de quinta-feira (22). Fez um passeio na memória pelos anos que esteve em um monastério até chegar em seu contato com a música eletrônica. Quando criança, Lucas Domênico Castello Branco Gallo morou com mãe em um monastério. Como cresceu no ambiente religioso, seu primeiro contato com a música foi através dos mantras que ecoaram por toda a infância.
Aos 16, se mudou para a cidade. Porém, nunca se distanciou da raiz espiritual. Em 2013, lançou o primeiro álbum, “Serviço”. Após, em 2016, escreveu o livro “Simpatia”. Com o tempo, conheceu muitas pessoas, dentre elas, alguns DJs. Foi assim, fazendo amizades e tocando em festas eletrônica que pegou intimidade com os sintetizadores e lançou o elogiado “Sintoma”, no ano passado.
“Foi num festival na Bahia que falei que o DJ é um novo poeta”, conta o músico sobre um episódio no qual foi bastante contestado. Sua experiência com o estilo eletrônico é bastante profunda e ele defende que os músicos do meio devem envolver mais o sentimento e ter mais profundidade no seu som: “utilizam o sintetizador de maneira muito pequena”, comenta criticando. Ele explica, comparando o mercado da música eletrônica com a indústria alimentícia: “A gente faz isso, banalizar um consumo que mata a gente”.
Ainda na palestra, Castello afirmou que para ele “poesia é como a gente sintetiza um sentimento”. Segundo ele, a síntese trabalha com repetição e frequência. O ser humano, por outro lado, se relaciona com tudo isso. Por ter passado a infância cantando mantras, ele entende que “a repetição leva ao entendimento do infinito”. “Os sintetizadores no álbum ativam o chacra”, fala. Sua relação com a música é uma forma de oração ao infinito.
“Sintoma” contém o yin e yang de Castello, misturando o lado mundano com o espiritual. Em entrevista para o Mescla, ele contou que seu estilo musical é o “ufolclore”, ideia de um amigo. O nome é a junção de “UFO” (sigla da língua inglesa que significa “objeto voador não identificado”), que traz a questão mística, astral e do universo, com a palavra “folclore”, que é mais terrena e o deixa presente no chão.
Quando perguntado sobre o porquê de seus trabalhos serem batizados com palavras iniciadas pela letra “s”, ele responde que não tem nada místico por trás. “Sempre tive algo com esse som da letra, mas confesso que não tem relação. O que aconteceu foi que eu ficava pensando em qual nome dar e acabava sempre voltando a uma palavra com a letra”.