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Estrangeiros de si mesmo
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Verônica Stigger pode ser definida como escritora, professora, jornalista, crítica de arte ou como uma pluralidade de ações, funções, ideias e questionamentos. E foi por meio desses questionamentos que ela conduziu a sua fala no TEDxPortoAlegre, na última quinta-feira, dia 22. A primeira palestra da manhã tinha como objetivo deixar o público inquieto ao perguntar “O que é – ou quem é – esse que chamamos de estrangeiro?”

Definido como adjetivo substantivo masculino nos dicionários, ser “estrangeiro” é, na verdade, muito mais que isso. Não apenas um modo usado para explicar as manias, trejeitos ou diferenças de uma pessoa, mas, sim, “uma condição variável” que depende do local e do tipo de pergunta que nos propomos. De uma forma simplificada e teórica, ser estrangeiro é explicado por uma situação de “estamos fora da nossa nação, ou fora de nosso lugar de origem”, dizia Verônica.

Foto: Rodrigo W. Blum

Como uma turma de aula atenta, a plateia embarcava nos questionamentos que davam ritmo ao talk da professora. “Qual é o nosso lugar de origem? Brasil? O que é isso que chamamos de Brasil? Existe apenas um Brasil?”, ela indagava. E através da dúvida se descobria uma infinidade de Brasis dentro de um só local. Diferentes climas, culturas, línguas, sotaques, condições sociais escancaravam que, de uma forma ou de outra, um país nunca é uma unanimidade.

“O que existe é uma imagem de Brasil”, definiu Verônica. Para explicar essa imagem, a escritora citou o professor e doutor Homi Bhabha. “A questão da identificação nunca é a afirmação de uma identidade pré-dada, pré-definida, […] é sempre uma produção de imagem […] e a transformação do seu sujeito ao assumir essa imagem”.

Foto: Rodrigo W. Blum

Expressando que cada estrangeiro leva em si suas marcas, mas todos tem em comum a impossibilidade de voltar para o mesmo local do qual saíram, Verônica nos mostra que podemos ser estrangeiros em nosso próprio país, cidade ou bairro. “Depois de deslocados, todos somos em parte estrangeiros, pois não conseguimos voltar para a cidade em que deixamos. Como não fiquei aqui, não pude acompanhar as mudanças. Logo, a cidade que deixei já não existe mais”, sintetizou ela.

“Estar em trânsito, estar em deslocamento é a condição definidora do homem moderno”, explicou Verônica. A conclusão desse cenário é que, assim como a arte “não nos definimos pelo pertencimento, mas sim pelo estranhamento”, finalizou.

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